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Avner encanta com “Exceções à gravidade”
“Um mestre que conversa com a plateia sem falar”.
Cafi Otta, especial para Panis & Circus
Com a chegada de mais uma edição de Circos – Festival Internacional Sesc de Circos 2015 – surgiu mais um desafio, escrever sobre alguns espetáculos do festival. E acabei arrumando pra minha cabeça quando pedi para cobrir o espetáculo “Exceções à gravidade”, do norte americano Avner Ejzenberg. Quando digo que arrumei pra cabeça quero dizer que não tinha noção da dificuldade de escrever sobre um espetáculo que deixa a plateia sem palavras. Mas como diria o ator, palhaço e escritor Nando Bolognesi, “se fosse fácil não teria graça”.
A escolha por esse espetáculo não foi gratuita. Em 2012 participei de uma oficina ministrada pelo próprio Avner e por sua esposa Julie Goell, nos EUA, um curso que acontece há mais de 20 anos no mesmo lugar. Por isso não poderia perder a oportunidade de ver mais uma vez esse mestre em ação, e por que não escrever um pouco sobre seu trabalho!?
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Um belo espetáculo em um belo teatro
Eu já havia assistido ao espetáculo do Avner na Risadaria, edição 2011, evento anual dedicado ao humor, que acontecera no pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera. Na ocasião, a apresentação aconteceu num lugar que desfavorecia totalmente esse tipo de espetáculo, um espaço disperso, cheio de logotipos de patrocinadores, com um pé direito gigantesco e um palco alto e distante da plateia. Mas pude ver Avner transformar o local em poucos minutos de apresentação, conseguindo fazer com que todos abstraíssem as adversidades do espaço para cair em seus truques.
Muito diferente do que aconteceu nos dias 2 e 3 de junho passados. Finalmente, consegui assistir ao espetáculo de um dos grandes mestres das artes num espaço digno de seu talento. O teatro do Sesc Bom Retiro favorece muito o trabalho de Avner, e provavelmente, de qualquer um que se apresente por lá. O palco é baixo e a plateia, com 290 lugares, parece um anfiteatro grego, com visão perfeita até a última fileira – e olha que sentei na primeira fila na primeira apresentação e na última no segundo dia.
Artistas na plateia
No saguão do Sesc Bom Retiro, antes da sessão começar, deu pra ver que a plateia seria formada de muitos artistas profissionais: malabaristas, mágicos, mímicos, palhaços, atores, bailarinos, artistas plásticos, todos ansiosos para momentos de puro deleite. Avner utiliza de elementos como pena, pipoca, lenço, capa do guia de apresentação de Circos, rosa, guardanapo de pano, chapéu, pilha de copos, escada, para mostrar suas exceções à gravidade, que é desafiada do começo ao fim, e por vezes, também usada para fazer graça. Por outro lado, centenas de palitos de fósforo caem no chão, seu chapéu cai no chão, ele mesmo cai no chão – às vezes quase cai sem querer. Foi uma verdadeira aula/espetáculo para uma privilegiada plateia de artistas e leigos, que puderam rir como crianças.
Emoções transmitidas pela respiração
Curiosamente a apresentação se desenrola no que seriam os cinco minutos que antecedem o espetáculo, que duram uma verdadeira eternidade de quase uma hora de habilidades circenses, piadas, truques de mágica, mímica e muita interação com o público. Mas ele não fala uma palavra sequer durante todo o espetáculo. Não precisa.
Conseguimos entender tudo o que se passa, seus medos, suas conquistas, suas ideias, suas frustrações, enfim, todas as emoções são transmitidas através de gestos, olhares e principalmente pela respiração.
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Quem já fez sua oficina sabe que boa parte de seu trabalho se baseia na respiração. Como ele mesmo diz no primeiro de seus princípios excêntricos – sim, os norte americanos são mestres na arte de sistematizar o conhecimento -, “a função do palhaço é a de fazer o público sentir emoções e respirar”. O segundo princípio também tem a ver com a respiração: “Todos inspiram, mas muitos de nós devem ser lembrados de expirar”.
“Quem viveu, viu”
O que acontece durante o espetáculo é basicamente uma conversa entre o artista e o público, uma deliciosa conversa recheada de muito riso e de celebração de valores como gentileza, generosidade e humildade. É uma delicia assistir artistas que não tentam ser melhor do que a plateia, que se colocam em pé de igualdade com aqueles que saíram de suas casas para ver seu trabalho.
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Depois de ver as duas apresentações realizadas em São Paulo isso fica ainda mais claro. Como todo ser humano, ele comete erros, e lida com eles da maneira mais natural possível, não tenta escondê-los, como não chama atenção para eles. Simplesmente lida com cada situação da melhor maneira possível.
Com o texto chegando ao fim sinto a necessidade de agradecer ao site Panis & Circus pela oportunidade de escrever este pequeno artigo. É que me ajudou a ficar um pouco mais perto deste artista que tanto admiro e respeito. Como brinquei com um amigo após a apresentação, quem sabe com muita persistência conseguimos chegar a este nível de simplicidade e genialidade. E fecho com uma frase dita pelo fabuloso Ricardo Rodrigues sobre a peça: “quem viveu, viu!!!”.
Postagem – Alyne Albuquerque
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Legendario.
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