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Olha o palhaço no meio da rua!

Registro de palhaço durante a programação do Festival de Circo de Taquaruçu

  

Rose Dayanne Santana – Especial para o JTo

O festival já estava no terceiro dia, recheado de uma programação incrível e gratuita. Com o feriado de Corpus Christi muitas famílias aproveitaram para subir a serra e vivenciar o fantástico mundo circense. Estava lotado. E o “respeitável público” se acomodou como pôde para receber os Sacerdotes do Riso – Hotxuás, da etnia Krahô, e as mais de dez companhias circenses que se apresentaram no picadeiro da praça.

Pela primeira vez em Taquaruçu, os palhaços sagrados do povo Krahô arrancaram risos da plateia e despertaram curiosidades. “É diferente e legal”… “Estava curiosa para ver os índios palhaços”… “Eles não falam na apresentação, né” … comentavam .

Os Hotxuás têm uma função social para os indígenas, pois representam um elemento de equilíbrio. Em situações cotidianas, eles brincam com as possibilidades, oferecem outros ângulos, sempre buscando e propagando o riso. Os Hotxuás são muito respeitados e a missão do riso é passada de geração a geração, ao nascer uma criança Krahô recebe o nome de um Hotxuá e dará continuidade à tradição.

As emoções da Noite dos Palhaços não pararam por ai. A cada número, brincadeira, interação, risos e mais risos, a sensação que se tinha era de que podia rir ainda mais e mais. Muitas companhias se apresentaram na grande noite, uma delas foi a Cia. Carroça de Mamulengos, do Ceará, uma família circense que percorre o País há quase de 40 anos. E pequena palhacinha Quinquinha, com seus dois ou três anos, numa atuação com sua mãe, Maria, arrancou muitos suspiros e risos.

Destaque também para os palhaços Catitu e Catrinha. Com espetáculo concebido por eles, Artur Carneiro e Thaina Luz são alunos do projeto Circo Social Os Kaco, sediado em Taquaruçu. Desde 2013, o projeto promove atividades de formação para crianças e adolescentes, com diversos cursos gratuitos de técnica circense, capoeira, agroecologia, entre outros.

Cada palhaço, cena, brincadeira, acrobacia, jeito, trejeito, som, cor, ornamento, despertava emoções, sensações, e risos soltos. “A arte circense tem cor, luz, brilho, energia. E faz a vida mais feliz”, destacou a professora Sádia Soares. A alegria abraça, transborda e contagia. Não é por acaso que a plateia levou para casa o gostinho de quero mais. E tem mais? Tem sim senhor… Essa maia do circo não encerra-se com o festival e na verdade, está virando rotina no distrito de Taquaruçu. Quem vive ou passa por lá em um dia de semana, corriqueiro, é bem provável que encontre o uma criança indo comprar pão andando de monociclo, ou mesmo malabariando com as frutas que a mãe acabou de comprar no mercado.

Acompanhar a tarde e a noite dedicada aos palhaços foi ter a chance de mergulhar um pouco do mundo mágico da arte circense; é rir até doer o canto da boca; é tentar entrevistar um palhaço e não parar de rir, pois ele não está sendo entrevistado, é você que acaba de fazer parte de um número ou de uma brincadeira dele. É segurar seu amigo que não se segura em cima da perna de pau; é conversar com o senhorzinho de quase 70 anos, que não respondeu sua pergunta, mas contou um monte de histórias pra você.

É ver uma menininha de talvez dois ou três anos fazer seu número direitinho como lhe ensinou a mãe da filha. E assim, só me resta dizer que neste feriado de Corpus Christi meu norte foi o circo e vida longa ao Festival de Circo de Taquaruçu.

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