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Respeitável público aprova Palco do Circo
Luciana Gandelini, especial para Panis & Circus
O analista financeiro Fernando Machado, acompanhado de sua filha Laura Beatriz Machado, de 6 anos, afirma ter se divertido muito com a dupla do Circo Amarillo, Marcelo Lujan e Pablo Nordio, que se apresentaram no Palco Circo, na Virada Cultural, em São Paulo. “Eu dei muita risada com esses dois. Acho até que me diverti mais do que a minha filha, que é criança.”
Por sua vez, a professora Francine Soares, afirma que “curtiu muito quando Nora (personagem da artista argentina Caterina Steffanoff, do Latin Duo) “sai tocando bumbo e saxofone e percussões ao mesmo tempo e traz a tiracolo o companheiro Cholo (papel de Rodrigo Moller, peruano) um malabarista sério que não resiste às trapalhadas de Nora”.
Para Clarissa Leite, professora de inglês, a performance dos Irmãos Becker foi “surpreendente e entusiasmou a plateia”.
O Palco do Circo montado na Virada Cultural, localizado na Praça Dom José Gaspar, na República, centro de São Paulo, contou com boas apresentações que conquistaram o público. Apesar do frio, adultos e crianças marcaram presença em todas as apresentações no local. O público ficou acomodado em um grande corredor de cadeiras com cercas ao lado – o que em alguns momentos chegou a dificultar a interação dos artistas com a plateia. Mas, os artistas driblaram os empecilhos e ganharam aplausos.
O Panis & Circus esteve na 14ª edição da Virada Cultural e conferiu apresentações no sábado 19/4 e domingo 20/4.
Latin Duo: viagem pelos costumes argentinos e peruanos
Latin Duo veio da Argentina especialmente para participar da Virada Cultural apresentando o espetáculo “Se Desconcierta El Concierto”. Formado por Caterina Stefanoff, que é argentina e Rodrigo Moller, que é peruano, o grupo apresentou um divertido espetáculo, que convidou o público para uma viagem pelos costumes das nacionalidades de seus integrantes, com humor, malabarismos, acrobacias, números de equilíbrio e música ao vivo.
A dupla contou com uma grande participação do público que interagiu do início ao fim da apresentação e se divertiu com a personagem Nora, uma musicista maluca, nascida de uma bolha de sabão, que carismática envolveu a plateia com suas brincadeiras. E contou com seu companheiro Cholo, um malabarista sério, dedicado e com um cômico ar de superioridade, que sempre era desconstruído com as trapalhadas de Nora.
A plateia ficou surpresa com a virtuosidade apresentada por Cholo em seus números, como quando fez malabarismos com sete bolinhas ao mesmo tempo, criando um clima de suspense. Após cada número apresentado por Cholo, a plateia já caia na gargalhada com a extravagância de Nora, que chegou a tocar três instrumentos musicais ao mesmo tempo, utilizando pés, mãos e outras partes do corpo.
Entre paqueras e atrapalhadas, que envolviam a interação dos dois artistas, Nora e Cholo percorreram uma jornada divertida com a plateia. Foram apresentados números de malabares de rebote, monociclo, equilíbrio, música e comicidade. Um espetáculo leve, apresentado no sábado 19/5, e que divertiu o público:
“Adorei a parte em que a Nora saiu tocando bumbo, junto com o saxofone e algumas percussões. Sem contar a parte do malabarismo! Eles são realmente muito habilidosos”, comentou Francine Soares, 33 anos, professora.
Circo Amarillo: dupla divertida se infiltra em meio a plateia
Os artistas Marcelo Lujan e Pablo Nordio com seu Circo Amarillo apresentarem o espetáculo Experimento Circo, baseado no formato do circo tradicional de rua, às 14 horas, no domingo 20/5.
O espetáculo conta a história de artistas mambembes que se multiplicam em diversas funções para apresentar uma série de números inspirados na tradição circense.
O público da Virada Cultural se divertiu com a dupla que chegou a se infiltrar em meio à plateia simulando um jogo inusitado de adivinhações, recrutando pessoas para subirem ao palco para participar.
A apresentação mesclou expressões teatrais, música, dança e técnicas circenses como acrobacias, diabolô (espécie de carretel que se atira ao ar e se equilibra em fios) e malabarismo, com destaque para os números com fogo, executados com ousadia e perfeição por Pablo, enquanto Lujan executava a trilha sonora com um trompete.
O bom humor e a comicidade foram pano de fundo para números de extrema virtuosidade que agradaram a plateia.
A química e sintonia entre Marcelo e Pablo cativaram e estabeleceram cumplicidade com o público, que ao final da apresentação aplaudiu muito a dupla.
Com mais de vinte anos de estrada, o Circo Amarillo cria espetáculos que apresentam técnicas tradicionais de circo combinadas com linguagens artísticas contemporâneas, e é um dos grandes nomes da cena atual do circo no Brasil.
Fernando Machado, 41 anos, analista financeiro, acompanhado de sua filha Laura Beatriz Machado, de 6 anos, se divertiu e deu boas gargalhadas durante todo o espetáculo: “Eu dei muita risada com esses dois. Eles assumem fisionomias engraçadas, dá vontade de ver o que eles vão aprontar. Acho até que me diverti mais do que a minha filha, que é criança. Muito legal ver que eles são artistas ótimos com malabarismo, acrobacias, mas também são muito bons atores. Eu gostei muito!”
