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Arte em Movimento

“AbraKdabra: Tihany Spetacular”

Richard Massone no Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Show comemora 58 anos do picadeiro que nasceu no Brasil

O Circo Tihany foi criado no Brasil pelo húngaro Franz Czeisler Tihany em 1954, hoje com 97 anos, um corajoso judeu que fugiu da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Depois de ter sido visto por mais de 150 mil pessoas, a lona sai do Parque Villa-Lobos, na zona oeste paulistana, no final de semana (2/3 e 3/3) e instala-se, em 8/3, no antigo PlayCenter. O circo completa 58 anos de existência e foi homenageado em 4/2 pelo Centro de Memória do Circo.

Franz Czeisler não estava na cerimônia de homenagem, foi representado pelo ilusionista Richard Massone, discípulo do fundador do picadeiro. Faz dois anos e meio que o Tihany, que recebeu o nome de uma cidade da Hungria e que também foi incorporado ao sobrenome de Franz Czeisler, viaja pelo Brasil difundindo sua arte.

A lona entrou em território nacional pela Venezuela e segue viajando. Isso ocorre a cada década, quando a trupe sai de Las Vegas, nos Estados Unidos, e percorre os países americanos.

 

 

Ilusionismo se destaca

O forte do espetáculo “AbraKdabra” são os grandes números de ilusionismo, em que helicópteros, motocicletas e grupos de pessoas aparecem e desaparecem no palco. Por essa razão, o Tihany não tem exatamente um picadeiro, que permite uma visão de 360 graus. Ao contrário, a disposição da plateia organiza-se diante de um palco, com cenografia de efeitos especiais com LED e luzes coloridas, animado por mais de 75 artistas de 25 países, que atuam em números de dança e atrações acrobáticas clássicas, com destaque para as encenações cômicas do palhaço que é mestre de cerimônia do espetáculo: Henri Ayala, um venezuelano de 33 anos, que se veste de forma diferente e tem uma maquiagem sui generis que pode ser considerada inovadora em relação à indumentária comumente vista nos palhaços.

Na entrevista mais abaixo, Richard Massone, ilusionista e o administrador incansável do Tihany, há 34 anos dedicado ao picadeiro, explica o sucesso do “AbraKdabra”, comenta a arte do ilusionismo e descreve o modo itinerante dos artistas internacionais. O palhaço e aramista Henri Ayala explica seu estilo de palhaço e conta como começou a trabalhar no Circo Tihany.

 

Paschoal da Conceição, Marlene Querubin e Richard Massone no Centro de Memória do Circo/ Foto Agatha Campos

 

Festa do Centro de Memória do Circo

Verônica Tamaoki, que dirige o Centro de Memória do Circo, disse que os circenses não poderiam deixar o Tihany ir embora da cidade de São Paulo sem prestar homenagem ao circo. O ator e comediante Paschoal da Conceição, presidente da Associação de Apoio ao Circo de Lona, afirmou que, nesta nova gestão, iniciada pelo governo municipal petista em janeiro deste ano, “esse é o primeiro evento entre tantos que ocorrerá na instituição”.

Várias personalidades estiveram presentes na homenagem. Roger Avanzi, o palhaço Picolino 2, Camilo Torres, da Abracirco (Associação Brasileira do Circo), o mágico King, também da Abracirco, entre outros. Marlene Querubin, diretora artística do Circo Spacial, e Richard Massone doaram figurinos para fazer parte do acervo do Centro de Memória do Circo.

 

 

Embaixador do Brasil

No início da cerimônia no Centro de Memória, o ilusionista Richard Massone declarou que a homenagem ao Tihany é válida porque o circo “viaja por esse mundo afora sempre divulgando o Brasil”.

Marion, artista desse circo, afirmou que “nada se compara à trupe: Merecida homenagem ao senhor Tihany, por sua simplicidade e humildade no trato com os funcionários. Tanto ele como o Richard estão levando o circo adiante”.

O presidente da Associação dos Mágicos de São Paulo contou que fez curso de ilusionismo no Tihany e recebeu o diploma das mãos de Richard: “Foi o circo que mais abriu espaço para os mágicos no picadeiro”.

