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Arte em Movimento

A brasileira Maíra Campos em “Clásico”, do La Tarumba

Mulheres voadoras. Penduradas nas cordas, incríveis acrobatas desafiam a gravidade

 

Equilibrista do Brasil é notícia em jornal do Peru

“Clásico” agradou ao público. O site do jornal peruano “La Republica” noticiou em 15 de setembro a temporada do espetáculo da companhia La Tarumba, tradicional nas artes circenses peruanas, em Arequipa, cidade do Peru. O jornal deu destaque à atuação da aramista brasileira Maíra Campos em “Clásico”. Maíra integra o Circo Zanni no Brasil.

Dede 04/09/2012 em cartaz, o espetáculo imprime nostalgia à memória dos circos históricos, que são tema de seu enredo. A reportagem foi escrita por Efrain Rodriguez Valdivia. Confira a seguir.

 

Espetáculo retoma história do circo em noite de magia

Um espesso nevoeiro cobre a lona onde o show é apresentado. Crianças celebram o aparecimento de um arlequim, que fica de pé sobre uma bola gigante azul. É o início do espetáculo.

No rosto pálido da personagem acentuam-se gestos de felicidade e marcam sorrisos na plateia de “Clásico”, o mais recente espetáculo do Circo La Tarumba. “Meninos e meninas, bem-vindos ao mundo do circo, onde acrobacias e magia compõem a essência da noite”. Essa frase soa no alto-falante. É a voz do diretor do show. A banda toca “ska”. O público aplaude o contagiante ritmo.

Um grupo de meninas com um belo figurino vermelho realiza coreografias em cordas suspensas no ar. Caprichosamente se contorcem com sensualidade inocente. Os personagens do espetáculo entram e saem de cena em “Clásico”, um após o outro, com exceção do arlequim. O homem voador tem cordas amarradas no pulso e voa como uma andorinha durante três minutos.

Em seguida, aparecem os malabaristas jogando claves com seus quatro braços. Acrobatas surgem vestidos com camisas de futebol do time que provoca febre no país.

Eles cavalgam dois cavalos com crinas bem penteadas. Em seguida, o jogo é invertido. Aparece o apresentador, os cavalos se equilibram com as pernas dianteiras e acenam para a multidão. São aplaudidos. O espetáculo transpira “peruanidade”.

 

Maíra Campos é o nome da corda bamba

Encantadora, Maíra Campos dança ao ritmo do samba

 

A aramista brasileira Maíra caminha na corda bamba, como se estivesse em terra firme. Pisa, passeia, desliza e dança ao som de um samba, desafiando a gravidade.

O público foca depois a atenção em um palhaço vestido com um casaco longo e camisa listrada. Arlequim persegue o palhaço. O apresentador explica que, nesta temporada, o Circo La Tarumba comemora e resgata o circo nacional.

Em meio a aplausos, é exibida uma grande bandeira do Peru. Mais de 900 pessoas do público cantam com a banda a música típica “Peru Top”. Como se estivesse em um estádio.

 

Trajetória de um circo peruano

Fernando Zevallos é o anfitrião e o promotor dos espetáculos do La Tarumba. Camufla sua modéstia usando chapéu e gravata-borboleta, decorados com estrelas. Mas não pode esconder sua potência como criador e proprietário da lona.

Na década de 1970, como uma criança, o Circo de Zevallos foi instalado no lado de fora de sua casa, perto de Lima. Ele não nasceu com a intenção de ter um circo. “A lona era um espaço natural em minha vida. Minha casa já hospedou vários artistas de destaque”, conta Fernando.

Ele era muito jovem, mas foi para a Europa com a ideia de pesquisar um modo de gerir seu próprio circo, mas não encontrou nada. Voltou ao Peru e percebeu que um circo com cavados combina com música ao vivo, teatro e acrobacias. Em seguida, ele conheceu seu bem de capital: sua mulher Estela Paredes, produtora e gerente de La Tarumba.

Estela via, da janela de sua casa, em Miraflores, os circos se instalaram. “Temos quase a mesma idade e vivemos nossa infância em duas cidades distantes. No entanto, assistimos aos mesmos espetáculos de circo”, diz Estela.

Em 1984 eles fundaram o Circo La Tarumba. Começaram apenas os dois, nas ruas de Lima, e sempre em busca de um circo com identidade peruana. “Queríamos mudar o país com nossas performances”, diz Estela Paredes.

Desde então, o circo do casal já apresentou 28 espetáculos. O casal criou uma escola profissionalizante para jovens artistas, como Boris Aguirre (25), que é atualmente um talento acrobático. O próximo passo será obter um espaço rural para promover com o circo um trabalho social.

“E de onde vem o nome desse picadeiro?”. Fernando Zevallos responde: “De um verso do poeta Federico García Lorca. Quando apresentava teatro de bonecos em plena guerra espanhola, Pablo Neruda o encontrou e Lorca lhe disse que isso eram uma ‘tarumba’ (loucura)”. 

Depoimento de um acrobata

O acrobata Johnny Marcelo conta que o Circo La Tarumba é uma experiência incrível na vida dele: “Eu pertencia ao projeto Circo Invisível em 2002. Durante um ano, aprendi malabarismo, teatro, acrobacias e me especializei. O projeto era destinado a jovens de baixa renda na periferia de Lima. Eu vivia em Vitarte”.

“Em 2003, Fernando pediu-me para formar o grupo de acrobatas do Circo La Tarumba. Aceitei e passei a trabalhar em várias temporadas. Estou há dez anos no La Tarumba. Essa escola mudou a vida de muitos jovens que queriam viver a vida como artistas de circo.”

Fernando e Estela recuperam meninos com dependência de drogas e que vivem em ambiente violento e oferecem profissionalização nas artes do circo. “Nosso próximo passo será o Circo La Tarumba Mundial, que buscará espaços para expandir sua vocação.”

 Siga os links para as reportagens:

Site do jornal peruano “La Republica”:

http://www.larepublica.pe/14-09-2012/la-tarumba-magia-locura-y-peruanidad-llevada-la-carpa

Site Panis & Circus:

https://www.panisecircus.com.br/a-magia-do-la-tarumba-esta-de-volta-em-clasico/

 

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