Arte em Movimento
“Universo Casuo” é um espetáculo irregular
Acrobacia talentosa e boa música ao vivo não compensam a falta de graça
Mônica Rodrigues da Costa, especial para Panis & Circus
“Universo Casuo” é um espetáculo irregular. Tem boa música ao vivo e números circenses tradicionais, mas o palhaço mestre de cerimônias não acerta no tom da interpretação. O figurino impecável não traduz seus gestos nem o que diz. A fala tatibitate não corresponde ao gênero que a montagem pretende ser: uma série de quadros no teatro de revista em um picadeiro de luxo.
O palhaço é o protagonista e teria papel central, de condutor das ações. Seu trabalho seria o de estimular interação inteligente com a plateia, com trocas de ideias e experiências enquanto os artistas que fazem exercícios no solo, no ar e nas cordas se preparam para mostrar habilidades circenses.
O procedimento do ator foi escolher pessoas da plateia para participar desses números de entremeio. Um deles fez o papel de pai do palhaço, que ficou o espetáculo inteiro chamando-o de pai. Além desse personagem voluntário, escolheu outros espectadores, cada um com uma função no quadro supostamente de improviso.
As piadas artificiais, também, provocavam magros sorrisos ou gargalhadas. O espetáculo, porém, ficava mais animado quando entravam as exibições de mestria na lira, no trapézio, nos malabarismos e na ginástica de solo.
São as partes que funcionam em “Universo Casuo”, ainda que tímidas porque o teatro Safra* ou não tem altura para números aéreos do picadeiro, ou, no mínimo, não a aproveitou nas acrobacias aéreas apresentadas. Mesmo assim as atrações clássicas atraíram a atenção e o interesse do público. O palhaço parece um pierrô de Carnaval, típico daqueles desfiles de rua nos Estados Unidos.
Em um dos números, torna-se maestro da plateia e a divide em dois cantos, um que faz: “Poporopó pó pó”. Outro que diz: “Oooooooooooooó”. Bobagem que ultrapassa a missão do palhaço porque não se conecta ao ambiente do circo nem a enredo determinado.
De minicartola, casaco de losangos de cetim e calças de cavaleiro, o personagem dançou com uma mulher voluntária na plateia. Repetia de vez em quando: “Ai, ai”, como fazem os palhaços em certos números de intervalo.
Chamou mais um voluntário e exclamou. “Música, performance, humor e poesia! Trago até vocês o ‘Universo Casuo’”. Mas ele não explica o que significa a expressão e o público sai sem entender a proposta do “Uiverso Casuo” anunciado.
Os números são acompanhados de boa banda de músicos que executam uma mistura do circo com jazz, funk e groovie.
Um trapézio triplo se instala e quatro dançarinas ginastas exibem flexibilidade e talento em vários exercícios.
O palhaço senta-se no chão para olhar e depois sai de cena.
O segundo número traz um bailarino equilibrista que lembra a ginástica chinesa entre um número coreografado e um mambembe de picadeiro.
Em um número de risco e suspense com bicicleta, um voluntário da plateia deita-se no palco vendado, e o artista pula com a bicicleta sobre seu corpo. Ele não vê, mas os espectadores se inquietam nas cadeiras.
Uma dançarina exibe-se no aro com charme e é seguida de exibição de coreografias na lira por duas dançarinas e há número de tecido também.
Dois velhos ginastas de solo, que disseram em cena ter 70 e 80 anos, arrancam aplausos. Eles fazem acrobacias incríveis e números de equilibrismo.
Fumaça, iluminação colorida intensa e malabares preenchem o espaço. Mas não é o que predomina.
O pierrô-palhaço toma conta das cenas e falta ritmo.
Ele pergunta imitando bebê: “Brinca comigo?”. Ele joga bola com a plateia e a cena é longa e monótona. Em um número, o palhaço brinca que dirige uma moto. Em outro, coloca um véu de noiva em um espectador voluntário e simula um casamento explorando o aspecto ridículo.
Para se contrapor a esse comportamento supostamente infantil, o ator faz um número que evoca no espectador sensações de agonia, como um garfo riscando um prato de louça.
*“Universo Casuo” esteve no Teatro Safra em agosto.
Em outubro, apresenta-se em pocket shows para grandes empresas.
Fotos do espetáculo – Divulgação
Postagem – Alyne Albuquerque
Tags: Universo Casuo
Certeza que essa pessoa, que critica, não gosta do palhaço do Marcos Casuo, não deve ser artista e tão pouco deve fazer algo de arte, só critica e ainda acha legal isso. Talvez menos pessoas críticas e mais produção, parcerias, ações, tornariam nosso mundo melhor. Ainda mais por tratar-se de circo brasileiro, feito por brasileiros. Certeza também que deve elogiar mil maravilhas o Soleil ou qualquer outro “.com”.. é o tipo de gente que deveria ir viver no exterior, talvez na Uzbequistão para valorizar o que é arte e feito humano. Lamentável ainda ocorrer esse tipo de publicação. Ainda mais por esse site que fala de circo…’o site do circo’… que lixo…Só lamento.
Olha Rodrigo,pelo jeito você deve ser artista e gostar do palhaço do Casuo, eu sou palhaço já assisti este espetaculo e concordo muito com essa crítica.Ele tentou recriar um formato que você criticou e onde ele trabalhou e obteve fama, que é o Cirque du Soleil,só que ele ficou muito na forma e esqueceu do conteúdo.
Me desculpe! Não vejo nem conhecimento nem profissionalismo nesta crítica!!! Estive assistindo o ESPETÁCULO e é de alto nível artistico! O “palhaço” arrebata a platéia! Acho que somente esta pessoa que escreveu não estava ali, disposto a enxergar beleza na arte apresentada! Deve ser muito chato ser uma pessoa que só enxerga defeitos. Mas ta na moda, né!