Irmãos Becker surpreendem pela sincronia
Os Irmãos Becker apresentaram às 16h00, o espetáculo Circo Malabarístico. Eles exploraram a criatividade, a plasticidade e a diversidade de materiais em diferentes números de malabares que envolveram o público da Virada que, por muitas vezes, ficou boquiaberto com o grau de dificuldade dos números e habilidade nas execuções.
Os artistas são malabaristas cômicos que, além das tradicionais bolas e claves, incluem no espetáculo os mais variados objetos: tochas, facas, chapéus, que são explorados em manobras e improvisos com ângulos e escala surpreendentes.
Explorando as possibilidades do malabarismo, os artistas interagiram com o público do início ao fim. Com piadas rápidas e diálogos absurdos, eles foram recrutando “voluntários” na plateia para participarem dos desafios impostos por eles, para eles mesmos.
O ponto alto da apresentação foi o momento em que um dos “voluntários”, convidado a subir ao palco, precisou se posicionar entre os dois artistas que passaram a arremessar facas em um duplo malabarismo de tirar o fôlego.
O público aplaudiu a apresentação da dupla, que realizou números difíceis com a criatividade e técnica.
Clarissa Leite, 56 anos, professora de inglês: “Eu fiquei entusiasmada com a performance desses dois. Eles são muito habilidosos! Vi números que bem diferentes que eu nunca tinha visto antes. Me surpreendeu!”
Cia Las Martas: reflexões com humor sobre a mulher
No sábado, dia 19 de maio, às 19h00, no Palco Circo, aconteceu a apresentação da Cia Las Martas. Esta é uma companhia formada por mulheres latino-americanas (Brasil e Argentina) que, ao se juntar para ocupar a cena, descobriram um interesse em comum pelo tema “Mulher”. A partir disto, passaram a utilizar o nome Marta por ser um ícone na sociedade latino-americana.
Utilizando as técnicas circenses do malabarismo, equilibrismo e gags cômicas, permeadas pela música ao vivo e pela dança, essas mulheres trazem para a cena uma reflexão sobre o gênero feminino na sociedade moderna, seus pontos de vista, suas formas de expressão artística e suas múltiplas habilidades cotidianas, como forma de sobrevivência ao longo da vida, rindo dos estereótipos e propondo a cumplicidade.
Na Virada Cultural o grupo apresentou “O Cortejo Musical das Martas” e o elenco do dia foi formado por Danielle Siqueira, Sara Peper, Painé Santamaría, Josefina Siro e os músicos Danilo Rodrigues e Rocio Romero. A apresentação contou com a participação de três convidadas especiais: a percussionista Si.Sa Medeiros, a palhaça e saxofonista Tetê Purezempla e a performer Bárbara Francesquine.
“O Cortejo fez referência ao gênero feminino. Utilizamos músicas como pano de fundo para números circenses que buscaram evidenciar a relação que estabelecemos entre nós e com o público. Nesta edição da Virada Cultural, apresentamos um cortejo musical que geralmente é feito em movimento, mas desta vez foi realizado em um palco. Foi um momento de encontro e de descontração. Nos propomos a desfrutar deste momento tocando músicas e convidando amigas para apresentar diferentes cenas, além das que foram apresentadas pelo próprio grupo. Foram nove pessoas ocupando o palco com uma grande bagunça circense!” – comenta, Painé Santamaría.
No Pocket: espetáculo para todos os bolsos
O Grupo Nopok veio do Rio de Janeiro, especialmente para participar da Virada, apresentou o espetáculo No Pocket – Um espetáculo para todos os bolsos, que utiliza charlas clássicas, música, dança e comédia física na criação de gags e cenas cômicas.
O grupo é formado pela dupla Daniel Poittevin e Fernando Nicolini, que se dedica a construção de uma linguagem própria dentro do universo do circo e da comicidade. Daniel é cômico, malabarista e equilibrista. Já Fernando é acróbata com especialidade em parada-de-mão e duo acrobático.
O espetáculo “No Pocket” que foi apresentado na Virada Cultural é uma sucessão de números que exploram o virtuosismo técnico, acompanhado por música ao vivo e tem como característica marcante e fio condutor de sua dramaturgia, a relação direta dos artistas com o público.
“A relação com a plateia é um importante elemento no jogo estabelecido e é o que dá vida ao espetáculo. O público se torna mais um ator em cena, exigindo que os artistas estejam atentos e disponíveis para todo tipo de situação. No Palco Circo, parte do público ficou em um corredor um pouco apertado, sentado em cadeiras. Outra parte do público ficou em pé, um pouco longe do palco, o que para um espetáculo com essas características, acaba dando uma “esfriada”.
Porém, algo muito bom do Palco Circo deste ano é que ele foi montado em um local mais resguardado, então o público ficou mais à vontade e os artistas também” – explicam os integrantes do grupo.
Nessa construção coletiva dos artistas com o público, entraram em cena as referências da cultura popular atual, misturadas às cenas clássicas do circo, o que remeteu o público adulto às lembranças de tempos mais antigos, tempos em que as pessoas se reuniam nas praças para assistir aos artistas de rua.
Com comunicação direta com o público, o espetáculo No Pocket, apresentado no sábado 19/5, enalteceu uma das maiores características da Virada Cultural, a interação entre público e artistas.
Legenda da capa externa: Público na apresentação dos Irmãos Becker no Palco Circo na Virada Cultural/Foto Luciana Gandelini