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Pé na Estrada

Visita ao templos de Abu Simbel em exposição

 

A imponente entrada de um dos templos de Abu Simbel em Assuã, no Egito

 

Exposição está em cartaz na Academia Cultural do Egito e comemora os quase 50 anos do deslocamento dos templos do faraó egípcio 

Ivy Fernandes, de Roma

A exposição “A Salvação dos Templos, o Homem e a Tecnologia”, na cidade de Roma, destaca o passado  como testemunha e  inspiração   para o futuro. A mostra comemora os quase 50 anos da mudança dos templos de Abu Simbel, em Assuã, no Egito, de um local perto do solo para outro mais alto, com a finalidade de evitar que o espaço submergisse nas águas.

 

Mapa do interior do templo de Abu Simble

 

Os templos foram cortados em grandes blocos e reconstruídos  de 1960 a 1970  a uma altura de  64 metros  do nível   do mar a fim de evitar  a inundação  e  preservar  o extraordinário  complexo arquitetônico.

A abertura da mostra ocorreu em 10 de janeiro, na Academia  Cultural do Egito, e inclui todo o material fotográfico, documentos, plantas e projetos sobre o processo de  salvação e remontagem dos  templos de  Abu Simbel. O evento é realizado pela associação  cultural World Wide Artists Gallery, em colaboração  com o  Ministério  dos Bens Culturais da Itália. 

 

Livro apresentado na exposição de Roma, "Abu Simbel"

 

A exposição é itinerante e viaja por países europeus com dois objetivos: o primeiro é alcançar um público global e promover e divulgar  a história da humanidade, suas empresas e  ideias; o segundo visa aproveitar essa ocasião  única  para valorizar  a área cultural e social do vasto parque arqueológico do Mediterrâneo.

A arqueóloga Gihane Zaki, diretora  da Academia do Egito, disse que a exposição tem por finalidade “envolver  os países da área arqueológica do  Mediterrâneo, especialmente a Itália e a Grécia, a fim de  promover  uma cooperação para  estimular o interesse pelas áreas arqueológicas  do  Mediterrâneo, mostrando às  novas  gerações  a  dificuldade de conservar  os  templos, que  são patrimônios da humanidade e compreende  um período de quatro mil anos de história.  A exposição é também importante para a ciência e a tecnologia, que devem  ser  aplicadas  para  preservar, evidenciar   e promover  as  raízes  culturais”.

 

Imagem do explorador suíço Johann Ludwig Burckhardt

 

Idealizador da façanha

Foi  um  estudioso  italiano, o professor Gustavo Colonnetti, que idealizou, há quase 50 anos, o primeiro projeto da transferência do complexo arqueológico  de Abu Simbel, em colaboração com o engenheiro Riccardo Morandi e o arquiteto Piero Gazzola, que venceu a competição  internacional lançada pela UNESCO em 1964 para  salvar  o Templo de Abu Simbel. 

O empreendimento foi necessário para salvar o precioso patrimônio  arqueológico do alto vale do Nilo, localizado no sul do Egito, próximo à fronteira com o Sudão, porque o templo estava praticamente submerso pelas águas  do lago artificial Nasser devido à construção da represa de Assuã. 

 

Trabalho mostra a dificuldade de repor as várias partes do monumento de Abu Simbel

 

O projeto previa uma complicada operação, que consistia  em cortar o menos possível as estruturas de mármore dos templos, desmontá-las e  suspendê-las  com potentes máquinas, já que estavam  praticamente  encaixadas na costa   da montanha. A ideia foi impedir danos às preciosas obras arqueológicas. 

O conjunto de obras da Antiguidade deveria ser  reconstruído a uma altura bem mais elevada do que a atual, mas o projeto inicial  nunca  foi  realizado e acabaram optando  por solução  mais econômica, mesmo que mais incisiva, cortando as preciosas  estátuas dos templos  em várias partes e  remontando-as no nível mais alto da montanha. 

