Arte em Movimento
Circo inspira o artista Inos Corradin; Escultura em tamanho natural de Ugo Rodinone
Circo: fonte de inspiração de Inos Corradin
O equilistra é um dos personagens eternizados na obra do artista
Fernanda Araújo, especial para Panis & Circus
Inos Corradin é uma figura genial: o artista plástico tem obras nos quatro cantos do mundo, mais de 400 exposições (200 internacionais) e uma coleção de prêmios. Um italiano bonachão de 86 anos que cresceu em um vilarejo no qual o circo, hoje fonte de inspiração, era a única forma de entretenimento. Um rapaz que na juventude descobriu no Brasil a beleza das mulatas, matou a fome com oferendas à Iemanjá e trocou prosas de boteco com personalidades como um certo Dorival Caymmi. Um sujeito que vendeu um quadro a Jânio Quadros, mas jamais entregou a obra. Um ilusionista de alma colorida, como tantos de seus personagens.
Radicado em Jundiaí, interior de São Paulo, Corradin é conhecido por pintar quadros, painéis, cenários e murais com personagens do circo, do futebol e da igreja, além de paisagens. Em fase mais moderna, investiu em uma paleta de cores vibrantes e na produção tridimensional, por meio de esculturas. Em todas as épocas, porém, seus traços anárquicos seguem irretocáveis.
“Para Inos, o artista itinerante é transformador do mundo, um grande iniciador. É a ponte entre o homem e a divindade. Remete ao papel do artista errante que é o de formular e criar formas com aquilo que se vê e faz. É uma parte coletiva da vivência e da forma. Seu trabalho tem uma herança da Commedia dell’ Arte, onde as trupes percorriam as aldeias, os artistas montavam o palco, faziam fantasias, máscaras e enredos. A fidelidade de Inos ao trabalho e a capacidade de produzir imagens é um ato de fé na crença da humanidade”, explicou Jacob Klintowitz, crítico de arte e autor do livro “Inos Corradin – O Ilusionista na Estrada” (edição bilíngue português/inglês, integrante do projeto ‘Resgatando Cultura’, do Instituto Olga Kos), lançado em agosto de 2015, na Cinemateca Brasileira.
História recente
Em 2014 um episódio deixou Inos mais popular: uma escultura de bronze inspirada no futebol foi furtada por dois alemães no saguão do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos/SP. A ação foi filmada por câmeras de segurança e a peça, avaliada em R$ 25 mil, voltou ao lugar de origem. Batizada de ‘A Bicicleta’, a obra integrava a mostra ‘Bate-bola: Embarque de uma Paixão’, no Terminal 3 do aeroporto. Diante da ocorrência, Corradin aproveitou para tirar um sarro e disse que os alemães ‘estavam empolgados com o título recebido na Copa’.
Reconhecimento internacional
A obra de Corradin foi descrita por dezenas de críticos, em várias línguas. Boa parte da trajetória está presente no livro “Inos – 50 anos de Pintura” (Editora Biografia, esgotado) e no documentário “Inos” (produzido pela Cenaset). Mas a equipe do Panis & Circus queria saber mais. Então, em uma tarde de fevereiro, decidimos fazer uma visita ao ateliê do artista, em Jundiaí.
Panis & Circus no QG do artista
Corradin vive em Jundiaí, pequena cidade do interior de São Paulo. Seu ateliê fica em uma casa de fundos, atrás de uma loja de produtos naturais. Um desenho assinado, entre o portão de ferro e o interfone, é a constatação de que estamos no local correto. De calça jeans e chinelos, o artista recebe nossa reportagem com um forte abraço.
Na casa, a parte inferior abriga materiais de trabalho e a parte superior funciona como sala de pintura e sala de estar. O único copo (um recipiente de requeijão) é repleto de cores encrostadas. A torneia da pia do banheiro é aciona por uma alavanca na parte debaixo do cavalete. Nas paredes assinaturas de visitantes, fotos e objetos presenteados pelos amigos – bens prestimosos.
