Picadeiro
Secretário da Cultura fala do FIC ao Panis & Circus
Fernanda Araújo, especial para Panis & Circus
A primeira edição do FIC – Festival Internacional de Circo da Cidade de São Paulo – será realizada de 11 a 15 de abril, no Centro Esportivo Tietê, em São Paulo, com entrada gratuita. O programa prevê a apresentação de 30 espetáculos nacionais e internacionais, além de rodas de conversa, palestras e mostra competitiva com números circenses. Com investimento de 1 milhão de reais, o projeto foi anunciado durante coletiva de imprensa, no dia 28 de fevereiro, com presença do prefeito, João Doria; o Secretário Municipal de Cultura, André Sturm; e do diretor do festival, Hugo Possolo.
O evento está sendo desenvolvido desde o final do ano passado pela Secretaria Municipal de Cultura em parceria com a Associação dos Amigos do Centro de Memória do Circo. A instituição foi escolhida por meio de chamamento, via edital, com resultado publicado no Diário Oficial de Cidade de São Paulo em 29 de novembro de 2017 (em segundo lugar ficou a Performas Produções Artísticas e Socioculturais; e em terceiro, a Cooperativa Brasileira de Circo). O projeto é tão grandioso que promete transformar o Centro Esportivo Tietê na Cidade do Circo por onde passarão cerca de 30 mil pessoas por dia.
Para saber mais sobre o festival, a equipe do Panis & Circus conversou com André Sturm, secretário municipal de Cultura e criador do festival.
Panis & Circus: Quando e como surgiu a ideia de criar o 1º Festival Internacional de Circo na capital paulista?
André Sturm: Desde que eu cheguei aqui (na Secretaria de Cultura da Prefeitura) eu queria fazer. O primeiro semestre do ano passado foi um período de chegada, de entender a máquina. E estávamos também com o orçamento muito apertado e não dava para tentar fazer coisas novas. Eu tinha que garantir que as coisas que já existiam permanecessem. A partir do segundo semestre, com todos os editais e programas caminhando, eu pude pensar em coisas novas, e o Festival de Circo era um dos objetivos principais.
Panis & Circus: Por falar em verba, como senhor conseguiu a verba de R$ 1 milhão para tocar o Festival?
André Sturm: O prefeito (João Doria) gosta muito do circo. É uma linguagem que ele é fã. No dia da coletiva ele deu um show de conhecimento de artistas. Quando eu propus fazer o Festival de Circo ele foi super favorável. Não é que eu tenha pedido a verba a ele. Eu propus o projeto, ele gostou muito e dentro do nosso orçamento ele me dá uma certa autonomia para poder alocar os recursos. Então ele aprovou o festival, um evento grande, dessa dimensão, e a gente tentou organizá-lo com o orçamento que fosse possível.
Panis & Circus: Qual vai ser a periodicidade do evento? André Sturm: Vai ter todo ano, com certeza.
Panis & Circus: Serão 30 atrações, nacionais e internacionais. Como elas serão distribuídas no evento?
André Sturm: Teremos atrações nacionais e internacionais, com certeza. Mas o objetivo é dar mais espaço, maior visibilidade para os artistas nacionais. A ideia de ter espetáculos internacionais é, principalmente, para promover o intercâmbio entre os artistas que podem falar de técnicas e projetos. Eu acho que nós temos artistas absolutamente extraordinários para garantir a audiência do Festival.
Os 30 espetáculos se referem apenas as atrações que a gente imagina que vão ter dentro das lonas. Além delas, vamos ter grande programação acontecendo fora das lonas. Vai ser quase uma cidade do circo. Vai ter uma grande área de circulação e para quem não estiver em alguma lona, porque, eventualmente, não conseguiu ingresso, haverá uma série de atrações acontecendo durante todo o dia, durante os cinco dias.
Panis & Circus: Qual a relação entre o 1º Festival Internacional de Circo na capital paulista e o Festival Paulista de Circo que acontece no interior do estado? Esses festivais vão concorrer entre si?
André Sturm: A relação que tem é que fui eu que criei (os dois festivais), modéstia à parte. (O Festival Paulista que completou 10 anos, em 2017, foi criado quando Sturm estava na coordenadoria da Unidade de Fomento e Difusão da Produção Cultural no Estado de São Paulo). Logo, eles não vão concorrer de maneira alguma.
O Festival Paulista de Circo do interior, que criamos, primeiro, em Limeira e depois em Piracicaba, é um sucesso. Quando eu estive na Secretaria de Cultura do Estado, a ideia de criar um festival de circo era para que pudéssemos levar os artistas para o interior e mostrar para a população do Estado essa arte. Escolhemos Limeira, à época, porque é uma cidade que tem mais de 2 milhões de pessoas morando em um raio de 100 quilômetros. Tem duas estradas que cruzam Limeira, então seria uma cidade que permitiria o acesso do público de vários locais. Eu me lembro que na segunda edição do festival de circo, era um sábado, e contei placas de automóveis de onze cidades no estacionamento. Depois passou para Piracicaba, que também tem essas características geográficas, fica próximo de estradas, está na mesma região de Limeira, é perto da capital, e o festival cresceu ainda mais.