 

Richard Massone no Centro de Memória do Circo/ Foto Agatha Campos

 

Segredo do sucesso

Na Galeria Olido no centro da cidade, Richard Massone contou ao site Panis & Circus que o segredo do sucesso do Tihany foi unir os números tradicionais e a dança coreografada das bailarinas, no estilo dos musicais, combinando “três espetáculos em um só, com magia, musical e números de circo”. “É a chave do estilo muito particular do Tihany, que nunca explorou atrações com animais [hoje, proibidas no Brasil]; tentamos fazer um show variado, com dedicação e profissionalismo”, afirmou.

Os artistas do picadeiro concordam: o Tihany é o lugar da paixão pela arte do entretenimento e a casa deles, não é uma atividade realizada “apenas para ganhar dinheiro”.

 

Cena de "AbraKdabra", espetáculo do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

De malas prontas

A partir de março, o Tihany arma a lona no Play Center. Depois de dois meses, viaja para Belo Horizonte, depois para o Rio de Janeiro e então para várias cidades no interior de São Paulo. Na sequência percorrem a América Latina. A homenagem foi uma recarga de emoção revitalizadora.

 

 

PINGUE-PONGUE

 

Richard Massone: o ilusionista dos grandes números

Richard Massone é filho de italianos e cidadão do mundo. Conquista o público quando faz aparecer um helicóptero no palco. Ele nasceu em Rosário, na Argentina. Explicou que a poética do Tihany inclui a magia na arte do entretenimento. Leia a seguir.

Panis & Circus – Como começou a atividade de ilusionista?

Richard Massone – Minha brincadeira de criança era a magia e logo virou um hobby, que fiz durante vários anos da juventude e mais tarde se tornou um estilo de vida e uma profissão.

A única profissão e o único meio de vida que tive foi a magia, logo, o tempo fez com que eu me tornasse um ilusionista, que também é um mágico, mas que atinge o nível de público quando alcança um grande número de pessoas, isso significa que o profissional deixa de ser um mágico de perto para ser um  ilusionista, de longe.

Em consequência, todas as mágicas que faço nos espetáculos são grandes ilusões, como a aparição de um helicóptero, a desaparição de 40 pessoas no palco, a desaparição de uma moto, voar pelo ar. Visualmente são efeitos mágicos preparados para uma grande quantidade de espectadores.

Circus – Qual seu preferido?

Richard Massone – Todos têm seu encanto porque é tão gostoso e bonito fazer magia em sua frente e vê seu rosto extasiado pelo encanto e pela impossibilidade de encontrar uma razão para explicar o que você vê, assim como é fantástico fazer os números diante de 2.000 ou 3.000 pessoas que, pelo silêncio ou  aplausos, a gente descobre que se surpreenderam com a magia.

 

 

O mestre David Copperfield

Circus – Quais são seus artistas prediletos?

Richard Massone – David Copperfield [nascido em 1956] é um deles, um ilusionista excelente, que conseguiu reverter o espetáculo mágico no planeta a partir de seus espetáculos na televisão. Não existe um cantinho na Terra que não tenha assistido a um efeito mágico de David Copperfield através da TV.

Circus – Tihany foi seu professor?

Richard Massone – Foi. Mas não existe a ideia de ser um professor porque não é uma universidade, a gente aprende com os bons. Com os ruins aprende o que não se deve fazer. Tihany me ensinou a como fazer melhor. Se isso significa que ele foi um professor, então Tihany foi meu professor.

Circus – Você o via atuar ou ele contou segredos para o aprendiz?

Richard Massone – As duas coisas são importantes. Vê-lo atuar ensina um estilo e um caminho e o fato de os mágicos participarem seus segredos com os colegas e com quem está perto deles também ajuda a gente a se enriquecer. Somos como uma irmandade. Entre nós, sabemos intercambiar segredos, mas, fora de nossa fraternidade, somos proibidos de comentar os segredos.

Circus – Está desde criança no Tihany?