 

Registro fotográfico revela a faraônica mudança dos templos, com o transporte das estátuas

 

Como ocorreu a mudança faraônica

Os templos de  Abu Simbel ficam à margem do rio Nilo, na cidadezinha de Assuã. Por volta de 1.250 a.C., o faraó Ramsés II construiu  diversos templos. Dois deles foram  escavados na rocha. O interior do  templo maior, dedicado  às divindades Heliópolis, Mênfis e Tebe (Ra, Ptah e Amon), tem mais de 55 metros de profundidade e é composto por uma série de ambientes que conduzem ao santuário.

Devido  à localização dos templos, duas vezes  por ano, os raios do Sol nascente  penetram  e iluminam  as estátuas dos deuses  Rá-Horakhti, Ramsés e Amon-Ra, deixando na sombra a escultura de Ptah.

 

A transferência do templo foi necessária para a construção da represa de Assuã. Mudança teve início em 1960

 

Batalha entre os egípcios e os hititas

Na entrada do templo se encontram quatro estátuas de mais de 20 metros de altura  que representam Ramsés deificado. Entre os numerosos relevos, pode-se observar um conjunto que representa batalha de Kadesh, entre  os egípcios e os homens da civilização hitita.

São  muitas as inscrições  de  interesse histórico,  como aquelas em que os mercenários gregos incidiram no mármore, na base das duas estátuas de  Ramsés, no século VI a.C. Elas são consideradas como alguns dos mais antigos exemplos da escritura grega.

 

Entrada do templo de Abu Simbel, em Assuã, no sul do Egito

 

Rainha e deusa têm templo menor

O templo menor foi dedicado à rainha Nefertari e à deusa Hator. Na fachada, apresenta a estátua do  faraó e da sua família.

O conjunto  de templos  forma  os  monumentos mais importantes  da  antiga região da Núbia e eram quase desconhecidos do mundo ocidental até 1812, quando foram descobertos  pelo  explorador suíço Johann Ludwig Burckhardt. O interior desse templo foi visitado em 1817.

 

O egiptólogo Giovanni Belzoni foi o primeiro explorador a entrar no templo de Abu Simbel, em 1817

 

Descoberta em 1815

O explorador italiano Giovanni Battista Belzoni (1778-1823) registrou: “Na  manhã de  1º de agosto de 1817, acordamos muito cedo  com a  intenção  de  finalmente entrar  no subterrâneo  que tínhamos  apenas  descoberto… A primeira  impressão  foi  de  grande  impacto. Ficamos extasiados com a imensidão do  templo e encontramos objetos de arte  extraordinários, como pinturas e esculturas… imagens colossais…”.

 

Imagem registra como era na Antiguidade o templo de Abu Simbel

 

Com essas palavras, Belzoni, nascido na cidade de Padova e morto na Nigéria, descrevia  em seus diários  de viagem  os momentos  em que  finalmente conseguiu liberar o  Grande Templo de Abu Simbel da imensa quantidade de areia que cobria sua entrada. Dessa forma, foi possível descobrir o esplendor e a grandiosidade  da obra, até aquele momento completamente oculta.

O egiptólogo Giovanni Belzoni foi o primeiro a  entrar no tempo de Abu Simbel, em 1817. É curioso  observar como os exploradores europeus se identificavam com o  deserto. Eles se vestiam como  os árabes e deixavam crescer  a barba.

 

O templo escavado na rocha à beira do rio Nilo, no sul do Egito

 

República do Egito

A República do Egito foi estabelecida em 1952, sob o governo  do presidente Gamal Abdel Nasser  (1918-1970). Nasser  ficou no poder até sua morte.

A nova  represa de Assuã foi  realizada por seu governo e se tornou importante porque  permitiu a navegação, durante todo o ano, pelo Nilo, incrementando  a agricultura que  se desenvolveu no percurso  do rio, e foi determinante para a produção de  energia. A imensa obra  foi construída  em dez anos, de 1960 a 1970.

A represa tem 111 metros de altura e 3.600 metros de comprimento, em forma de pirâmide. Durante a construção, trezentas pessoas perderam a vida, devido  ao perigoso trabalho na montanha.

 

Mapa do percurso do cruzeiro pelo rio Nilo, de Luxor até Assuã

 

Viagem pelo rio Nilo

Para viajar até os templos, o visitante parte  do Cairo, capital do Egito, e,  depois de cerca de uma hora de voo, chega ao pequeno aeroporto de Luxor, onde visita a cidade à margem do Nilo onde está localizado o célebre Vale dos Reis e das Rainhas, com seus os famosos templos.

