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Museu Chaplin é inaugurado na Suíça

 

 

Ivy Fernandes, de  Roma 

Foram necessários 16 anos de trabalho até ficar pronto e ser inaugurado, em abril de 2016, o museu, dedicado a Charles Chaplin, na cidadezinha de Corsier-sur-Vevey, denominada “Le Manoir de Ban”, na Suíça Francesa. A casa em que o célebre palhaço, ator, diretor e compositor viveu os últimos 25 anos de sua vida, em companhia da quarta esposa Oona O’Neill, filhos e netos, foi transformada em museu.  

O investimento para o projeto foi de 60 milhões de francos suíços, sob a coordenação do museógrafo canadense, Yves Durand. Segundo ele, não foi fácil convencer os herdeiros de Chaplin, 11 filhos e 23 netos, a concordar com a criação do museu – que começou a ser planejado em 2000, e, só agora em 2016 ficou pronto.

 

Obras sendo tocadas para a realização do museu / Foto Divulgação

  

Os salões do Museu Chaplin mostram o trajeto do artista desde a infância até sua morte, em 25 de dezembro, no Natal de 1977. Lá, pode-se ver as fotos cedidas pela família, os filmes caseiros de Chaplin sobre a família e documentos inéditos. Mais: um estúdio de 16 metros de altura, onde está instalada a sala de cinema para 150 pessoas, destinada a passar os filmes – que se tornaram clássicos – do artista. 

 

Chaplin / Foto Divulgação

 

O percurso no Museu Chaplin foi feito para dar aos visitantes uma visão global do trabalho do artista, com o uso de tecnologia virtual e ferramentas multimídia de última geração. A cenografia ficou a cargo de François Confino, o projeto arquitetônico é do arquiteto Philippe Meylan e, Jean-Pierre Pigeon é quem hoje supervisiona e cuida do acervo do museu.    

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O Museu 

 

Quando o museógrafo Durand idealizou o projeto do museu, em 2000, dois dos filhos de Chaplin, Michael e Eugene, ainda moravam na residência de Vevey.  

 

Yves Durand (à esq.) e Jean-Pierre Pigeon / Foto Divulgação

 

Durand entrou em contato com os filhos e convenceu a dinastia Chaplin da importância de manter vivo o legado do artista. “Prometemos aos herdeiros”, afirma, “não interpretar a arte de Chaplin, deixar que ela falasse por si só.” “Para conseguir tocar o projeto”, acrescenta, “era necessário ter a colaboração dos herdeiros e conseguimos conquistar a confiança deles que nos cederam inclusive arquivos privados com fotos e filmes caseiros de Chaplin sobre a família e que hoje fazem parte do acervo do Museu”.

 

Jardim da casa onde viveu Chaplin com sua família e que transformou-se em museu/ Foto Divulgação

   

Casa da família na Suíça que virou o Museu Chaplin/ Foto Divulgação

 

Segundo Charlie Sistovaris, 43 anos, neto de Chaplin, o segredo do artista foi conseguir balancear com perfeita harmonia a comicidade e a emoção. Dois exemplos citados por ele são os filmes “Luzes da Cidade” – rodado após a morte da mãe de Chaplin – e “O Circo” – que lembrava a infância difícil e traumática do artista. “Vida simbolicamente equilibrada e vivida em um fio de arame”.


Primeiros passos na rua

Chaplin e criança em filmagens / Foto Divulgação

 

O Museu Chaplin mostra a vida desse artista único, nascido em Londres, em 16 de abril de 1889, e falecido em Vevey, na Suíça, em 25 de dezembro de 1977. Ainda criança Chaplin apresentava-se na rua, acompanhando seus pais, os artistas itinerantes, Charles Chaplin Sênior e Hannah Chaplin, conhecida como Lily Harley (nome artístico).

Mais tarde, Chaplin começou a criar seus próprios espetáculos até a estreia no cinema mudo.

 

Chaplin em cena / Foto Divulgação

 

Chaplin casou-se pela primeira vez aos 19 anos, com Mildred Harris, em 1918, final da Primeira Guerra Mundial. Dessa união nasceu seu primeiro filho, Norman Spencer, que morreu três dias depois por problemas de saúde. O casamento também terminou dois anos depois, em 1920. A segunda esposa foi Lita Grey, com quem Chaplin se casou, em 1924, e, teve dois filhos, ambos atores e já falecidos: Chaplin Júnior, nascido em 1925, e Sydney Earle Chaplin, em 1926. O casamento com Lita acabou em 1927.

