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“Circo em miniatura é obra de arte”
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Maquete foi criada pelos mestres circenses Joinha e Chumbinho
Antonio Gaspar, especial para Panis & Circus
O sonho se transformou em realidade e o público já pode conhecer o circo a partir de uma nova dimensão. Está em exposição no Centro de Memória do Circo uma maquete criada pelos mestres circenses Joinha (José Carlos de Almeida) e Chumbinho (Antonio Luiz de Moraes) com tudo o que um circo tem em miniatura.
Com os conhecimentos de marcenaria, Joinha conseguiu criar cadeiras desmontáveis, cercas e arquibancadas que fazem parte da história circense. “Esse tipo de maquete é uma consequência da nossa vida – minha e do Chumbinho – dos tempos do circo. Os construtores de maquete, ‘os maqueteiros’ como define o Chumbinho, da construção civil são especialistas em fazer miniaturas de prédio, casas e pontes. No nosso caso, se não tiver o conhecimento da arte circense, como a gente tem, não consegue fazer maquete de circo”, afirma Joinha.
Joinha vem de uma família com tradição no meio. Pai, mãe, irmão e ele há muito tempo se dedicam ao circo. Além de marceneiro, ele é palhaço, apresentador, secretário e adestrador de animais.
De acordo com Chumbinho, um dos grandes desafios na criação do circo em miniatura foi achar materiais adequados para o trabalho. Boa parte dos itens foi construída com material reciclado, como restos de persiana chinesa, algodão, latas de refrigerante e pedaços de madeira.
Chumbinho contribuiu com seu conhecimento sobre corte e costura, nós, trançados e procedimentos de montagem e desmontagem do circo. O trabalho da dupla resultou numa fina mostra que pode agora ser observada pelo público em sua riqueza de detalhes.
A maquete foi criada na Oficina Arquitetura Nômade, que faz parte do Projeto Saberes do Circo, desenvolvido pelo Centro de Memória do Circo. Ela começou a ser construída em novembro de 2014 e foi inaugurada durante o 1º Café dos Artistas de 2015, em 9/4. Essa maquete seguiu o padrão do circo no estilo americano em que primeiro se arma a lona para sem seguida dispor as arquibancadas, cadeiras, cortinas e picadeiro. A lona é tensionada por espias, ou seja, retinidas (cordas) que vão amarrando as estacas. Esse estilo é diferente do pau fincado que primeiro monta a arquibancada para depois de colocar a lona.
O resultado dessa Oficina é que o Centro de Memória do Circo levanta ainda mais a bandeira de se constituir em memória viva dessa arte milenar no Brasil.
A diretora do CMC, Verônica Tamaoki, explica que a criação da maquete pelos mestres circenses foi motivada pela compreensão que de era necessário incorporar nas exposições a plasticidade e os conhecimentos do circo.
“A gente já tinha feito uma incursão nesse sentido com a primeira grande exposição, em 2012, com a Carla Café, que fez um trabalho muito bonito e ficou claro que era necessário criar um laboratório permanente de saberes”, afirma Verônica.
A diretora diz que percebeu em museus dos Estados Unidos a importância da maquete para a disseminação do conhecimento. “A maquete traz conhecimento e elementos da arquitetura nômade que só o circense conhece”, explica.
“Uma maquete de circo é uma obra de arte. Além disso, creio que muitas pessoas poderiam comprar maquetes, o que poderia resultar em uma economia criativa (fonte de renda) para os mestres circenses”, diz.
“Esse trabalho foi mais um passo no sentido de preparar uma mão-de- obra circense para se dedica a mostrar, a exibir a sua história”, completa Verônica.
Ficha técnica:
Local – Centro de Memória do Circo.
End. – Av. São João, n.º 473 – Galeria Olido.
Visitação – De segunda a sexta, das 10 horas às 20 horas. Sábados, domingo e feriados, das 13 horas às 20 horas.
Telefone – (11) 3397.0177
Legenda foto de capa – Maquete construída pelos mestres circenses Joinha e Chumbinho / Foto Asa Campos
Postagem – Alyne Albuquerque