Richard Massone – Desde jovem. O circo tem 58 anos de existência e eu tenho 32 anos no Tihany. O espetáculo sempre se caracterizou por apresentar números de ilusionismo e tem a magia como eixo principal porque o dono e idealizador é ilusionista e mágico e ele mudou o estilo do circo precisamente porque teve de adaptá-lo estruturalmente para fazer seus números.

O ilusionista precisa de um palco para apresentar o show, por isso, o Tihany não tem um picadeiro, mas um palco, essa é uma característica que marca a diferença entre o espetáculo do Tihany e os dos outros circos, até o Cirque de Soleil mantém o picadeiro no meio. No Tihany,  o público entra num anfiteatro, a plateia é de 180 graus, não é 300 ou 360 graus, fica diante do palco.

 

Richard Massone, no espetáculo do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Ilusionismo é uma arte e uma técnica, como a pintura e a poesia

Circus – Nesses 34 anos o espetáculo é o mesmo sempre ou se alterou?

Richard Massone – A essência e o estilo não mudam, mas o espetáculo muda porque o mundo e a nossa vida se transformam. A magia e o estilo devem acompanhar essa dinâmica e, se possível, estar na vanguarda do que acontece no mundo e no mundo mágico.

Circus – Qual é a vanguarda no ilusionismo?

Richard Massone – A vanguarda pode ser, por exemplo, incluir efeitos cibernéticos, acompanhados de aparelhos como computador ou um laptop que flutua no ar. No nosso show aliamos tecnologia de vanguarda e o ilusionismo clássico. O público não necessariamente tem de ver isso, não se esqueça de que nossa profissão exige esse resultado. Nossa arte, como a pintura, a poesia e a música, é uma arte que tem suas técnicas e seus princípios e se apoia em vários elementos que ajudam a alcançar o resultado final que o público vê. Atrás disso há muita coisa que não se vê.

O back effect é o efeito mágico que o público vê. A palavra “truque” não deveria existir, mas dentro da palavra “truque” existe todo aquele efeito mágico e tecnológico moderno, hidráulico, elétrico.

Estamos afiados tecnicamente. Temos efeitos mágicos a partir da tecnologia também, mas, se a gente usa o aparato cibernético, precisa ter cuidado porque o público tem de sentir que o ilusionista está à frente do aparelho. Eu sou o que tem o poder que faz aparecer e desaparecer, esse é o verdadeiro mágico. Você pode comprar um aparelho de magia, o que não significa que você seja mágico.

 

Mágica em cima da mesa e lencinhos coloridos

Circus – Fale das magias chamadas de “close-up”.

Richard Massone – São maravilhosas ambas. Eu me especializei em me comunicar em nível de massa e de grandes públicos. Há mágicos bons e respeitáveis e que eu admiro e que, em cima de uma mesa ou ao alcance de sua mão, conseguem fazer efeitos deslumbrantes, mas minha profissão é entreter a família que vem ao circo e me propus a ser um ilusionista.

Circus – O espetáculo do Tihany tem os grandes efeitos e de repente apresenta o clássico número dos lencinhos coloridos.

Richard Massone – Os lencinhos coloridos têm comunicação, interatividade, tanto com crianças como com adultos, e certa comicidade e alegria. Nosso show não é o daquele mágico que parece que está cheio de poder e ninguém pode chegar perto dele.

Circus – Há um ritmo dramático, teatral?

Richard Massone – A gente une os números a histórias, testemunhos e lembranças pessoais, tudo isso faz com que o show fique mais cálido, além do efeito mágico e da surpresa.

E pode ser inalcançável e as pessoas ficam se cotovelando e perguntando: “Como pode?”. Ao lado disso está a interpretação, o lado em que você transmite a parte humana do artista e não só os poderes supostamente sobrenaturais, vamos dizer assim.

 

Palhaços no espetáculo do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Somos todos crianças na frente do mágico

Circus – Para quem você ficou mais emocionado ao se apresentar?