Uma figura que faz figuras
Típico italiano, Corradin reclama do calor, dos tempos da juventude que não voltam mais e de um punhado de fatos (a maioria impublicáveis). Mostra-se um rabugento engraçado e inteligente, de memória virtuosa, que faz piada de tudo, inclusive dele mesmo. O papo mais sério começa com a chegada de Sandra Carnio, braço direito de Corradin, que ‘põe ordem na entrevista’ enquanto ajusta a hora no ultrapassado aparelho celular do pintor. Confira o que ele disse:
A infância e o Circo
“Nasci em Vogogna (Piemonte), mas fui ainda menino para Castelbaldo (Província de Padova), lugarejo com 1.500 habitantes, e fiquei até a juventude. Não tinha cinema e, bom, até hoje não tem uma sala de cinema. Então o circo era o único divertimento. Tinha o cinema mambembe, com barracão, com telão. E tinha também o circo montado. Gostava dos palhaços, dos malabaristas, mas não tinha um personagem preferido. Gostava de dar risada, era um menino comum. Até hoje eu adoro ver espetáculos de circo na TV”.
Primeiras pinceladas
“Estudei um pouco de pintura com o Tardivello, mas eram tempos difíceis de guerra e eu trabalhava como mensageiro. Um dia me disseram que o Pendini precisava de um assistente para ajudar a pintar um mural (obra em homenagem aos mártires da resistência, em Castelbaldo). Foi minha primeira experiência profissional”.
Sorte de principiante
“Quando eu cheguei no Brasil, em São Paulo (com 21 anos de idade), coloquei meus desenhos embaixo do braço e fui procurar emprego no centro da cidade. Estava perdido, na região da Rua 24 de Maio. Então pedi ajuda para um homem que estava passando. Por acaso, ele era italiano e a identificação foi imediata. Ele conhecia uma cooperativa de pintura (Politoni) na Vila Mariana, estava indo para lá de bonde e me chamou para ir junto. Tive muita sorte e olha que São Paulo já era bem maior que Castelbaldo”.
Bahia
“Trabalhava em São Paulo, na cooperativa de pintura Politoni, na rua Domingos de Morais. Fazíamos ampliação de fotografias e pinturas. Naquele tempo, íamos de casa em casa oferecendo o serviço, as pessoas gostavam de ter a fotografias pintada dos filhos. E, de presente, dávamos uma paisagem.
Em 1953, um dos pintores, Geraldo Trindade Leal, me chamou para ir à Bahia. Primeiro fomos para Niterói visitar uma família de poloneses. De lá pegamos o Comandante Capella, um navio costeiro, e a viagem durou dez dias. Chegamos no dia 2 de fevereiro, aniversário de Iemanjá. Ali só tínhamos dinheiro para duas noites de pensão, à rua do Cabeça, onde tinha o bar Anjo Azul. O núcleo artístico naquele tempo era ali em Salvador. Tinha Mário Cravo Júnior, Carybé, Pancetti, Rubem Valentim. O Valentim era dentista, feio como um demônio, e veio me visitar muito em São Paulo.
Fomos até a casa do Pancetti. Eu nem gostei dos quadros dele, mal embrulhados com papel, tudo jogado. Naquela noite eu ouvi as duas músicas brasileiras que ficaram gravadas em na minha cabeça: ‘Índia’ e ‘Meu Primeiro Amor’. Até hoje quando ouço essas músicas me lembro dos meus primeiros anos no Brasil.
Mas aí o Pancetti disse que naquele dia ‘os pretos’ colocavam a comida da melhor qualidade na praia para a deusa Iemanjá. Morrendo de fome eu pensei que a mulher não podia comer tudo aquilo sozinha. Era uma homenagem, só depois eu entendi. Então pedi um saco de estopa para o Pancetti, fui à praia e enchi de vatapá, caruru e frango assado. Levei tudo para a pensão. Geraldo não queria comer, mas não resistiu. Porra, a gente tava morto de fome”.
A primeira exposição e Jânio Quadros
“Minha primeira exposição individual foi ali em Salvador, em 1953, na galeria Oxumaré. No mesmo dia inaugurava o Banco da Bahia, do Clemente Mariani, e ele tinha convidado muita gente importante do Rio de Janeiro e de São Paulo. E essa turma toda foi na minha exposição, pois o banco foi inaugurado durante o dia e não havia mais o que fazer depois. Vendi todos os quadros. Entre os famosos da noite, Jânio Quadros comprou um pequeno Cristo, pagou, mas não levou o quadro pois recebeu um telefona e teve que voltar para São Paulo com urgência. E tudo bem, fiquei de entregar depois.
Em 1954 fui contratado como cenógrafo do Ballet do IV Centenário. Por acaso levei o tal quadro e o coreógrafo Aurélio Millos resolveu comprá-lo. Eu disse que não, mas minha tentação era mesmo ter o dinheiro no bolso outra vez. Eu disse que precisava entregar a obra para o Jânio, mas o filho da puta insistiu tanto que eu vendi de novo.
