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“A banda que mistura rock com ritmos gaúchos e se apresenta como um grupo de palhaços”

“O Estado de S. Paulo” – Rock and roll circus

A banda que mistura rock com ritmos gaúchos e se apresenta como um grupo de palhaços

 
Marcio Pinheiro – Especial para o Estado – O Estado de S.Paulo
 

Música de palhaço não é palhaçada. É clown music. E é coisa séria – sem perder o bom humor. Esta é a proposta da Bandinha Di Dá Dó, performático quarteto dos palhaços Cotoco, Teimoso Teimosia, Horizonte e Zé Docinho que têm Porto Alegre como base mas – seguindo os ensinamentos mambembes e circenses – sabe que a arte deve circular bastante. O que eles fazem é clown music, “uma música simples, embalada, alegre, para cima, em que o humor é muito importante assim como a alegria, a felicidade e – também por que não? – um pouco de melancolia”, como explica Paulo Zé Barcellos, alter-ego de Zé Docinho. Por enquanto, a proposta está sendo bem aceita. Na estrada desde 2005, o grupo – formado pelos atores/músicos Mauro Bruzza, Thiago Ritter, Ed Lannes e Paulo Zé Barcellos, todos artistas com extenso currículo e experiência em teatro, circo, música – vem se destacando pelas apresentações ao vivo e também pelas trilhas sonoras compostas para espetáculos de teatro e circo, como as feitas para o Grupo La Chalupa (resultado de uma parceria entre artistas do Chile e do Brasil).

Agora, boa parte destas ideias musicais estão condensadas no primeiro disco da banda. O trabalho é produzido pelo músico Arthur de Faria e conta com a participação de convidados como Hique Gomez (da dupla Tangos & Tragédias), Márcio Petracco, Luciano Leães, Cláudio Levitan, Julio Rizzo, Bebeto Mohr, Marcelo Birck e Paula Finn. “O CD ficou como queríamos e já estamos com repertório para o segundo disco”, diz Paulo Zé. “Vamos continuar fazendo shows e pretendemos gravar um clipe oficial. Se tudo der certo, projetamos um tour pela Europa em julho.”

O disco é uma confluência de vários caminhos. “Como somos autodidatas, muitas das músicas surgiram de exercícios práticos de quando estávamos aprendendo a tocar os instrumentos”, reconhece Paulo Zé. Se a música tem muito de espontânea, a intenção do quarteto ao batizar o grupo e muitas das canções (Panãnã em Mi, Dó Minguado, Chica Tulipa,Vai Cavalo e Refamiliarada) foi na mesma linha. Dessa forma, o nome surgindo quase por acaso: “Fomos atração de um cabaré de variedades que deveria ter apenas uma edição. Quando foi anunciada a continuidade, o público passou a perguntar se iria ter aquela Bandinha Di Dá Dó e pedia por ela. Daí resolvemos adotar o nome”, confirma Paulo Zé. Porém, além do caráter de improviso, os integrantes da Di Dá Dó também se interessam por sonoridades mais elaboradas. Assim é possível notar semelhanças com músicas do folclore alemão e italiano – muito presentes na cultura gaúcha – e também de sons celtas e do leste europeu. O gipsy-punk dos novaiorquinos do Gogol Bordello e o bósnio Goran Bregovic também podem ser relacionados como influências.

Se a música já tem grande força, a performance dá uma dimensão ainda maior. “Estes sons, quando misturados aos efeitos cênicos, colocam a banda e o público em um nível horizontal em que um depende do outro para que tudo dê certo”, diz Paulo Zé a respeito da interatividade do grupo com a plateia. “Quando tu pegas um espetáculo absolutamente impactante pelo visual e pela performance, como o deles, e reduz para disco, tu tens de dar algo em troca, para compensar”, explica Arthur de Faria. “Foi o que eu fiz: primeiro ensaiei eles bastante, mudei arranjos, cortei coisas, acrescentei outras, fui fundo nos detalhes. Aí gravei todos juntos. Depois refizemos umas poucas coisas e acrescentamos um pequeno batalhão de convidados em que todos, sem exceção, têm muito a ver com a sonoridade”.

Um destes convidados, Hique Gomez, dá sua opinião sobre o grupo: “É uma banda de clowns, com uma ideia na cabeça e uma torta na mão. São parentes invertidos de Kraunus e Pletskaya (do Tangos & Tragédias)”. E deseja: “Que o Grande Clown do Universo destine a cada um deles e sua casca de banana. E que eles saibam para todo o sempre rirem de si mesmos. Ah sim…e que continuem tocando e cantando cada vez melhor!”

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