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Piccola Memória: picadeiro de ontem e hoje

 

Trupe de Piccola Memória / Ligiane Braga

 

 

Aline Araújo, especial para Panis & Circus

O espetáculo “Piccola Memória” brinca com a estética do circo brasileiro do começo do século 20 ao trazer ao palco uma pequena banda, responsável por toda a sonoplastia e trilha sonora ao vivo; jogo de luzes que forma composições em tons de cinza e sépia, que remetem a antigas fotografias; e números tradicionais de variedades, revitalizando o passado.

Como introdução a essa viagem no tempo, a primeira parte da peça, que poderia ser considerada um ato, representa uma trupe do início dos anos 1900 em busca da montagem perfeita para uma história folhetinesca, desdobrada da lembrança de uma das artistas. O texto desse primeiro movimento do espetáculo tem um tom emotivo, que fala àqueles que sentem saudade. Saudade da infância, saudade do circo da infância. São fragmentos de lembranças resgatadas por cada um no palco, que ora comovem, ora divertem.

 

Erica Stoppel no trapézio em cena de Piccola Memória / Paulo Barbuto


No entanto, é a segunda parte da apresentação que dita o ritmo da noite. O show de variedades que se segue à peça de circo-teatro mantém a atenção do público a cada número que começa. O primeiro deles, de saltos com gangorra, deixa a plateia apreensiva do início ao fim, ao ver os acrobatas dando mortais e sendo impulsionados para o alto com tanta força em um palco tão pequeno. A tensão continua com a performance da trapezista Erica Stoppel, que exibe habilidade e força em seu aparelho, desafiando a gravidade. Há ainda a dança delicada da bailarina (Marina Bombachini), que incorpora saltos e faz acrobacias no mão a mão com seu parceiro (Carlos Cosmai).

 

 

Acrobacia com Mariana Bombachini e Carlos Cosmai / Paulo Barubuto

 

O humor, durante todo o espetáculo, fica por conta dos palhaços Charlito (Ronaldo Aguiar) e Lola (Lu Viacava), em constante interação com a plateia, como quando improvisam uma canção com o nome de algumas moças e crianças sentadas nas primeiras fileiras ou jogam um balde de papel picado em cima do público. A energia que a dupla esbanja no palco é contagiante e o seu entrosamento garante a naturalidade e a graça dos números.


 

Os palhaços Lola (Lu Viacava) e Charlito (Ronaldo Aguiar) / Paulo Barbuto


Fechando o espetáculo, nada mais conveniente para sua temática nostálgica que o clássico equilíbrio de pratos! Realizado com agilidade, levantou o público, que batia palmas animado enquanto acompanhava ansioso o giro dos pratos e a correria dos artistas no palco.

 

Público acompanha o número dos pratos / Foto Aline Araújo

 

“Piccola memória” é uma grata surpresa, valendo-se da memória e da história do circo para mostrar em linguagem contemporânea como se faz arte hoje: no picadeiro, na rua ou em um pequeno auditório com seus riscos e risos.

Em três sessões no fim de semana de 16/6 a 18/6, Piccolo Circo – Teatro de Variedades, coletivo de São Paulo formado em 2013 por experientes artistas de diferentes companhias, estreou nacionalmente seu primeiro projeto e ganhou aplausos entusiasmados da plateia no Sesc Ipiranga.  

 

Ficha técnica: Piccola Memória

Direção Circense: Rosane Almeida. Direção do Circo-Teatro: Fernando Neves. Direção de Arte: Daniela Garcia. Direção Musical: Marcelo Zanettini. Direção dos Palhaços: Fernando Sampaio. Dramaturgia: Nereu Afonso. Elenco: Carlos Cosmai, Erica Stoppel, Lu Viacava, Marina Bombachini, Ronaldo Aguiar, Felipe de Oliveira, Luara Bolandini e Paulo de Pontes.  Local: Sesc Ipiranga – Teatro. Dias e horário:  sexta-feira e sábado 16/6 e 17/6, às 21h e domingo 18/6, às 18h

Foto da capa – Cena de Piccola Memória no Sesc Ipiranga durante Circos / Paulo Barbuto

 

 

 

One Response to "Piccola Memória: picadeiro de ontem e hoje"

  1. Williams Santana disse:
    às

    Parabéns pelo belo trabalho realizado com competência, carinho e respeito ao Circo de ontem, de hoje, e de sempre!!!!
    Williams Sant’anna – Xicó – Recife

    Responder

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