A ideia é fazer em São Paulo é para que as pessoas da capital tenham mais facilidade de comparecer ao evento. Escolhemos o Centro Esportivo Tietê pois está à beira da marginal, na frente da avenida Tiradentes, há 400 metros da estação de metrô (Armênia), tem dezenas de ônibus que passam na porta. Então é um lugar que qualquer um pode chegar.
A nossa expectativa é que caiba dentro da Cidade do Circo cerca de 30 mil pessoas ao mesmo tempo. Vai permitir que um grande número tenha acesso à programação desses cinco dias, de 11 a 15 de abril. Acho que se afetar o festival de Piracicaba será positivamente. O Festival Paulista acontece no segundo semestre. Esse será no primeiro semestre, não há concorrência de data, e, portanto, dará ao circo mais visibilidade. E é claro que a imprensa de São Paulo dá mais cobertura para um festival que acontece na capital do que no interior. Acho que se tiver influência é que pode ajudar na divulgação do festival do interior.
Panis & Circus: Como funciona a parceria entre a Associação dos Amigos do Centro de Memória do Circo, instituição responsável pela execução do Festival, e a Secretaria de Cultura?.
André Sturm: Nós fizemos um edital de chamamento para que as instituições apresentassem propostas e orçamentos para a realização do festival de circo e nós demos algumas diretrizes. Logo a ideia, tendo ganho essa instituição, é de que eles tenham autonomia para curadoria, para fazer as contratações necessárias, de lona, enfim de toda a estrutura. E nós, Secretaria, damos as diretrizes do que nós queremos.
Discutimos desde a linha da curadoria até questões de logística. Falamos da garantia de outras questões, como por exemplo, espaços de alimentação. Solicitamos que exista produtos de R$ 2 até o preço que quiser, mas que tenham produtos com preços acessíveis para qualquer pessoa que vá. Não tem problema que tenha um produto de 100 (reais), por exemplo, mas tem que ter coisas baratas também.
Eu acho que esse é um modelo que é muito positivo, que é a parceria. No governo do Estado existem muitas parcerias com Organizações Sociais para a gestão de museus, espaços de teatro, eu participei muito disso lá. E aqui eu tento adaptar. Não é a parceria de um contrato de gestão, é um contrato para uma ação específica. A gente deixa na mão do Estado a política pública e dá as diretrizes. Mas deixa (a execução) na mão de um privado, com história no mundo cultural, com especialista. Acho que isso dá dinamismo, rapidez, eficiência, diminui custo e somamos o melhor dos dois mundos.
Panis & Circus: No caso da curadoria – circo tradicional ou circo contemporâneo? Qual linha segue o Festival?
André Sturm: É que é para todo mundo. A ideia é que tenhamos do palhaço mais tradicional aos grupos, às trupes, (mais contemporâneas). É exatamente isso. A diretriz que nós demos é que nós não queremos um recorte. Queremos uma amplitude.
Panis & Circus: O festival vai acontecer em abril e o anúncio foi feito em março com a presença do prefeito João Doria e de Hugo Possolo, dos Parlapatões e da Associação dos Amigos do Centro de Memória do Circo. Vai dar tempo para ficar tudo pronto?
André Sturm: Dá tempo, claro. A gente só anunciou agora porque achamos que seria mais interessante anunciar mais próximo para que o efeito de mídia fosse mais positivo. Mas, o festival vem sendo preparado desde o ano passado. O contrato foi assinado e boa parte do recurso foi repassado ano passado para que a instituição pudesse iniciar seus trabalhos. Então, já está muito avançado.
Panis & Circus: Vão ser 30 mil pessoas por dia?
André Sturm: Cerca de 30 mil pessoas ao mesmo tempo. Podemos ter mais de 30 mil. No sábado, por exemplo, que teremos programação prevista das 10h da manhã às 10h da noite, as pessoas não vão ficar 12 horas lá dentro. Então, quem sabe, a gente possa ter 50 mil pessoas, no sábado ou no domingo, sendo otimista.
Panis & Circus: Para finalizar, conte um pouquinho sobre sua memória de infância com o circo?
André Sturm: O circo era um programa na minha infância. Aquela magia toda que o circo oferecia. Eu fui ver o circo Orlando Orfei, o circo Garcia. E foi muito marcante para mim o espetáculo Águas Dançantes.
E o que aconteceu mais tarde, foi incrível. Quando eu estava na Secretaria de Estado, quando a gente lançou o Festival Paulista de Circo, convidei os Parlapatões para fazer uma performance no abertura, que contava com a presença do governador. E eles fizeram um número que era uma homenagem, paródica, absolutamente, por acaso, do número das Águas Cantantes. E foi um dèja vú da infância. O circo fez parte da minha infância e depois teve um hiato. E hoje em dia faz parte de novo.
Serviço
1º Festival Internacional de Circo da Cidade de São Paulo – FIC
Data: de 11 a 15 de abril
Local: Centro Esportivo Tietê
Endereço: Av. Santos Dumont, 843 – Armênia (próximo ao metrô Armênia, Linha 1 – Azul do Metrô).
Entrada: grátis
Informações clicando aqui.
As performances para a 1ª Mostra Competitiva de Números Circenses podem ser cadastradas até o dia 15 de março. Clique aqui e veja todas as informações (como edital, regulamento e preparativos).