Mas o mundo é pequeno. Uma noite, o Duílio, um amigo meu de Ibiúna, me chamou para ir à exposição da mulher do Laudo Natel (então governador de São Paulo), dona Zilda Natel, que pintava quadros. De repente, um silêncio de morte e Jânio Quadros entra no salão. Falei para o Duílio não me chamar de Inos, pois com essa porra de nome, ele ia me reconhecer. Queria me chamar Mário, mas não tinha jeito. Sei que logo depois eu ouço: ‘Inos, é você? Como vai? Você me deve um quadro!’. Ah, puta que pariu! Eu pedi para ele me desculpar e expliquei que tinha vendido o quadro. Ele deu risada. Na época ele pintava umas corintianinhas. Ele era corintiano roxo. Então eu falei ‘Dr. Jânio, o senhor me dá uma corintianinha e eu te dou um quadro’. Mas ele disse: ‘eu não te devo nada, você que me deve’. Mas como ele morreu antes, eu não dei quadro nenhum”.
Um certo Dorival Caymmi
“Na galeria onde estávamos, em Salvador, havia um bar. E eu bebia muito, estava sempre lá. Um dia Jarbas, o garçom, me disse que tinha um músico conhecido ali. Mas, não liguei, não conhecia ninguém, não falava português direito. Então, eu comecei a falar com o tal músico e ele me preguntou se eu conhecia uma canção italiana nova chamada ‘Luna Rosa’ que ele adorava. Eu disse que sim, mas a música não era tão nova na Itália e até cantei um pedaço. E ele cantou para mim ‘João Valentão’, música que ele estava terminado de fazer. Fui o primeiro a ouvir”.
Neurotapia
“Bebia um litro de whisky por dia e ficava caído na rua. Tenho vergonha do que fiz. Sei que foi muito ruim para a minha família. Estava com uma exposição marcada, mas não conseguia produzir, então saí pedindo quadros emprestados para amigos e galerias. Até que um dia passei muito mal e o médico disse que era o fim da linha. Ou eu parava de beber ou eu morreria. Eu parei. Não ponho um gole de bebida alcóolica na boca há 23 anos.
Mas aí meu corpo começou a travar. Tive neuropatia por um bom tempo. É uma doença causada pela abstinência. Se eu bebesse um copo de whisky eu melhorava na hora, mas não podia beber. Tempos difíceis”.
O processo de criação
“Desde 1953 eu pinto. Até quando eu mexi com madeira, em Ibiúna, eu continue pintando. Tenho minha temática definida. Eu pinto músico, malabarista, equilibrista, flores, paisagens, casarios, o mar.
O pintor colorista usa todas as cores. Não tenho uma cor preferida, mas tenho composições preferidas. Vermelho e verde se complementam, então o pintor combina graduações. Em paisagem me motiva mais o pôr do sol de amarelo para o vermelho. O meu azul tem sempre um esverdeado no meio, uma composição que é, na verdade, o meu tom de azul. Tem pintor aí que eu não vou falar o nome que pintar e desenhar é tudo igual, porque ele faz tudo em marrom. Assim, nunca será um colorista”.
Gosto muito de ler. Quando cheguei no Brasil tinha lido toda a literatura Russa daquele tempo. Agora estou lendo sobre a vida de Michelangelo. Também gosto de ficção e aventura, leio por pelo menos uma hora antes de dormir. Minha inspiração vem à noite. Eu desenho à noite e no dia seguinte venho para o ateliê e passo para a tela”.
Religião
“Eu não sou religioso, mas um dia vi um quadro meu antigo, um bumba meu boi, do folclore brasileiro e fiquei impressionado. Só Deus poderia ter guiado minhas mãos. Eu acredito nisso. Hoje nem saberia como fazer. Se o Deus que eu digo é Deus, ele pode fazer qualquer coisa. Há um ser superior”.
A família
“Eu estava noivo da filha de um delegado e tinha uma fabriquinha de brinquedos de madeira. Minha mulher namorava o professor de matemática. O pai dela era de uma das famílias mais importantes de Ibiúna e estávamos ficando amigos. Eu já gostava da Helena e, brincando, começamos a namorar. Foi um escândalo. Isso foi depois da Bahia. Estamos casados até hoje, com filhos que eu adoro e netos que eu amo”.