Richard Massone – Eu me apresentei para a rainha Sofía, da Espanha, em um encontro de várias primeiras-damas da América Latina em São Salvador, creio que em 2000. Elas acompanhavam vários presidentes em um encontro na América Central e decidiram passar uma tarde no circo. Ficaram encantadas da mesma maneira que você ficaria, são pessoas como nós que, ante a magia e nossa maneira de entreter, transcendem as diferenças culturais ou de idiomas. Todos ficamos como crianças na frente do mágico.

 

Bailarinas, em cena do espetáculo do Tihany/ Foto Divulgação

 

O grão de areia na arte de retribuir

Circus – Quais as crianças mais interessantes como plateia que você tem na memória?

Richard Massone – As experiências de fazer um show, por exemplo, nas sextas, às quatro ou cinco da tarde, quando fazemos uma atividade social abrindo as portas para instituições como orfanatos ou para pessoas portadoras de necessidades especiais.

Esse público é muito reconfortante porque 80% dos espectadores nunca entraram num circo, e a gente vê a alegria que faz sentir que o artista dedicou a vida a uma atividade que, independente dos lucros profissionais, permite um conforto espiritual, é o nosso pequeno grão de areia na Terra na missão de devolver o que recebemos.

Circus – Qual seu país preferido?

Richar Massone – Nós somos cidadãos do mundo. Essa pergunta todo mundo faz em cada país, esperando que a resposta seja: “Seu país”. Quando a gente é nova a resposta é mais fácil, mas, quando a gente já tem 34 anos no circo, percorrendo mais de 40 países e conhecendo pessoas maravilhosas e não tão maravilhosas – em todo o mundo tem gente dos dois tipos -, a gente deixa de procurar subir na carreira. Para quem já passa dos 60 anos as raízes são mais importantes. Eu escolheria minha terra, pela família, pelos amigos de infância, pelas lembranças que tenho e que, graças a Deus, foram muito boas.

 

Marlene Querubin e Richard Massone, no Centro de Memória do Circo/ Foto Agatha Campos

 

Ovelha negra e mosca-branca na arte de encantar

Circus – Seus pais eram circenses?

Richar Massone – Nenhuma pessoa de minha família era circense, eu sou a ovelha negra ou a mosca-branca, como você quiser [rsrs].

Meus filhos são meus afilhados, estão espalhados nos circos do mundo. Faz 34 anos que me dedico inteiramente ao circo, das nove da manhã até as onze da noite, meia-noite.

Sou o diretor artístico e executivo do Tihany. Não estou nos números nem nos papéis, mas não gosto de ficar atrás dos computadores. Isso exige que a pessoa goste do lugar que ocupa e seja suficientemente vaidosa para sempre querer ter o melhor circo. É a garantia de que o público sairá satisfeito. Uma vaidade sadia, de se sentir orgulhoso com o que consegue, sempre procurando atingir perto da perfeição, cuidando de todos os detalhes, desde o tapete até o número principal.

 

Franz Czeisler Tihany/ Foto Divulgação

 

Franz Czeisler se salvou da perseguição doentia de Hitler

Circus – Fale de Franz Czeisler, o fundador do Tihany.

Richard Massone – O velho Tihany veio fugido de Paris. Da Hungria, ele foi para Paris. Escapou de ser capturado pelos nazistas. Primeiro foi para Montevidéu e depois veio para São Paulo, ele tem seis nacionalidades e fala oito idiomas. Franz Czeisler trouxe sua família e dois ou três colegas. Ele quis marcar uma diferença e conseguiu. É reconhecido internacionalmente.

 

Cena de contorcionismo de "AbraKdabra", do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Recado às famílias

Circus – Quer dizer alguma coisa aos pais?

Richard Massone – O Tihany se orgulha de ser brasileiro e é um embaixador do circo do Brasil em todos os lugares aonde vai. Eu falo para as famílias brasileiras que o Circo Tihany apresenta um espetáculo brasileiro a que os pais têm obrigação de levar seus filhos porque é diferente de todos os circos já vistos no Brasil.

