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“Big Brother Brasil” e a Petrobras
Brinde espúrio
Rio de Janeiro – Não se passa um dia sem uma péssima notícia sobre a Petrobras. Ou ela registrou o seu pior balanço nos últimos 60 anos ou chegou a um inédito grau de endividamento. Ou terá de vender oleodutos, gaseodutos e navios-petroleiros – o que chamam de ‘fatias de subsidiárias’ – a preços de avenida Passos, ou precisará receber ‘injeção de recursos da União’. O resultado é a ‘forte redução de recursos e investimentos’ (as aspas são oficiais) ou a ameaça de ser rebaixada para a segunda divisão no ranking mundial de empresas.
Em todos os casos, sobrará ainda menos dinheiro para a cultura. A Petrobrás já não é a maior patrocinadora estatal da cultura brasileira, coincidindo com as revelações dos assaltos contra o seu patrimônio praticados por administradores e operadores, em benefício de ministros, políticos e tesoureiros de partidos, doleiros e outros heróis do povo brasileiro.
A cada milhão desviado para esses ilustres uma companhia de teatro encerrou suas atividades, um grupo de dança nunca sairá do projeto, uma sinfônica foi obrigada a dispensar um naipe de oboés e milhares de bolsas deixarão de ser concedidas.
Muitas dessas companhias – pela sua própria natureza, sem lucro – jamais atrairiam o interesse de empresas privadas. Era aí que a Petrobras entrava, e não fazia mais sua obrigação.
No atual panorama de terra arrasada, quantos empregos relativos à cultura (de cenógrafos, carpinteiros, ensaiadores, maestros, arranjadores, diretores de arte, divulgadores etc. etc.) não estão deixando de ser criados? Quantos milhões de espectadores não ficam em casa assistindo a ‘Big Brother Brasil’ em vez de estar consumindo coisa melhor?
Para cada evento cultural que a Petrobras deixa de ajudar, um corrupto brasileiro ergue um brinde com uma taça de vinho francês.