 

A terceira esposa de Chaplin foi a famosa atriz Paulette Goddard. Encontraram-se pela primeira vez, em 1932, nos estúdios de Hollywood, apaixonaram-se num piscar de olhos e formaram uma dupla artística e amorosa de sucesso. Paulette e Chaplin fizeram vários filmes juntos. O mais famoso é “Tempos Modernos” de 1936. Esse filme fez com que  Paulette Goddard ganhasse fama mundial. A relação durou oito anos. Viviam em uma mansão em Beverly Hills – até hoje existem dúvidas sobre o casamento deles. Chaplin afirmava que tinham se casado em Cantão, na China, em 1936. Mas, em várias de suas biografias, Paulette Goddard não aparece como sua terceira esposa. Dizem também que o divórcio deles teria ocorrido, no México, em 1942, quando a atriz já havia se encantado com o compositor George  Gershwin. 

 

Chaplin e Paulette Goddard em “Tempos Modernos”, de 1936 / Foto Divulgação

 

Encontro com Oana O´Neill

Depois dessa relação, Chaplin permaneceu solteiro por um longo período de tempo e não pensava em se casar novamente, após três experiências malsucedidas. Aos 53 anos, conheceu a jovem Oona, durante uma visita que fez ao amigo Eugene O´Neill  – dramaturgo e vencedor dos prêmios Nobel de Literatura e Pulitzer – e mudou de ideia.

 

Chaplin e seus seis filhos/ Foto Divulgação

 

Filha de Eugene e da escritora Agnes Boulton, Oona tinha 18 anos, e encantara também o famoso escritor J.D.Salinger (autor de “O Apanhador no Campo de Centeio”) que estava pronto para se casar com a jovem. Mas, seu rival, o “velho Chaplin”, levou a melhor. Salinger saiu machucado desse roteiro romântico sem final feliz. Talvez, por ter conhecimento da psicologia feminina, Chaplin tenha tirado da  manga a carta certa: a do “marido-pai”  – O’Neill era considerado um pai ausente e austero. O fato é que Oona acabou casando com Chaplin, 35 anos mais velho que ela. O casamento deles, realizado em 1943, também durou 35 anos – até a morte de Chaplin.

 

Chaplin e Oona na época em que se conheceram / Foto Divulgação

 

Chaplin viveu grande parte de sua vida e de seus três casamentos nos Estados Unidos, mas a perseguição a que foi submetido no período de McCarthy (1947-1954)  obrigou-o a sair do país e a mudar-se para a Suíça com a família, onde permaneceu tranquilamente até 1977 – ano de sua morte. Ele morreu no dia do Natal, aos 88 anos, cercado de filhos e netos. Uma de suas  filhas  relembrou: “Papai sempre detestou o Natal, porque lembrava do tempo em que era uma criança pobre e conseguiu morrer em 25 de dezembro – o que comprometeu bastante as festas natalinas da família”.

 

A família Chaplin com seis dos oito filhos/Foto Divulgação

 

Todos os 8 filhos reunidos com o casal / Foto Divulgação

 

Chaplin e Oona tiveram  oito filhos – muitos deles seguiram a profissão do pai dedicando-se ao teatro, cinema e Victoria, a quarta filha, às artes circenses.

Le Cirque Invisible e Mr. Chocolat 

Victoria Chaplin , do "Le Cirque Imaginaire", e a filha Aurélie, também artista circense

 

Victoria Chaplin, a quarta filha do casal, nasceu em 1951 e é a que mais se assemelha ao grande Chaplin. Sua paixão pelo circo, cultivada desde criança quando montava espetáculos nos jardins de casa aos cinco anos, persiste até hoje. Casada com o ator e diretor francês Jean Baptiste Thierrée – fundou com ele a conhecida companhia circense “Le Cirque Invisible” – que se exibiu em várias partes do mundo. O casal tem dois filhos Aurélie, que nasceu em 1971, e, James Thierrée, que nasceu em 1974, ambos artistas circenses. James ganhou projeção internacional com o filme “Mister Chocolat”, de 2016, no qual interpreta o clown branco. Seguindo desde de pequenos as artes circenses, com a linguagem contemporânea, a filha e os netos de Chaplin se afirmaram no panorama artístico mundial.  

 

Neta de Chaplin, Aurélie, em espetáculo circense contemporâneo/Foto Divulgação

 

Victoria Chaplin e James Thierrée, em "Le Cirque Imaginaire" / Foto Divulgação

 

Clique aqui  para ler reportagem do Panis & Circus  sobre “Mister Chocolat” 

Clique aqui para ler reportagem do Panis & Circus  sobre Le cirque invisible

Serviço    
Museu Chaplin – Chaplin´s World – localizado na cidadezinha de Corsier-sur-Vevey, denominada “Le Manoir de Ban”, na Suíça Francesa.
Ingressos – 23 francos suíços (adultos) e R$ 17 francos suíços (crianças) – o franco suíço equivalia a R$ 3,61 em 3/6/2016. 
A Suíça  espera atrair 100.000 visitantes por ano para a visita ao Museu Chaplin. Um trem rápido liga a cidade de Milão, na Itália, a Vevey, na Suíça, em uma viagem de três horas. Mais informações em INFO. chaplinsworld.com
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Postagem – Alyne Albuquerque

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