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Festival Fringe prepara festa em 2022
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Ivy Fernandes, de Roma
O Fringe, de Edimburgo, na Escócia, é o maior e o mais longo festival de artes cênicas do mundo. Em 2020, não teve o festival em razão da pandemia. Esse ano voltou a cena de 6 a 30 de agosto, com cerca de 400 espetáculos ao vivo e com transmissões online – o que representa queda significativa em comparação com 2019 que teve em torno de 4.000 espetáculos ao vivo.
O Fringe 2021 foi diferente também pelos locais escolhidos para as apresentações que aconteceram em estacionamentos, pistas de corridas, tendas e florestas. Mais: contou com espetáculos circenses internacionais com transmissões online. Entre elas, o espetáculo filmado do grupo canadense 7 Fingers ou Le 7 Doigts de La Main (Os 7 dedos da Mão). O governo do Quebec, o Fringe lançaram um programa conjunto, o Quebec@EdFringe em que espetáculos circenses com grande número de artistas puderam ser visto pelo público por meio de acessos pela internet.
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Save the Fringe

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Shona McCarthy, chefe Executiva da Fringe Society do Festival de Edimburgo, afirma que “tradicionalmente, o final de agosto, no calendário Fringe, é dia de balanço: quantos shows aconteceram, quantos ingressos foram comprados e quantas pessoas prestigiaram os eventos. Shona destaca que gostaria de parar de definir o sucesso por estatísticas. “O Fringe, na minha opinião, deve ser definido pela qualidade do trabalho. E o que estamos ouvindo dos artistas e do público, em geral, é que o Fringe 2021, apesar de suas limitações, foi bem-sucedido”.
Ela acrescenta: “Quando as inscrições abriram em maio, não tínhamos como saber como seria este verão. Hoje, celebramos cada um dos espetáculos que foi apresentado. Gostaria de agradecer pessoalmente e parabenizar a todos que fizeram isso acontecer, assim como ao nosso público, patrocinadores e apoiadores que nos animaram e ofereceram o apoio tão necessário durante este ano bruto e complicado.”
Shona destaca que ainda há muito trabalho a ser feito para garantir a recuperação total do Fringe. “Ao lançarmos nossa campanha Salvem o Fringe pedimos a todos que nos ajudem a dar força e energia a este fantástico festival.”
E já parte para o próximo. “O próximo Fringe vai acontecer de 5 a 29 de agosto de 2022 e vai ser maior e melhor para compensar e comemorar os 75 anos da criação do festival.”
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Motor de criação do Fringe

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Na arte circense – que foi o motor da criação do Fringe – duas companhias se destacaram: a Flip Fabrique com Six – engenhosa comédia física acrobática e Blizzard – jornada poética e corporal do encontro consigo mesmo.
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Já a Machine de Cirque viu o circo invadir o museu. Sete acrobatas e um músico fizeram uma exposição que abusa dos movimentos e das cores. Alquimia e acrobacia definem o espetáculo.
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Outro espetáculo que chamou a atenção foi apresentado no Fringe por dois artistas da companhia Circolombia. Ves-tígios é a primeira “performance íntima” da Circolombia.
Com sede em Bogotá, os artistas de circo da Circolombia se apresentaram no Fringe, em 2018, com o espetáculo Acelere – que conta com grande elenco e que esteve também no Brasil no Festival de Circo do Sesc.
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Shiva´s Caminho
Nas apresentações ao vivo, o encanto veio do Oriente com os bailarinhos do Caminho de Shiva – Shiva´s Caminho – Dance, Physical Theatre and Circus que apresentaram uma mistura de Ceilidh escocês (dança e música escocesa) e dança clássica indiana
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Funeral Flowers
Entre as peças foi possível assistir também com transmissão on line o Funeral Flowers. Escrita e produzida por Emma Dennis-Edwards, a peça conta a história de Angelique, jovem de 17 anos, que quer ser florista e luta para alcançar o sucesso. Vida difícil, com a mãe na prisão e homens ao redor dela como se fossem lobos. A apresentação oscilou com pontos altos e baixos. Valeu pelo esforço ainda que o público não pudesse sentir o perfume das flores.
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Sweet F.A.
Quem levantou a plateia foi Sweet F.A. que fala sobre um grupo de mulheres que formou o primeiro time de jogadoras de futebol feminino na Escócia. Encenada em um campo de futebol, sob a arquibancada do Tynecastle Park, a casa do Heart of Midlothian FC, a peça mostra as jogadoras – operárias de uma fábrica- que passam a recolher fundos com o futebol para ajudar pais, maridos, irmãos, filhos e amigos que foram lutar na Primeira Guerra Mundial 1914/18. Na época da formação do time, elas foram duramente criticadas pelas autoridades escocesas do futebol, que acabaram por conseguir, por meio de legislação, proibir o jogo feminino por mais de 50 anos – apesar de à época, o time ter conquistado o público e feito sucesso.
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Doppler
Doppler foi encenada em um bosque de propriedade do National Trust of Scotland, com o público sentado em troncos de árvores colocadas ao redor de uma fogueira, ao som de pássaros e animais. A peça conta a história de um homem que vira as costas ao mundo porque odeia as pessoas e o consumismo. Doppler, para o ator Keith Fleming que desempenha o papel, é um homem contemporâneo, falido, ou apenas um homem do atual tempo falido.
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Ausências notáveis
Os intérpretes mais renomados do vasto panorama artístico Internacional, sempre presentes no Fringe, este ano mantiveram-se distantes – em função da pandemia e do corte de verbas.
Exceção feita ao cômico Mark Watson, popular no Reino Unido, e que ofereceu uma hora de risadas em uma tenda improvisada com “This can´t be it”. Em uma das cenas ele faz reflexão futurista sobre o fato de circunstâncias caóticas o terem levado a um site que prevê com que idade ele vai morrer. Espetáculo diferente no Fringe que geralmente privilegia o público com distração e alegria. Desta vez, com risadas e reflexões.