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Circo é atração fixa da Virada Cultural, diz o secretário da Cultura Carlos Augusto Calil
Secretário municipal da Cultura destaca as ações contra a construção da Praça do Circo e a criação da Escola do Circo na cidade de São Paulo
O secretário municipal da Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, conversa com a reportagem do Panis & Circus durante as comemorações do aniversário de 35 anos da Abracirco (Associação Brasileira do Circo) e do lançamento do site, em 16/4, no Centro de Memória do Circo, no centro da cidade de São Paulo.
Calil afirma que a presença do circo na Virada Cultural de São Paulo já é marca do evento anual, que tem investimentos de R$ 8 milhões e mostra todos os gêneros artísticos. Em 2012, a festa acontece em 5 e 6 de maio.
Haverá atrações de ilusionismo, como “Tesouros Secretos do Oriente”, de Fábio De’Rose, apresentações do “Circolorido”, com Maga Mya e a Palhaça Pimpinela, shows de malabarismo e até degustação gastronômica.
O secretário municipal da Cultura afirma que os projetos de criação da Praça do Circo e da Escola do Circo enfrentam ações contrárias do Ministério Público.
A Praça do Circo está em julgamento na Justiça paulista por processo movido pela Associação Amigos de Vila Pompéia. Segundo Calil, “há uma campanha contra a criação da praça. Uma senhora que se arvora a dizer que é da Pompéia faz uma campanha desagradável para os circenses, afirmando que a Praça do Circo levará maus elementos para a Pompéia. É terrível, ela declarou isso para mim, declarou isso para jornais. Há uma pressão muito grande do Ministério Público contra a praça. É óbvio que se trata de campanha política”.
A Escola do Circo também preocupa o secretário porque “houve uma invasão de cidadãos sem moradias e, enquanto eles não saem do espaço onde ficará a escola, não dá para fazer nada. Há também um movimento do Ministério Público, que argumenta que eles não podem ficar sem moradias”. Apesar dos problemas, Calil pretende deixar equacionadas a praça e a escola antes do término de sua gestão, que é no final deste ano.
Leia a posição de Calil, que representa o pensamento cultural da cidade.
Panis & Circus – A Virada Cultural terá apresentações de circo?
Carlos Augusto Calil – Sempre tem.
Circus – Foram publicadas várias notícias e reportagens sobre a praça gastronômica, mas não vimos nenhuma sobre o circo.
Calil – Funciona assim: Vai ter música? A gente já sabe. Vai ter circo? A gente já sabe. O que houve de novidade no ano passado? A luta livre, que não é mais novidade neste ano. Qual é a novidade de 2012? Uma praça de alimentação com chefs, então, a imprensa noticia isso. A imprensa só quer saber do que é novo. Toda a programação está na internet.
Circus – Queríamos lhe perguntar sobre a futura Praça do Circo, que é uma das grandes expectativas dos artistas circenses. Vai existir mesmo?
Calil – Estou lutando muito para isso, vocês estão vendo. Há uma campanha contra a criação da praça. Uma senhora que se arvora a dizer que é da Pompéia faz uma campanha desagradável para os circenses, afirmando que a Praça do Circo levará maus elementos para a Pompéia. É terrível, ela declarou isso para mim, declarou isso para jornais. Há uma pressão muito grande do Ministério Público contra a praça. Hoje mesmo [16/04) fui convocado para uma reunião de esclarecimento do projeto no Ministério Público. Agora vou subir para meu gabinete e decidir a estratégia de resposta. Existem dificuldades, não somente do governo. O que o governo precisava fazer para criar a Praça do Circo foi solucionado. Mas essa senhora e a imprensa local batem o bumbo falando desses supostos elementos, contra os profissionais circenses. Dizem que nós vamos acabar com a Pompéia. Quem acabou com a Pompéia foi o shopping Bourbon. Não são os 400 lugares da lona do circo que vão destruir o bairro. É óbvio que se trata de uma campanha política.
Surgiu outra possibilidade recentemente, de local para a Praça do Circo, que é um terreno na zona norte que eu vou ver amanhã. O espaço é muito maior do que aquele da Vila Pompéia. Se isso se tornar uma boa iniciativa vocês vão saber, evidentemente.
Circus – Faltam espaços para os circenses armarem a lona e apresentarem seus espetáculos. É possível criar duas praças para o circo?
Calil – Teremos dois espaços ou teremos um lugar só para o projeto da praça. Como este é o último ano do atual governo, trabalho insistentemente no projeto. Sabemos que temos de viabilizar a construção da praça agora, do contrário, acaba a gestão e não haverá tempo suficiente para solucioná-la.
Circus – O senhor, saindo ao fim da gestão, não deixará o circo órfão?
Calil – Espero que vocês tenham o reconhecimento na próxima gestão que tiveram nesta. Não depende de mim, é o circo…
Circus – Depende muito do senhor, Calil, pois, como secretário, sempre incentiva todos os eventos circenses.
Calil – O que farei na transmissão do cargo é mostrar a meu sucessor tudo o que a gente fez e tudo o que ainda interessa que seja feito. Eu quero deixar avançado esse projeto do circo, não vamos deixá-lo para depois.
Circus – Ainda dá tempo?
Calil – Essa decisão do caminho a seguir é rápida e acho que será tomada no prazo de uma semana ou 15 dias.
Circus – O senhor não tem plano de deixar uma carta de intenção sobre a situação do circo?
Calil – Deixarei um relatório, sim. Mas o que mais me preocupa é a Escola de Circo aqui. Houve uma invasão de cidadãos sem moradias e, enquanto eles não saem do espaço onde ficará a escola, não posso fazer nada. Há também um movimento do Ministério Público, que argumenta que eles não podem ficar sem moradias.
O Ministério Público quer que providenciemos moradias para eles. A Secretaria Municipal da Cultura não tem competência para arrumar moradia para ninguém, isso é responsabilidade da Secretaria da Habitação.
A Secretaria da Habitação diz que não pode solucionar o problema, porque abriria precedentes para situações análogas, porque há uma lista, que é feita ao longo do tempo, em que as pessoas se inscrevem para obter moradias populares.
Essa lista não existe para atender os invasores, a Secretaria da Habitação não resolverá a demanda dessas pessoas nunca, então, há um impasse. Não posso resolver esse problema porque não tenho competência para dar respostas a esse problema.
A Secretaria da Habitação tem um método: pede que os cidadãos se inscrevam para obter moradias, e os cidadãos que se inscrevem serão atendidos. A pasta deseja criar uma solução de fato.
O Ministério Público acha que esses cidadãos têm razão, aí a coisa fica mais complicada.
Circus – Essa situação vai prejudicar uma categoria de profissionais que precisa trabalhar.
Calil – O problema é muito complexo.
Circus – O que achou de sua foto no meio das imagens dos palhaços no nosso site?
Calil – Ainda não vi a foto, mas me falaram bastante sobre isso.
Circus – O senhor não viu sua foto no bolo?
Veronica Tamaoki – Muito interessante o site delas, viu?
Calil – Vocês conhecem o novo secretário estadual da Cultura? Marcelo Mattos Araújo tomou posse, ele é um luxo, então, às vezes, as surpresas podem ser boas. Tudo pode piorar muito, sei disso, mas, às vezes…
Circus – O senhor conversou com Araújo sobre políticas culturais de governo?
Calil – Não, mas a gente vai fazer isso. A gente já combinou a conversa.
Tags: carlos augusto calil, escola do circo, pompéia, praça do circo, secretário da cultura, veronica tamaoki, virada cukltural
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