Com certeza seus filhos lembrarão por toda vida ao que vão assistir, da mesma maneira que muitos pais trazem os filhos hoje e nos falam que os pais deles os trouxeram quando eles eram crianças. Eles dizem: “Nunca esqueci o que eu vi neste circo, por isso hoje trago meus filhos”. Isso é uma referência porque os pais querem que os filhos sintam o que eles sentiram quando foram ao Circo Tihany pela primeira vez.

 

Número aéreo do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Diferenças de tempo e lugar

Circus – Qual é a diferença cultural e histórica do circo no Brasil e nos países onde esteve?

Richard Massone – Aos artistas eu falo que o Tihany é uma referência circense e podemos falar com orgulho que nossas turnês demoram muito a voltar a uma mesma cidade. Faz 13 anos que estivemos no Brasil e é impossível vir mais vezes ao país porque somos formigas trabalhadoras da cultura e do circo, não vamos só a capitais, vamos a várias cidades pequenas. Faz dois anos e meio que entramos por Manaus e ainda faremos espetáculos no Centro e no Sul, já estivemos em 18 cidades.

Circus – Para onde vão depois da cidade de São Paulo?

Richard Massone – Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Punta del Este, Uruguai, Rosário, Mendonça, Córdoba, Santiago do Chile.

A cada 13 ou 15 anos mudamos tudo no show, é a volta que a gente faz até Las Vegas, um ciclo geracional. Nessa volta, o circo está melhor porque se inspira nas culturas dos lugares por onde passa e serve de inspiração para os circos menores, ao mesmo tempo. O circo menor se estimula a produzir um espetáculo melhor. Cada vez que a gente passa por um país deixa um legado circense importante. Daqui a pouco você vai ver no Brasil, no mínimo, dez lonas de cor fúcsia (a cor do circo Tihany) e circos com banquinhos do lado de fora para que os espectadores se sintam confortáveis ou iluminação robotizada nos shows.

Circus – Muitos artistas circenses procuram o Tihany?

Richard Massone – Procuram. Duas noites atrás vieram quatro acrobatas para fazer uma audição. A gente está aberta à contratação quando necessita, mas não cresce sem controle. Especialmente nas capitais que têm escolas de ginástica e teatrais, aparece o jovem que deseja ingressar no Circo Tihany.

Circus – O que acha do circo novo ainda que a distinção seja polêmica?

Richard Tihany – Tudo é valido, são experiências. O importante é manter viva a curiosidade do público para que o circo continue a ser um grande centro de entretenimento para as famílias. A essência não muda. O circo é arte popular e cultural que abarca pessoas de todas as idades e tem de manter isso. Dentro desses parâmetros, tudo é permitido. O resultado é o público que vai dizer.

 

Henri Ayala, em cena de "AbraKdabra"/ Foto Divulgação

 

O mestre de cerimônias, o palhaço Henri Ayala

O palhaço e aramista venezuelano Henri Ayala Júnior, de 33 anos, pertence à quinta geração circense, da família Ayala e Hernandez. Está no Circo Tihany há três anos porque “ninguém diz ‘não’ ao Tihany”, explica. Henri já morou em inúmeros países e trabalhou nos quatro cantos do mundo. Talvez seja esse o segredo de sua arte misturada. Henri fala pouco, talvez porque seu personagem no show faça apenas mímica? Mas se comunica como ninguém. Em maio de 2012 Ayala entrou para o livro “Guinness” quando atravessou um cabo de aço de 80 metros de comprimento a 72 metros de altura em relação ao solo, no Elevador Lacerda, em Salvador. Confira o bate-papo.

Panis & Circus – Fale de sua família e de seu aprendizado.

Henri Ayala – Nasci no circo, meu pai e minha mãe são aramistas. Meu avô e meu bisavô eram palhaços, toda a minha família é de palhaços também.

 

Número com palhaços de "AbraKdabra", do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Circus – No circo brasileiro o palhaço é o artista que já passou por todos os tipos de arte no picadeiro e, quando está mais velho, torna-se palhaço.

