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Fringe: Circo da Abissinia e da Austrália
Ivy Fernandes, de Roma
Os destaques deste ano no Fringe, realizado em Edimburgo, no Reino Unido, foram o show Ethiopian Dreams, do Circus Abyssinia, a peça ‘geocomica’ Trump’d, sobre o presidente mais polêmico da história recente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a abertura do festival com o grupo australiano Wunderkammer e seu trapézio burlesco e sexy. Mais: o espetáculo Attraped me! da trupe circense de Quebec, no Canadá.
Mais uma vez o festival apostou na inovação para continuar crescendo. O programa foi diversificado contado com comédias e espetáculos musicais, break dance, artes circenses e questões contemporâneas como igualdade de gênero, luta de classe, religião, paródias etc.
Nas três semanas do festival foram realizados 3.548 shows, muitos gratuitos, espalhados por mais de 317 pontos da cidade, como ruas, praças, igrejas, escolas e monumentos. O Fringe contou com cerca de 350 artistas provenientes de mais de 50 países como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Colômbia, República Dominicana, França, Espanha, Etiópia, Burkina Faso e Zimbabwe.
De acordo com a diretora-executiva da Associação do Festival Fringe de Edimburgo, Shona McCarthy, a edição deste ano superou as expectativas dos organizadores. “Foi um festival fantástico, que contou com artistas de todo o mundo e levou o público a viver intensamente espetáculos emocionantes, cômicos, chocantes, alegres, imprevisíveis”, afirmou.
A diretora-executiva disse que o público pode ver shows que começavam às 10 horas e seguir a programação com outros que terminavam às 3 horas da manhã. “Uma carga de eletricidade percorreu a cidade. Se dormiu pouco, mas se viveu muito.” De acordo com Tim O’Shea, presidente do Fringe, foram vendidos 5% a mais de bilhetes do que em 2017, ou seja 2.838.839 de entradas.
Shona salienta a importância da grande variedade de espetáculos deste ano para o sucesso do evento. “Houve apresentações para todas as faixas etárias. O nosso objetivo de organizar um festival emocionante, uma experiência inesquecível, foi concretizado também este ano.”
Os preferidos
O show Ethiopian Dreams, do Circus Abyssinia, ganhou os corações de grande parte do público que foi se divertir na capital da Escócia de 3 a 27 de agosto com uma mistura alegre de acrobacias surpreendentes e aventuras encantadas.
O show Abyssinia segue a jornada de dois irmãos etíopes, que sonham em entrar para um circo até conseguirem alcançar o objetivo. Mergulhados em um mundo de maravilhas temerárias, eles encontram uma série de outros sonhadores: figuras contorcendo-se, contorcendo-se com a gravidade, todos contando histórias próprias. No show é feita uma releitura fantástica de como o elenco sonhou com o circo em um país sem um e se uniu para criar uma nova tradição etíope fenomenal.
Já a comédia musical Trump’d, sobre o presidente norte-americano, apresentou canções, gags, gafes e palhaçadas sobre o dirigente dos Estados Unidos. A peça se passa em 2030, quando o ditador Donald Trump leva a sociedade à beira do abismo. A resistência do povo cresce e os mexicanos encontram o caminho e voltam para casa.
A peça mostra uma seqüência de danças frenéticas e canções. Trata-se de uma viagem musical numa América desolada. O protagonista Donald Trump é interpretado por Jack Bolton, que recebeu ótimas críticas. O restante do elenco é formado por atores profissionais emergentes como Leigh Stevenson (Central School of Speech and Drama; NewsRevue; Fantastic Beasts; Eastenders) e Bianca Kenna (American Academy of Dramatic Arts).
Canadá em cena
O espetáculo Attrape Moi! (Pegue-me), da trupe circense do Quebec (Canadá), colocou em cena tudo o que simboliza o Fringe: circo, acrobacia, humor, dança e teatro. Ao som de boa música. Trata-se da história que fala de amizade e alegria com toques nostálgicos.
Há também no espetáculo cenas como a da competição para saber quem come mais blocos de gelo, uma festa na praia Copacabana com bolas gigantes e uma nova maneira de vestir sacos de dormir que encantam as crianças. Aliás, para o Guia do Fringe o espetáculo Attrape Moi! é diversão inteligente para todas as idades.
Escola Australiana
Da Austrália foram apresentados cinco espetáculos circenses, além do Wunderkammer, do La Circa e La Clique, que é um espetáculo acrobático com uma dose de erotismo.
O novo circo australiano se especializou em shows com números de trapézio burlesco e sexy, nos quais os artistas usam um vestuário que destaca a beleza, perfeição do corpo, técnica e a habilidade profissional.
Scott Maidment, o diretor do Limbo Show, explica com ironia que a Austrália tem um talento especial para o circo por causa da sua grande tradição esportiva utilizando muito os recursos físicos desde crianças: “Não podemos competir com os ingleses no teatro de Shakespeare e, no nosso campo artístico, encontramos outras soluções.”
Espetáculos de rua e público fazem a festa no Fringe 2018
Legenda Foto de Capa – Grupo australiano Wunderkammer abre o Fringe 2018 em Edimburgo