Provérbio italiano
“Tem uma frase em italiano arcaico que diz algo do tipo ‘Podia, não fiz. Agora que quero, não posso’. O ser humano é sempre incompleto. A tarefa do homem acaba com sua morte. Sempre temos uma bagagem de desejos, mas há espinhos no caminho. “Gostaria de ter 20 anos a menos para fazer ainda mais coisas”, conclui Inos Corradin, atuante em seus 86 anos.
Biografia do site www.inoscorradin.com.br
1929 – Nasce em 14 de novembro, em Vogogna, Piemonte, Itália. Com alguns meses seus pais se transferem para Montreux, Suíça Francesa, onde permanece até os cinco anos de idade. Depois, volta para a Itália, em Castelbado, Província de Padova, terra de seus pais, onde passa a infância e juventude.
1945 – Estuda pintura com o professor Tardivello.
1947 – Colabora com o pintor Pendini na execução de um mural alusivo aos mártires da resistência italiana, em Castelbaldo, Padova (Itália).
1950 – Chega ao Brasil.
1951 – Conhece o pintor argentino Osvaldo Navarro que dirige o “Atelier Cooperativa Politone” na Vila Mariana, São Paulo. É convidado a fazer parte do núcleo artístico do qual participam Ian Woronieki, Geraldo Trindade Leal e mais cinco pintores.
1952 – Convidado a participar do II Salão Paulista de Arte Moderna de São Paulo.
1953 – Chega a Salvador, na Bahia, com o pintor Trindade Leal. Conhece o grupo artístico baiano da época: Mário Cravo Júnior, Rubens Valentim, Aguinaldo dos Santos, Carybè, Raimundo de Oliveira, Pancetti, Jenner Augusto, Wilson Rocha e Mirabeau Sampaio, o crítico Wilson Rocha e o cantor e compositor Dorival Caymmi.
1954 – Convidado a participar do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Osvaldo Gil Navarro convida a participar da equipe de cenógrafos do Ballet do IV Centenário de São Paulo. Executa cenários para ballet e peças teatrais.
1955 – Continua ativo como cenógrafo.
1957 – Começa uma nova fase de sua vida. Chega a Ibiúna, São Paulo, onde pinta e trabalha em uma pequena fábrica de brinquedos de madeira. Nesta cidade, conhece o seu primeiro e mais importante marchand: Américo Reisfeld, que após cessar suas atividades é sucedido por seu genro, Josef Bar-Tzion, que o representa em diversas exposições internacionais.
1960 – Casa-se com Maria Helena Rolin Carmelo com a qual teve três filhos.
1976 – É representado pela Carla Surian Albori com exclusividade na Europa.
1977 – Faz sua primeira exposição individual na ‘Galeria de Arte André’ – São Paulo, hoje denominada Galeria de Arte André, onde trabalhou com exclusividade para André Blau, desde o começo da década de 60.
1979 – Contratado para pintar um cenário 8 x 11m para o teatro Rovigo, na Itália.
1990 – A Prefeitura de Jundiaí adquire cinco obras, com motivos religiosos, que estão expostas no Velório Municipal ‘Adamastor Fernandes’.
1993 – A Prefeitura Municipal de Jundiaí lhe presta uma homenagem pelos ’40 Anos de Pintura’, organizando uma exposição retrospectiva no Paço Municipal ‘Nova Jundiaí’, com obras emprestadas por inúmeros colecionadores.
1997 – Lança o livro ‘La Visione Incantata’ na Galeria de Arte André, em São Paulo, com uma exposição. O título é lançado simultaneamente no Brasil e na Europa, por Edas – Edizioni D’Arte Surian.
2001 – Lança o livro ‘Venticinque Anni di mostre in Europa’, por Edas –Edizioni D’Arte Surian.
2002 – A Companhia Italiana Costa Navegações lança ao mar o navio Costa Atlântica em Veneza e o contrata para decorar as cabines com 800 serigrafias e 42 óleos sobre tela. Passa a fazer parte dos anais da Câmara Federal (no Brasil) com discurso feito pelo Deputado Federal André Benassi ressaltando sua importância na pintura no Brasil e exterior.
2004 – Comemora 50 anos de pintura com uma grande exposição no Hotel Intercontinental, na Alameda Santos, em São Paulo, onde lança o livro ’50 Anos de Pintura’, editado por Auderi Martins.
