Pé na Estrada
Amaluna, do Soleil, presta homenagem às mulheres
Ivy Fernandes, de Roma
O novo espetáculo do Cirque du Soleil, Amaluna, vai poder ser visto pelos brasileiros ainda neste ano. Ele chega a São Paulo, no Parque Villa Lobos, em 5 de outubro e fica até 17 de dezembro. Em seguida, estreia no Rio de Janeiro, em 28 de dezembro, onde fará temporada no Parque Olímpico, até 21 de janeiro.
De acordo com o diretor-artístico, James Santos, Amaluna é uma homenagem à lua, como símbolo de feminilidade, e à força interior e à criatividade das mulheres. Por isso, a maior parte do elenco e dos integrantes da orquestra que acompanha o show é feminina.
O tema central de Amaluna é a relação entre mãe e filha. O show é inspirado em duas obras: A Tempestade, de Shakespeare, e a Flauta Mágica, de Mozart. Alguns quadros lembram a mitologia grega e também contos nórdicos.
Segundo Santos, a história se “passa” em uma ilha tropical em que uma mulher, a Rainha Próspera, se prepara para comemorar a maioridade da filha, Miranda. Os 18 anos de Miranda são festejados por sereias e criaturas do mar. Tudo corre tranquilamente até que um naufrágio leva à ilha marinheiros e Romeu, o comandante da embarcação perdida.
Ao se encontrarem, entre danças e exercícios de equilíbrio, Romeu e Miranda se apaixonam. Mas dificuldades e imprevistos ameaçam a harmonia do jovem casal. No final, a rainha cede o reino à filha. Durante o espetáculo, o público fica como que aprisionado por uma sequência de emoções.
A beleza dos cenários e a habilidade dos artistas é enriquecida pelos trajes criados por Merédith Ceron, com costumes repletos de luzes e reflexos, com direito a uma “chuva” de cristais Swarovski. Cento e sessenta roupas são usadas em cena. A festa de luzes, cores, magia e técnica é dirigida por Diane Paulus.
Caravana do Soleil tem mais de 150 pessoas
Na temporada de junho, realizada em Roma, com todas as cadeiras tomadas por cerca de um mês, a personagem Miranda, durante os ensaios, teve de se atirar inúmeras vezes em uma míni-piscina transparente até conseguir não jogar água para fora.
A caravana do Solei é composta por mais de 150 pessoas, entre artistas, músicos, cantores, costureiros, treinadores, responsáveis pela manutenção e até mesmo dois médicos para atender aos membros do circo.
Muitas das artistas são mães. Algumas carregam os filhos ao redor do mundo. A Deusa Lua, interpretada pela canadense Maire-Michelle Faber, de 38 anos, viaja com sua filha de 3 anos, Aba, que já fala francês e inglês. A mãe afirma que a garota nunca teve problemas. Gosta muito do ambiente do circo, mesmo sem muitos brinquedos, mudando sempre de ‘casa’ e dormindo em cidades e hotéis diferentes. “Aba vê o mundo do circo como sua família. É alegre e tranquila. Quando tiver idade escolar, vamos organizar um esquema de ensino doméstico, que vai servir também para os filhos dos outros artistas que viajam com a companhia.”
O dia-a-dia dos artistas
A americana Amara de Fillipo é especializada na ginástica de paralelas assimétricas. Ela desempenha o papel de uma das guerreiras amazonas em Amaluna e conta um pouco do sonho de entrar para o Cirque du Soleil e das dificuldades da vida de artista. “Desde criança, tinha como objetivo trabalhar no Cirque do Soleil. Mas era difícil. Após obter o diploma em Ginástica, fiz um teste e consegui ser aprovada.” Segundo Amara, não é fácil viver com a mala na mão, mas o trabalho compensa os sacrifícios. “Tenho saudades de casa, mas meus pais frequentemente vêm me visitar”, se consola.
A interprete da Deusa da Tempestade, outra americana, diz que uma das coisas que mais a incomoda é o tempo gasto na preparação para a entrada em cena. A maquiagem para ser perfeita demora mais de 1h30. Haley Viloria é acrobata e contorcionista. Ela se exibe no número de faixas aéreas. O namorado é um ginasta da companhia. Para o futuro, projeta realizar um business family, sempre no mundo do espetáculo. A palhaça brasileira Gabriella Argento vive um par romântico com um palhaço e faz esse papel há 5 anos.
Infraeestrutura europeia
As viagens do Soleil para turnês na Europa exigem robusta infraestrutura. A companhia utiliza 65 caminhões que são usados para o transporte dos equipamentos e das necessidades dos 150 artistas do Soleil. Só água é adquirida nos locais em que param.
A infra é composta ainda por duas cozinhas, sendo que uma delas funciona 24 horas, para anteder aos artistas que têm horário variado de treinamento. A montagem da lona demanda cinco dias de trabalho.
Nas localidades em que se apresentam contratam 200 pessoas que vão ajudar a levantar a lona e executar vários serviços, como segurança, bilheteria e divulgação.
Fundada em 1984 por Guy Laliberté, em Montreal, a companhia conta com 4 mil integrantes, entre eles, 1,3 mil artistas provenientes de 150 países. Atualmente têm 19 espetáculos rodando pelo mundo.
Lona no Parque
Amaluna apresenta-se no Parque Villa Lobos, à avenida Professor Fonseca Rodrigues, 2.001, de 3ª a 6ª, às 21h; sábados às 17h30 e 21h e domingos às 16h e 19h30. E fica em São Paulo de 5/10 a 17/12.
Ingressos: R$ 125 a R$ 450