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Palhaços repudiam voto de Tiririca a favor do impeachment
RIO — Palhaços profissionais, grupos circenses e companhias de teatro divulgaram um manifesto em repúdio ao deputado federal Tiririca (PR-SP), que votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff no último domingo.
Na primeira vez em que subiu à tribuna desde que assumiu o mandato, em 2011, o deputado, em nove palavras, enfureceu companheiros de profissão: “Senhor presidente, pelo meu país, meu voto é sim”, disse, sendo ovacionado pelos colegas.
“Nós, palhaças e palhaços profissionais, brasileiros e estrangeiros engajados na defesa da democracia do Brasil, manifestamos nossa mais completa insatisfação e repúdio em relação à postura e ao voto de vossa excelência”, afirma a carta.
Diretor da companhia Parlapatões, Patifes e Paspalhões, o palhaço Hugo Possolo diz que Tiririca havia anunciado, em conversas com representantes da classe, que votaria contra o afastamento de Dilma. A partir do posicionamento oposto ao que havia sinalizado, surgiu a ideia do repúdio público.
— Acho uma vergonha tudo o que aconteceu. Ele é só um símbolo. Não é só questão de estar contra ou a favor do impeachment. Eu mesmo não me manifestei, porque sempre fui muito crítico ao governo Dilma. Mas acho o processo vergonhoso, até por estar sendo comandado pelo (Eduardo) Cunha (presidente da Câmara dos Deputados). Quem está presidindo o processo não é nada sério. Esse é o maior problema — avalia Possolo.
Para João Pinheiro, da companhia Circovolante, o próprio deputado foi responsável pela união da classe no manifesto.
— Quem deflagrou o processo foi o próprio Tiririca.
A carta reuniu 79 assinaturas, entre grupos e pessoas físicas. O documento afirma que não “se pode derrubar um governo simplesmente porque não se concorda com sua política”. E finaliza: “Portanto, deputado Tiririca, trocando em miúdos: no último domingo, lamentavelmente, o senhor não representou os palhaços e palhaças profissionais, envergonhando aqueles que buscam honrar o seu ofício de levar alegria ao povo brasileiro”. O deputado não foi localizado para comentar.