2005 – É solicitado pela Prefeitura Municipal de Jundiaí, através do Prefeito Ary Fossen para criar um selo comemorativo dos 350 anos da cidade. Este selo também foi lançado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
2006 – É homenageado pela Associação Terapêutica de Estimulação Auditiva e Linguagem – ATEAL, juntamente com a Prefeitura Municipal de Jundiaí, em função de sua benemerência com as crianças assistidas dessa ONG, que inclusive reproduziram de forma singular algumas de suas obras.
2007 – Pinta o óleo sobre tela ‘Tributo à Serra do Japi’ (l,80m x 9,00m), cuja réplica transformada num painel encontra-se em exposição permanente na Rodoviária de Jundiaí, a convite do Prefeito Ary Fossen.
2008 – Lançamento do documentário ‘Inos’ que traça um panorama de sua vida artística nos seus 56 anos de carreira, bem como curiosidades de sua vida pessoal.
2009 – Ano em que Inos completa 80 anos. As comemorações começaram em maio, na Itália, onde ele foi homenageado pela Prefeitura de Padova, através do Prefeito Flavio Zanonato, com uma exposição num Palácio Medieval do século XVI, na Salla della Gran Guardia na Piazza dei Signori. Em setembro, Inos fecha as comemorações com uma grande exposição na Galeria de Arte André, onde trabalhou com exclusividade por 30 anos. Inos retorna à sua velha casa, depois de percorrer um longo caminho com mais de 200 exposições internacionais. Ainda em 2009, lança a 2ª edição do livro ’50 Anos de Pintura’, com uma noite de autógrafos na Livraria da Vila, Alameda Lorena em São Paulo.
2010 – A Prefeitura de Jundiaí, por iniciativa do prefeito, Miguel Haddad, presta-lhe uma homenagem pelos seus 80 anos com uma exposição de esculturas e fotos de sua carreira ao lado de familiares e celebridades do mundo das artes, da música e da política nacional e internacional. O momento mais emocionante da homenagem foi o espetáculo musical, organizado por sua assessora Sandra Carnio, chamado ‘Um Concerto para Inos’, com músicas que retrataram momentos marcantes da vida do pintor, tendo à frente a cantora Clarina Fasanaro e músicos convidados. A convite do artista Ivald Granato passa a integrar o Grupo dos Onze (G11), composto de renomados artistas da atualidade, dentre eles Cláudio Tozzi, Mario Gruber e Peticov, entre outros. A escultura ‘O Saxofonista’ é escolhida para premiar sessenta grandes nomes da indústria musical brasileira no evento ‘Expo Show Business’, promovido por Tom Gomes.
2011 – É homenageado com a exposição ‘Gabinete de Arte Inos Corradin’ na Câmara Federal, Brasília (DF), por ocasião do ‘Momento Itália/Brasil’. Inos que chegou ao Brasil na década de 50 é um símbolo da ligação e amizade entre brasileiros e italianos.
2013 – É homenageado na cidade de Padova, Itália, com o prêmio ‘Città di Padova 2013’ pela sua trajetória artística.
2014 – Apresenta a exposição ‘Bate-Bola – Embarque de uma Paixão’, no aeroporto internacional de Guarulhos.
2015 – Lançamento do livro ‘Inos Corradin – O Ilusionista na Estrada’.
Agradecimento: Galeria de Arte André
As obras de Inos Corradin estão expostas em quase todos os países da Europa, na América do Norte e América Central. Israel é um dos grandes compradores. Hoje não há exclusividade, mas no Brasil é possível encontrar várias das peças na Galeria de Arte André, local bastante frequentado pelo artista – e onde realizamos a sessão de fotos. www.galeriandre.com.br
***
Palhaços do artista Ugo Rondinone viajam pelo mundo
Ivy Fernandes, de Roma
Imaginem o que significa viajar pelo mundo na companhia de 45 palhaços e seus figurinos e mais acessórios como perucas, chapéus, maquiagem, sapatos, pompons, luvas e centenas de quadros com arco-íris. É o que faz há alguns anos o artista plástico Ugo Rondinone, que inaugurou sua exposição “A solidão do clown”, em 10/6, em Roma, no Museu MACRO Testaccio, e que se estende até 11/9. Essa mostra, vinda do prestigiado Museu Boijmans Van Beuningen, em Rotterdam, tem como título original “Vocabulary of Solitude”, e apresenta as obras de arte de Rondinone: esculturas de palhaços, em tamanho natural, de todas as cores e em diferentes posições.
As esculturas são tão autênticas que o público tem vontade de tocar, sentar ao lado dos clowns, fazer selfies e até mesmo “conversar” com eles.
