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Livro revela truques dos palhaços
Erro que faz rir
“Palhaçaria”, de Wagner Costa, explora, sobretudo, um aspecto do trabalho do palhaço: o artesanato com a linguagem lúdica das piadas. O título do livro dá a pista do que virá. “Palhaçaria” é sinônimo de “palhaçada, atos ou modos de palhaço” (dicionário “Aulete”).
No enredo há um palhaço “bubuzeiro”, que aparece numa escola fazendo barulho e fantasiado de fantasma. Ele diz às crianças estudantes: “Enganei um bobo na casca do ovo!”.
O autor mostra o mecanismo da palhaçada numa dupla articulação: usa o chiste, ou piada, que provoca risos por algum tipo de erro engraçado, e brinca com o dito popular (“enganei o bobo na casca do ovo”), que é por si próprio um disparate, porque não há em princípio relação entre bobo e ovo.
O trecho é assim:
“Baita susto! A criançada grita:
– Um FANTASMA!!!
Um fantasma mesmo! Que medo, seu Azevedo!
O fantasma para de bubuzar e começa a gargalhar:
– Quá! Quá! Quá!
Enganei um bobo na casca do ovo!”.
O palhaço está autorizado a dizer nonsenses como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ninguém o cobra coerência, por exemplo, ao contar uma história que tem sentido encadeado e, portanto, deve ser narrada de forma linear.
Esse artista do humor não tem necessidade de obedecer a regras da poética tradicional. Nas palhaçadas de seu mundo, incluem-se não só trocadilhos verbais e exacerbação da função emotiva no uso da palavra.
O palhaço faz outros jogos além do verbal e da expressão de emoções exageradas.
Já percebeu que o palhaço ri da própria tristeza, também gargalha e zomba de sua dupla, de seu interlocutor?
A maioria erra em tudo o que faz. Se um personagem desses pula uma poça de lama, com certeza cairá na água. Ele erra também ao tocar um instrumento musical, ao apresentar o número de equilibrismo, caindo do arame, e derruba as claves dos malabares.
Quando trabalha em dupla, o palhaço é “Toni” (“Tony”) ou “Augusto”. Ou ele apronta uma cilada para o interlocutor ou é ludibriado por ele. Pode fingir que realiza uma ação e o público espera dele qualquer coisa, com naturalidade. Trata-se de uma fórmula secular, que se renova a cada apresentação de um palhaço.
Esses são alguns tipos de humor do palhaço e existem artistas que inventam ainda mais modos de ser do palhaço.
Wagner Costa explora o jogo de palavras e a capacidade de inventar histórias mirabolantes. O palhaço Aleluia e seu ajudante, Fanfão Assombração Nariz de Bolão, andam com a mala da palhaçaria.
Eles tiram “boca de forno” para ver se as crianças da história farão tudo o que os mestres mandarem. A meninada da escola se diverte quando a dupla distribui papéis e muitos lápis de cores. A lição de palhaçaria é coçar a imaginação com o dedo fura-bolo, desenhar o que imaginou e fazer o “vira, vira, vira/ vira, vira, vira/ Palhaçaria…/ Virou!”.
Os resultados são lindos desenhos de flor-palhaço e outras surpresas que você confere no livro.
O livro tem ilustrações Al Stefano e é da editora Moderna. Indicado para crianças a partir de cinco anos. 32 páginas.
Segue o link:
http://www.moderna.com.br/main.jsp?lumPageId=4028818B2E3AAEB2012E496984F969F0&Busca=palha%C3%A7aria
(Mônica Rodrigues da Costa)
Tags: Al Stefano, editora Moderna, livro, palhaçaria, Wagner Costa
Li o livro e recomendo!
Vcs fazem um ótimo trabalho de divulgação!