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Veja Rubra e as Criaturas na TV Rá-Tim-Bum
O mérito da palhaça
Fernanda Nurita, especial para Panis & Circus
Rubra ouve as crianças. Esse foi um dos principais argumentos para a TV Rá-Tim-Bum! acolher o projeto de Lu Lopes (a palhaça Rubra) em uma série exibida aos sábados e domingos. O programa batizado de “Rubra e as Criaturas” estreou, em 12 de dezembro último, às 12h45, e os episódios inéditos dessa 1ª temporada estendem-se até 5 de março. Depois serão reprisados e, por isso, não tem previsão de saída da grade – o que é uma boa notícia cultural. Mais: estão previstas novas gravações da série no segundo semestre.
A base do programa é a ‘alta tecnologia humana’, isto é, os seres humanos e suas capacidades. “Cada criança tem uma tecnologia diferente. E Rubra aflora o que há de mais genuíno e espontâneo: a infância amorosa, criativa e esperta”, argumenta Ida Iervese, coordenadora geral da TV Rá-Tim-Bum! e de projetos da TV Cultura.
A primeira temporada, com 13 episódios, de 15 minutos cada, já está gravada. Em cada edição, uma entrevista na qual a criança é a protagonista, além de charadas, brincadeiras, videoclipes e participação dos pais. O programa é transmitido aos sábados e domingos, em dois horários: às 12h45 e às 19h45.
Nasce uma série
No começo de 2015, após cerca de 15 vídeos no Youtube, Lu Lopes e Dudu Toledo colocaram o projeto embaixo do braço e levaram à TV Cultura que, a princípio, rejeitou a ideia. Um dia, porém, o projeto chegou às mãos de Ida Iervese, que se encantou com a facilidade que Rubra tinha de se comunicar com o público. “Era isso que eu estava procurando. Alguém que estimulasse a criança a falar. E a gente sente que Rubra faz com carinho, é amorosa”, explicou a Coordenadora Geral da TV Rá-Tim-Bum!.
Ida chamou Lu Lopes e Dudu Toledo para uma reunião – a primeira de várias – em busca de uma porção de ajustes no projeto, no formato e no conteúdo. O mote seria mesmo a entrevista com a criança, como protagonista. O tema, a alta tecnologia humana – sábio bordão de Rubra.
As gravações foram realizadas em outubro durante duas semanas intensivas de estúdio. Na sequência, o material seguiu para edição e pós-produção. O nome da série foi a última coisa a ser resolvida, mas não deu muito trabalho. ‘Criaturas’, título do livro de Rubra, foi a inspiração mais acertada.
Agora a missão do canal é unir esforços em prol de um conteúdo com maior tecnologia humana. Assim, os responsáveis estão firmando novas parcerias com institutos infantis em busca da mesma linha da audiência de conteúdo compartilhado com os pais – o que o canal Rá-Tim-Bum! faz com grande competência.
O resultado não poderia ser melhor. Antes mesmo da estreia já planejavam a gravação da segunda temporada, possivelmente no segundo semestre de 2016, com a inclusão de dois novos quadros no programa.
O segredo? Descabelada, rechonchuda e atrapalhada, Rubra é o oposto da maioria das apresentadoras infantis. É simpática, inteligente, espontânea e estimula a criança a ser criança. É pura tecnologia humana!
Parabéns para a Cultura
A TV Rá Tim Bum! completou 11 anos de TV Cultura no mês de dezembro. Mais precisamente no dia 12, data celebrada com a estreia de dois novos programas: às 12h45, ‘Rubra e as Criaturas’, coprodução do canal; e às 14h30, ‘Nutri Ventures – Em Busca dos Sete Reinos’, série sobre alimentação saudável realizada em parceria com Michelle Obama, primeira-dama dos Estados Unidos, e da Organização Mundial de Saúde (OMS) em luta contra a obesidade infantil.
O canal exibe uma programação composta basicamente de produções nacionais, atrações infantis que foram exibidos na TV Cultura, produções próprias e coproduções com estúdios brasileiros de vários Estados.
Entrevista
Ex-professora de teatro, Lu Lopes foi integrante dos Doutores da Alegria e As Fulanas, entre outros grupos. Continua como palhaça do Jogando no Quintal e reuniu uma legião de fãs mirins com a Banda Gigante. É também diretora, cantora, compositora e escritora. Entre seus livros está ‘Tô com Frio da Barriga’, ‘Criaturas’ e ‘Desmiolações’.
Em suaves prestações, a artista conversou com a reportagem do Panis & Circus:
Panis & Circus – Como surgiu a ideia da série?
Lu Lopes – Começamos com um programa piloto no YouTube. Fizemos uns 15 episódios chamados de ‘TV Rubra’, então peguei o projeto e levei na TV Rá Tim Bum!. Eles gostaram e resolveram fazer em formato maior. Passamos do começo do ano até agora estruturando o projeto. O resultado foi a gravação de 13 episódios, com duração de 15 minutos, cada um.
Panis & Circus – Do que se trata?
Lu Lopes – É baseado na alta tecnologia humana. Tem criaturas humanas, as famílias e as personagens fantasiosas. Tem inspiração no meu livro ‘Criaturas’ da Editora Sesi-SP.
Panis & Circus – Qual a base dos episódios?
Lu Lopes – Cada episódio tem sempre uma entrevista com as crianças, a história de uma criatura e um clipe.
Panis & Circus – Em sua opinião, o que levou a TV a produzir sua série?
Lu Lopes – É um programa que escuta as crianças. Pergunto: “O que te interessa na vida?” Eu dou corda e a criança fala o que ela quiser.
Panis & Circus – Como nasceu o nome Rubra?
Lu Lopes – Quando eu comecei a fazer o curso de palhaçaria com a Cristiane Paoli Quito eu usava um vestido vermelho, sapato vermelho, meu cabelo é avermelhado, além do nariz vermelho. Um dos meus colegas de curso, Maestro Joanim (Luciano Bortoluzzi) falou ‘olha, você é a Rubra’. E ficou.
Panis & Circus – Por que alta tecnologia humana?
Lu Lopes – A expressão alta tecnologia humana começou a surgir na minha cabeça quando eu fiz o curso de Movimento e Imagem com a Quito (Cristiane Paoli Quito) e a Tica (Lemos). Na época foi formado a Companhia Nova Dança Quatro, que eu fiz parte um tempo. Fiquei dez anos com a Quito. Nesse período fazíamos estudos com base no movimento e imagem, ideokineses, contato e improvisão. Trabalhava com energias muito sutis e ao mesmo tempo muito concretas. Os ensaios demoravam, em média, quatro horas. Com o “Jogando no Quintal” começamos a aplicar essa técnica com os palhaços de lá, onde desenvolvemos a linguagem da improvisação, que também é um olhar de grande tecnologia humana, pois há uma comunicação quase telepática. Eu digo que eu sou uma artista que trabalha com alta tecnologia humana e as pessoas em minha volta também.
Postagem – Alyne Albuquerque
Que reportagem linda e que presente para a cultura infantil brasileira. Parabéns a palhaça e toda turma!