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Amercy Marrocos recebe o Prêmio Governador do Estado
Ela foi a escolhia na categoria circo pelo voto popular e o voto do júri
Da Redação
A artista Amercy Marrocos, Amercy Marrocos, mestre da gastronomia circense e dos bordados, ganhou o Prêmio Governador do Estado para Cultura 2014, na categoria circo, entregue na segunda-feira 23/2, no Theatro São Pedro, em São Paulo.
No total, o governo do Estado distribuiu R$580 mil aos ganhadores de oito categorias: arte para crianças, artes visuais, cinema, circo, dança, música, teatro e territórios culturais. Amercy Marrocos venceu tanto pelo voto popular quanto pelo voto do júri. O público pôde escolher vencedores, votando no site entre os dias 19 de janeiro e 19 de fevereiro.
A neta de Amercy Marrocos, Letícia Marina, afirmou no Facebook, que estava orgulhosa pelo reconhecimento à trajetória de sua avó e que ela estava “linda” na noite da entrega do prêmio que considera “uma forma de agradecimento do Governo do Estado de São Paulo a todos os que dedicam suas vidas à criação artística e à sua democratização”.
Sesc e o Circo Paraki
Na categoria “instituição cultural”, cuja votação foi exclusivamente popular, sem passar pelo crivo do júri, o Sesc foi o vitorioso por sua programação. Incentivador da arte contemporânea, a instituição criou, em 2013, o Festival Internacional Sesc de Circo.
Durante a 2ª edição do Festival, o ano passado, a unidade do Sesc Santo André, exibiu o documentário Circo Paraki, lançado em 2012, e que traz depoimentos de artistas circenses, entre eles, o de Amercy Marrocos no picadeiro.
“O circo me permitiu conhecer o Brasil inteiro. Não existe vida melhor que a vida do circo”, afirmou Amercy Marrocos no documentário.
A diretora e a circense
Em um texto assinado pela diretora Priscila Jácomo, do Circo Paraki, e publicado em 15 de julho de 2012, está descrito um pouco da história de Amercy Marrocos, baseado em entrevista da artista. Leia abaixo.
“Amercy nasceu no circo: “quando a gente nasce no circo, desde criança acompanha os pais nos ensaios, então a gente aprende de tudo um pouco, aprendi a saltar e a fazer parada de mão com meu pai e minha mãe, éramos o Trio Marrocos, paradistas e acrobáticos.”
Depois nasceram mais duas irmãs que também aprenderam a saltar. “Até que me casei e parei de trabalhar com circo. Meu ex-marido entrou para o circo aos 14 anos, o famoso palhaço Mulambo. Um belo dia, o palhaço do circo fugiu, aí meu pai falou pra ele ‘você vai ser palhaço’ e ele ‘eu não sou palhaço’ e me pai ‘você é sim!’, aí não tinha roupa, meu pai rasgou umas calças, fez uma mulambeira e falou ‘Você vai ser o Mulambo’. Aí ele entrou, ele era trapezista na época, e o povo não ria de jeito nenhum, não tinha como rir, ele estava muito sem graça. Aí deu um ataque de riso nele que ele caiu deitado no chão e começou a rir muito, o povo achou muita graça e começou a rir também. Nasceu o Mulambo.”
Amercy conta que ele foi um bom palhaço, trabalhou no Circo Orlando Orfei com Timtim, um palhaço de carreira internacional. Amercy parou de trabalhar no circo para criar os filhos. Ela diz que queria muito que eles estudassem, porque quando ela parou teve muita dificuldade financeira, já que só sabia trabalhar com circo. “O ginásio não dá pra fazer viajando, só o ensino fundamental, aí eu precisei parar. Não adiantou muito porque meu filho estudou e foi embora com o circo do Beto Carreiro, mas as minhas filhas não, uma é professora, a outra é dona do lar”…
Amercy fez parte da primeira turma de professores da primeira escola de circo do Brasil, a Academia Piollin de Artes Circenses. “Iniciei todos estes contemporâneos.”
Ela deu aula na Piollin, no Circo Escola Picadeiro e no Projeto Enturmando. “Trabalhar na periferia foi um mundo muito novo pra mim, quando chovia as casas enchiam e a gente tinha que tirar as crianças de lá de dentro. Foi uma experiência de vida maravilhosa.”
Lembro que conversamos disso no ano passado e Amercy comentava sobre a experiência de dar aulas… dizia que quando errava o salto o pai batia, era como aprendiam… mas aí, ela se viu dando aulas para crianças… e não podia bater… Essa experiência de ensinar parece ter sido bem marcante na vida de Amercy. “Antes não existia ensinar o que sabia pra ninguém. Inclusive nós, fomos muito criticados, os tradicionais diziam, vocês vão ensinar o que os seus pais ensinaram? porque eles estavam vendo o que ia acontecer… hoje você vê poucos tradicionais trabalhando. Tem mais contemporâneos. Nós ensinamos nossa arte para os contemporâneos e eles tomaram nosso espaço. Mas é o que tem que acontecer mesmo né, uma mudança, tem que acontecer né…”
Ela foi uma grande artista e hoje é professora de circo também. Tomara que ainda tenhamos professores que ensinam a arte, tão bons quanto a Amercy.”
O Prêmio
Na cerimônia de premiação, com participação do governador Geraldo Alckmin, o escritor Paulo Bomfim foi homenageado como Destaque Cultural. Com 35 livros publicados desde 1947, Bomfim recebeu R$ 100 mil em reconhecimento a seu papel na cultura brasileira nas últimas décadas.
O prêmio Governador do Estado para a Cultura existe desde a década de 1950 e já premiou nomes como o diretor Sérgio Cardoso e a atriz Fernanda Montenegro.
No total, o governo do Estado distribuiu R$580 mil aos vencedores. O valor é, atualmente, o maior pago em premiações dedicadas à cultura no país.
Veja a lista dos vencedores
Voto do júri
Arte para crianças
Banda mirim, 10 anos de trajetória
Artes visuais
German Lorca – Fotografia “Moderna para Sempre” e “A 5º Bandeira”
Cinema
Alê Abreu por “O menino e o mundo”
Circo
Amercy Marrocos, artista e formadora
Dança
Marilena Ansaldi – “Callas: o mito”
Música
Juçara Marçal – “Encarnado”
Teatro
Teat(r)o Oficina UZYNA UZONA – Projeto Odisseia Cacildas
Territórios culturais
Marco Pezão, poeta e agitador cultural
Voto popular
Arte para crianças
Fortuna – Tic Tic Tati
Artes visuais
German Lorca – Fotografia “Moderna para Sempre” e “A 5º Bandeira”
Cinema
Daniel Ribeiro por “Hoje eu quero voltar sozinho”
Circo
Amercy Marrocos, artista e formadora
Dança
Holly Cavrell – “Suportar”
Música
Monica Salmaso – “Corpo de Baile”
Teatro
Teat(r)o Oficina UZYNA UZONA – Projeto Odisseia Cacildas
Territórios culturais
GRUPO OPNI – Galeria Céu Aberto
Instituição cultural
SESC – Programação e espaços multidisciplinares
Postagem – Alyne Albuquerque