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Cirkopolis é muito bem feito e muito bom
Panis & Circus comprova a excelência do espetáculo
Bell Bacampos, da Redação
Cirkopolis, do Cirque Éloize, é impactante. Panis & Circus assistiu ao espetáculo da renomada companhia canadense, em 18/8, sexta-feira, no Teatro Lennox, durante a 70ª edição do Fringe – Festival de Edimburgo, na Escócia – que aconteceu de 4 a 28 de agosto. A trupe foi aplaudida de pé por mais de 400 pessoas. Merecidos aplausos.
Cirkopolis desembarca no Brasil em setembro para apresentações em Salvador, Rio, Belo Horizonte, São Paulo, Ribeirão Preto (interior de São Paulo) e Porto Alegre.
O espetáculo começa com um funcionário – interpretado pelo palhaço e acrobata Ashley Carr – sentado em sua mesa no escritório. Seus companheiros de função – uniformizados com longas capas cinza e chapéus – se movem roboticamente e despejam pilhas de papéis em cima de sua mesa. A pilha sobe a cada momento.
Ashley divide em dois as pilhas de papéis e que parecem que vão comprimir sua cabeça. Depois, cria um boneco de papel. Como pano de fundo, aparecem em uma grande tela, projeções de arranha-ceú, perfilados como se fossem uma muralha, e movidos por gigantesca engrenagem mecânica – imagens com efeitos similares a 3D.
Pouco a pouco, Ashley passa a agir de forma diferente ao habitual, a fugir do roteiro de seu cotidiano cinza e a dar formas à sua fantasia que assume cores, poesia e humor.
Em sua transformação, a mesa do burocrata Ashley vira plataforma de acrobacia e os malabares passam a fazer parte da rotina do escritório. Mais: a projeção ao fundo traz duas estátuas gregas que carregam, ironicamente, malabares.
Sem capa e chapéu
Aparece a moça de longos cabelos loiros, a acrobata Lea Toran Jenner, com vestido vermelho rodando em uma Roda Cyr. Sua saia levanta e deixa à mostra pernas e coxas em ritmo suave de sensualidade que se contrapõe a cena da roda dentada mecânica que gira projetada na tela.
Seis jovens acrobatas – distantes da feminilidade do número da Roda Cyr – despidos de suas capas e chapéus, se revezam em ritmo intenso na Roda Germânica em movimentos enérgicos.
No meio de prédios, vestida com maiô laranja, a artista desce de uma corda indiana que parece estar presa no céu. Ela executa movimentos precisos e parece uma silhueta perdida no meio do arranha-céu. Contraste e confronto de imagens de beleza concreta.
Em movimento oposto, dois acrobatas, com maiôs azuis, sobem em um mastro chinês como se fossem alcançar as nuvens.
A contorcionista anda nos ombros e nas mãos da trupe masculina enquanto as projeções mostram pontes e estações ferroviárias em constante movimento.
Em momento de solidão, Ashley pendurado em um cabide, improvisa uma dança com uma mulher – ou melhor – com um vestido de mulher pendurado no armário como ele.
Inspiração cinematográfica
Cirkopolis foi inspirado nos filmes Metropolis, de Fritz Lang, clássico do expressionismo alemão; e Brazil, o filme, dirigido por Terry Gilliam´s, integrante do Monty Python, e que mostram as engrenagens de grandes cidades em tempo de autoritarismo e burocracia envolvendo tecnicismos e conflito de classes.
Criado pelo diretor Jeannot Painchaud e o coreógrafo Dave St. Pierre, Cirkopolis já foi apresentado em 40 países, em 500 cidades, em mais de 4000 apresentações.
Em entrevistas à imprensa, Painchoud afirma que muitos o questionam se o circo contemporâneo como Cirkopolis é realmente circo ou é mais parecido com teatro e dança. Ele responde que é circo. E o ponto de partida a acrobacia. E em cena estão aparelhos circenses como a Roda Cyr, a Roda Germânica e o Mastro Chinês.
Cirkopolis mistura teatro físico, acrobacia, dança, música, roteiro intrigante e cenário com projeções inovadoras. É um espetáculo muito bem feito. Muito envolvente. Muito bom.
Temporada brasileira
Cirkopolis chega ao Brasil para sua temporada de 20 dias e vai se apresentar em cinco capitais e uma cidade do interior de São Paulo. Veja a programação:
Salvador – 9 de setembro – Teatro Castro Alves
Rio de Janeiro – 14 a 17 de setembro – Vivo Rio
Belo Horizonte – 20 de setembro – Palácio das Artes
São Paulo – 22 a 24 de setembro – Teatro Alfa
Ribeirão Preto – 26 de setembro – Theatro Pedro II
Porto Alegre – 29 de setembro – Teatro Bourbon Country
Ficha técnica: Cirkopolis
Diretores: Jeannot Painchaud e Dave St Pierre
Coreógrafo: Dave St Pierre
Compositor: Stefan Boucher
Designer: Robert Massicotte
Figurinista: Liz Vandal
Jeannot Painchaud (diretor), Dave St-Pierre (coreógrafo), Robert Massicotte (Set Designer, Set Designer e Video Projeções Co-Designer), Stefan Boucher (Compositor), Liz Vandal (Figurinista), Nicola Decôteaux (Light Designer), Alexis Lawrence (Video Projeções Co-Designer), Stefan Boucher (Compositor)
Intérpretes:
Maude Arseneault , Lea Toran Jenner, Joris De Jong, Mikael Bruyère- L’Abbé , Yann Leblanc, Olivier Patras, Nicolas Jelmoni , Charlotte O’Sullivan, Ugo Laffolay, Jonathan Julien,Frédéric Lemieux-Cormier, Maria Combarros e Ashley Carr.
Duração: 110 minutos
Panis & Circus e o Fringe 2017
O site cobriu o Fringe 2017 – que aconteceu em Edimburgo, na Escócia, de 4 a 28 de agosto – é considerado o maior festival de artes do mundo.