Em seguida, em um cruzeiro, percorre  o rio Nilo  e, no terceiro dia de navegação, chega  à  cidade  de Assuã.

“Assuã” (Assuã)  deriva da  palavra “Swam”, que significa “mercado”. A cidade de Assuã  tem 700 mil habitantes e, em toda  a área,  que vai  de  Esna a Abu Simbel, há dois milhões de habitantes.

No dia seguinte à visita a Assuã e à represa, os turistas embarcam para um cruzeiro no Nilo, no navio Cleópatra,  e navegam  por sete dias para visitar as cidades do sul do Egito, fazendo também inúmeras  outras excursões.

 A melhor  época  do ano  para  realizar o cruzeiro  é  nos meses de setembro  a maio, quando ainda não faz muito calor. Nos  meses de verão (junho, julho, agosto e setembro),  a temperatura pode chegar  a  45 graus.

 

Cruzeiro nas águas do Nilo: 7 noites inesquecíveis

 

O interior do templo de Abu Simbel no sul do Egito

 

Confira a programação.

 

1° dia – Voo  do Cairo a Luxor

É possível também chegar a Luxor partindo direto  de algumas capitais europeias. Do aeroporto, o grupo de turistas se transfere  ao porto  para  embarcar no navio, onde passa a noite e ceia a bordo.

2° dia  – Em  Luxor

Pensão a bordo. Visita ao lado leste do rio Nilo, onde está situado o  templo de Karnak e de Luxor. Visita à margem oeste do Nilo para conhecer  a área  arqueológica do Vale dos  Reis, o templo de Medinet Habu e os Colossos de Mêmnon. Início  da navegação para  Edfu, passando também  por Esna.

3° dia – Rumo ao templo de Edfu

Depois do café  da manha, visita  ao templo de Edfu, dedicado ao deus Falcão.  Relaxe a bordo do navio na parte da tarde. Ceia a bordo e navegação  para a cidade de Assuã.

 4° dia – Visita a Assuã e aos templos de Abu Simbel

Nas primeiras horas da manhã, partida em ônibus para  Abu Simbel  para visitar o templo que Ramsés II mandou  escavar  no interior da montanha  para  celebrar  sua  gloria. E visita ao templo que o faraó dedicou a sua  adorada esposa, a Rainha  Nefertari. Retorno  ao navio e  breve repouso. No final da tarde, tour panorâmico em barco a motor pelo rio Nilo para admirar de perto a ilha Elefantina, o Mausoléu  de Aga Khan, o  jardim botânico  e as magníficas  construções   típicas  e muito coloridas  da arquitetura  da região da Núbia,  à margem do rio.

5° dia – Visita à represa de  Assuã

Visita à represa de Assuã e ao templo de Philae, dedicado à deusa Iside, deusa do amor, da fertilidade e do renascimento.

6° dia – Visita ao templo de Kom Ombo

Visita na parte da manha  a  Kom Ombo , excursão   ao  templo duplo, dedicado em partes iguais  a   Sobek, o deus  com a cabeça de crocodilo e a  Haroeris, outro nome dado  ao deus falcão . Retorno  ao navio  e inicio  da navegação  para Luxor.

7° dia – Volta a Luxor e partida para o Cairo

Para os turistas com intenção de visitar o Cairo, há transferência para o aeroporto e viagem para a capital do Egito, com uma jornada inteira dedicada à visita da cidade de 18 milhões  de  habitantes. Visita à Mesquita Mohamed Ali, denominada também  Mesquita de  Alabastro. Transferência a Gizé para visitar as três  pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos. A seguir, visita ao Templo do Vale onde se encontra a famosa esfinge que domina o deserto. Almoço em restaurante de Gizé e, à tarde, visita ao Museu Egípcio, onde estão concentradas as obras mais importantes da civilização egípcia, ao suntuoso salão das múmias, e ao tesouro de Tutancâmon.

8° dia – Do Egito para a Europa

Transferência  ao aeroporto internacional e voo de retorno à Europa.

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