Henri Ayala – Na Venezuela é igual. Faço números de família no arame, também jogo malabares, apresento acrobacias, um pouquinho de tudo. Temos de aprender dessa forma no mundo do circo.

Circus – Você está no Tihany há três anos.

Henri Ayala – Fui contratado pelo senhor Tihany. Eu estava trabalhando em um festival na Hungria, então, ele me viu, gostou muito e me convidou para  trabalhar no Tihany em um número novo. O Tihany tem tanta fama que foi muito legal. Ele perguntou se eu queria fazer a turnê Venezuela-Brasil e todos esses lugares. Ninguém diz não ao senhor Tihany.

Circus – A turnê já ocorre há três anos?

Henri Ayala – Para mim tem dois anos e meio, porque eu cheguei à Venezuela e comecei no país. De lá passamos para o Brasil.

 

O palhaço Henri Ayala durante espetáculo do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Circus – Antes de você vir para o Tihany, apresentava-se no circo de seus pais?

Henri Ayala – Eu fazia números para crianças e trabalhava no circo de meu pai quando tinha de quatro a seis anos. Depois fui trabalhar na Europa. Morei, trabalhei e estudei na Europa, na Inglaterra. A seguir fui para a Itália e a França e trabalhei em toda a Europa, girando, sempre.

Circus – Onde seus pais trabalhavam?

Henri Ayala – Na Alemanha, no Krone; no Circo Roncalli; no Circo Americano; no Cardinali, em Portugal; no Bismarck, na Inglaterra, sempre como aramistas. Eu também sou aramista, estou no “Guinness” mundial de aramistas. Em 2003 ganhei um prêmio como aramista. Há três semanas estive na Rússia num festival de palhaços.

Circus – Viver no circo atrapalha a vida familiar?

Henri Ayala – Tenho esposa, estamos há 16 anos juntos e ela trabalha comigo e é bailarina no Tihany. Não temos filhos. Agora Rebeca Hernandez foi passar o Natal com a família na Inglaterra, onde nasceu. Rebeca ficou uma semana aqui e trabalhou no número da macarronada comigo.

Circus – O que você gostava mais no circo quando era criança?

Henri Ayala – O circo é o lugar onde eu vivo, é minha casa praticamente. No picadeiro eu me sinto bem e sempre estarei no circo. Tem gente que é médico, eu prefiro curar as pessoas com o riso. Eu falo com o corpo porque faço mímica, é como funciona minha arte.

Circus – E seu estilo?

Henri Ayala – Meu figurino é um pouquinho diferente, não traz a imagem do palhaço tradicional porque eu tinha 19 anos quando pensei em fazer meu palhaço e não queria ser como todo mundo, no modelo tradicional. Eu tinha uma imagem na minha cabeça de como fazer o figurino, a maquiagem, o corte de cabelo.

Circus – Seria para mostrar algo que é individual, que você é único, ao mesmo tempo seguindo a sua geração?

Henri Ayala – Algo assim. Praticamente eu queria fazer algo diferente. Tenho, sempre, todavia, o símbolo do palhaço.

Circus – Em quais artistas você se inspira?

Henri Ayala – Charles Chaplin. Eu sempre gostei muito de Chaplin, de sua forma de trabalhar. De algo muito simples ele faz um evento muito grande, com um movimento que faz entender muitas coisas. Cresci vendo muitos filmes de Charles Chaplin, então, eu não copio Chaplin, mas sua forma e carisma. Tem algo dele que me inspira.

 

Cena do espetáculo "AbraKadabra", do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Serviço

Circo Tihany Spetacular – “AbraKdabra” – Em cartaz na lona armada à avenida Paralela, no parque Villa-Lobos. De terça a quinta, às 21h00; sextas e sábados, às 17h00 e às 21h00; domingos e feriados, às 16h00 e às 20h00. Preços: de R$ 25,00 a R$ 170,00. Vendas no local e no shopping Paralela.

 

Letreiro do Circo Tihany/ Foto Divulgação

 

Link:

Para ver o espetáculo do Tihany

 

(Ana Cristina Benozatti e Mônica Rodrigues da Costa)

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