Para demonstrar como os clowns atraem as pessoas e passam a conviver com elas, Rondinone, que, atualmente, vive e trabalha em Nova York, levou alguns deles para o Central Park. Lá, seus amigos que o acompanharam puderam constatar a atração – não passaram sequer cinco minutos e várias pessoas posicionaram-se ao lado de um clown sentado em um banco do parque e o integraram a seu cotidiano. O artista ficou satisfeito com a recepção de sua arte no contato com o público.
“Rondinone”, afirmam os críticos italianos, “tem a habilidade de fazer com que saia de dentro do adulto a criança escondida em algum lugar de seu peito”.
As esculturas dos 45 clowns – que parecem ser de carne e osso – ocupam o grande pavilhão do museu MACRO Testaccio, em Roma. Eles são impactantes por seu conjunto e pela quantidade de cores e luz.
É a primeira vez que Rondinone expõe seus trabalhos na Itália. Depois, ele segue para Miami, onde apresentará seus clowns durante a Art Basel, no Bass Museum.
Os 45 palhaços em suas 45 posições corporais representam parábolas do dia a dia, em suas 24 horas, e evidenciam o desvario e a profunda solidão humana.
Esses palhaços estão vestidos com apuro com atenção aos detalhes: a clássica túnica colorida, a gola feita com tule e em alguns trajes são enriquecidos por uma ‘nuvem’ de paetés. A máscara é a do clown branco com nariz vermelho, cílios longos e naturais, um chapeuzinho no estilo Chaplin, luvas brancas, grandes sapatos e meias coloridas estão presentes em todas as esculturas. Uma é diferente da outra nos traços – alguns são asiáticos ou lembram os vikings – a maioria é masculina. Poucas palhaças fazem parte da mostra. As esculturas retratam os palhaços em ações cotidianas: do acordar ao sonhar. Eles eles estão sentados, deitados, ajoelhados, sempre com os olhos fechados – marcas de sua solidão.
“Não sou fanático dos palhaços, mas para mim”, afirma Rondinone, “eles não têm idade e gênero – tudo é neutro”. Segundo o artista “a presença dos palhaços é uma metáfora da existência, cada um deles tem o nome de um verbo: ser, recordar, sentir, amar, sofrer, esperar, cheirar, descansar, mentir, pensar, dormir, sonhar, acordar e por ai vaí. A melancolia do palhaço coloca em cena, o drama do homem ridículo misturado com vibrações cromáticas que superam a tristeza”.
Rondinone: admirado pelo público e crítica
Conhecido e admirado pelo público e pela crítica, Rondinone nasceu na Suíça, em 1964, na cidadezinha de Brunnen, e se formou na Universidade de Artes Aplicadas (University of Applied Arts) na Áustria, em Viena. Iniciou a carreira nos anos 90 e já percorreu mais da metade do mundo com as suas exposições: Japão, China, México, Estados Unidos, quase toda a Europa. Pretende também nos próximos anos desembarcar na América do Sul, levando em sua bagagem seus palhaços para exibi-los em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires.
Artista original e de forte personalidade, Rondinone marcou a sua presença artística com dois elementos: os palhaços e o arco-íris. Paralelamente ás esculturas e aos desenhos, faz vídeos de arte, performances e fotografias. O ponto central do seu trabalho é o uso das cores fortes e vibrantes que produzem efeito psicodélico.
Seus desenhos de arco-íris iniciam-se da forma clássica circular e se transformam em “mandala”, seguindo as cores do amanhecer ao anoitecer que representam o universo. Alguns dos seus desenhos recordam as obras de Rothko, mas contém a percepção produzida pela Pop Art e vertigem óptica.
A obra de Rondinone gira em torno da fantasia e do desejo de um jogo surreal. Exibiu seus palhaços nos museus de arte contemporânea mais importantes do mundo como o New Museum de Nova York e o Louisiana de Copenhague.
Em 2007, representou a Suíça na Bienal de Veneza e, em 2013, expôs seu trabalho na “Human Nature al Rockfeller Center”, de Nova York. Entre as exposições mais recentes, Palais de Tokyo, em 2015. As suas obras de arte fazem parte das mais respeitadas coleções públicas e privadas como o MoMA de New York.
Local da exposição: MACRO Testaccio, Padiglione 9B, piazza Orazio Giustiniani 4, Roma – de 10 de junho a 11 de setembro de 2016
Postagem – Alyne Albuquerque