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A arte de fazer rosas

 

 

Flor de papel embalada com serenidade é entregue ao público 

Bruna Galvão 

Até o momento, ciência e arte concordam em uma coisa: as rosas não falam. Cartola, por exemplo, não somente afirma que as rosas não falam, como explica que elas simplesmente exalam o perfume roubado da mulher amada.

E se as rosas falassem, o que elas diriam?

Aos 35 anos de idade, Cafi Otta, monociclista desde os 10, não sabe responder ao certo. “Poesias?”, arrisca ele em uma das pausas de seu número “Se as Rosas Falassem”, apresentado no Sesc Belenzinho em 22 de setembro. A apresentação (que faz parte do espetáculo “Carlos Felipe em Apuros”) responde a essa pergunta e formula outras. “Nunca sabemos o que uma atitude nossa pode causar nas pessoas”, diz Cafi. Uma pessoa do público acredita que se as rosas falassem, elas diriam “sintam o meu perfume!”, o que comprovaria a característica exibicionista dessa flor. Suposições à parte, o que importa é que se as rosas falassem, provavelmente, elas perderiam um pouco de seu encanto.  A mudez das rosas impressiona e faz a imaginação correr.

 

 

Além das rosas, o monociclo é outro elemento que instiga as pessoas e todos sorriem quando o veem. Ao deslizar com o seu veículo pelas imediações do Sesc, Cafi chama a atenção dos presentes. Ele também sorri para as pessoas e em suas mãos, há um rolo de papel. De repente, ele para. Com a mesma facilidade com que anda sobre uma roda, o artista corta um pedaço do papel e começa a dobrá-lo. Quando o papel está dobrado ao máximo, com os dedos, ele joga um pouco de “magia” sobre a dobradura e a solta. O papel, todo marcado, mais parece a cadeia de um DNA. Quando menos se espera, eis que surge uma rosa daquele papel. A curiosidade que havia nos olhos de adultos e crianças dá lugar à ternura. No entanto, falta algo na rosa recém-nascida e quando se lembra do que é, o monociclista dá-lhe um pouco de perfume. É a hora de entregá-la a alguém.

 

 

“Minha maior característica é a serenidade e a serenidade, de certa forma, tem a ver com as rosas”, comenta Cafi. Ele ainda acrescenta que “em geral, as pessoas têm pouca paciência para ver e aprender e muitas pedem para que eu termine logo o número com a ansiedade em saber logo como ele vai terminar. Então eu digo que minha função social é acalmar as pessoas; é fazer com que elas parem e observem, por exemplo, os pássaros que voam agora [ele aponta para o céu] e que passam despercebidos pela grande maioria”.

 

 

Com esta brandura, Cafi retorna ao número. Naquele dia, ele teria cinco intervenções para fazer pelas dependências do Sesc. Em determinado momento das apresentações, uma senhora aprende com o monociclista a fazer uma rosa. Além dela, um senhor de mais de sessenta anos pede para aprender a dobradura. “Observo que os idosos têm mais paciência para o aprendizado. Será que as rosas são idosas?”, questiona-se o artista momentos depois. Mas independente da idade, as rosas de Cafi agradam. E ele as distribui por toda parte.  

 

 

Além de monociclista, Cafi também tem outras habilidades, como malabarista, equilibrista e palhaço. Há um ano ele distribui rosas de papel com seu monociclo em “Se as Rosas Falassem”. 

 

 Fotos: Divulgação e Bruna Galvão

Postagem: Alyne Albuquerque

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