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“O Bricabraque” mostra perícia de Raul Barretto
Solo cômico e interativo com o ator e palhaço Raul Barretto
A peça “O Bricabraque”, solo de Raul de Barretto encenado pela primeira vez em 2004, está novamente em cartaz apenas no dia 31 de março, no Sesc Santo Amaro, mas ninguém pode perder. Trata-se de um jogo cênico de improviso sobre as aventuras de um contador de histórias, vestido em um terno de palhaço diferente.
Pouco usual, a expressão do título é sinônima de brechó ou até ferro-velho, mas, para os poetas e os pintores, tem diverso significado. Remete às ações na arte de recombinar palavras, frases e tintas com fotografias, pedacinhos de papel colhidos ao léu, tickets de Metrô, enfim, lixo, como fazia o multiartista alemão Kurt Schwitters (1887-1948) na arte Merz que criou, resultado da divisão ao meio da palavra “Kommerz”, que deu um dos starts da arte contemporânea.
O procedimento bricabraque a partir do final do século XIX passa a ser adotado e se intensifica com o aparecimento da ideia de sustentabilidade, com as propostas de reúso, reutilização e reciclagem. Hoje, é chique ter uma casa no estilo bricabraque, por exemplo, com objetos bricabraques.
Mais chique ainda é a montagem “O Bricabraque”, dirigida por Hugo Possolo, que dá a oportunidade de o ator Barretto mostrar o imenso talento na arte de representar.
Comédia de improviso de palhaço
Desta vez, não são as piadas clássicas que tomam a frente do palco. Raul Barretto exerce sua perícia nas técnicas do riso e do encantamento contando histórias. Tudo acontece a partir da narrativa.
As crianças chegam e Barretto está andando para lá e para cá na loja de bugigangas. O ator oferece dinheiro às crianças, o cabraquês, para que elas iniciem com ele o jogo do teatro. Todo mundo brinca de leilão.
No espaço cênico, Barretto conta casos mirabolantes a partir dos objetos da loja. Improvisa à medida que o público interage com ele.
O palhaço leiloa tudo enquanto expressa o que sente pela pulga Gala e como ambos se envolveram com o circo.
Mistura a aventura com outros ingredientes da imaginação e das coisas que o cercam: velhos relógios, vitrolas, canecos.
A graça está nas interrupções, em que Raul para o que faz para contar histórias sem pé nem cabeça e deixa para o público imaginar o fio da meada. Depois de colocar tudo num liquidificador, incorporando nesse momento o acaso dadaísta, experimentalismo de vanguarda. Solução cênica que só um diretor como Possolo sabe fazer.
Ficha técnica
Texto, direção, figurino e cenário: Hugo Possolo. Elenco: Raul Barretto. Objetos de cena: Inês Sakay e Luís Rossi. Iluminação: Marcos Loureiro. Trilha sonora: Paulo Soveral.
Serviço
Em cartaz em 31/03, às 16h00. Para crianças a partir dos 4 anos. Duração de 50 minutos. No Sesc Amaro.
Veja endereço aqui.
Tags: Bricabraque, hugo possolo, parlapatoes, raul barretto, Santo Amaro, Sesc
Anote
Cachimônia, espetáculo de circo contemporâneo, inovador e irônico, vai estar nesse sábado, 27/9, no Teatro Flávio Império, às 16h, av. Professor Alves Pedroso, 600, Cangaiba.
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