Picadeiro
Angelo Brandini: magia com Shakespeare
As mais incríveis adaptações para crianças e adultos, da obra do poeta inglês
Angelo Brandini, ator e palhaço há 18 anos, do grupo Doutores da Alegria, é o mago das adaptações para crianças, de obras de William Shakespeare (1564-1616).
As peças são resultado do trabalho da companhia Vagalum Tum Tum, que Brandini dirige. Ele tem a parceria de sua mulher, a atriz e palhaça Christiane Galvan.
Seu grupo mantém em repertório a trilogia de espetáculos “O Príncipe da Dinamarca”, “Othelito” e “O Bobo do Rei”. Engraçadas e líricas, tristes e comoventes, as peças são representadas por uma excelente trupe de palhaços. A maioria dos integrantes pertence também aos Doutores da Alegria, como Val Pires, Christiane e Anderson Spada.
Em 13/09, “Othelito” está em São José do Rio Pardo e, no dia 22/09, em Osasco. Em 14/09, “O Bobo do Rei” é apresentado em Caconde. O Festival da Paideia recebe em 1º/10 “O Príncipe da Dinamarca”. Em outubro e novembro, esse espetáculo fica em cartaz no Teatro Eva Herz, da Livraria Cultura, na capital paulista.
Novidades para 2013
Angelo Brandini conta que em 2013 montará mais uma adaptação de Shakespeare, provavelmente, “Henrique V”, e uma peça de Molière (1622-1673). Diz também que tem um projeto com a cantora Badi Assad, de um show para crianças.
Ele ainda pretende realizar um espetáculo sobre a vida do poeta inglês e mostrar em São Paulo e em Recife “O Senhor Dodói”, que é a adaptação de “O Doente Imaginário”, do dramaturgo francês, que criou para os Doutores da Alegria.
O grupo dos Doutores se apresenta em hospitais e fez tanto sucesso que aparece em todo o Brasil. Várias companhias de teatro e de palhaços seguem seus passos e multiplicam a ideia de que saúde é diversão pelos hospitais do país.
Como ator, Brandini realiza trabalhos para TV, como a minissérie para o público jovem “Família Real”, de Cao Hamburger. Encerrou recentemente temporada de sucesso com a peça “O Processo de Giordano Bruno”, dirigida por Celso Frateschi. Integrou espetáculos como “O Avarento” (direção de Cacá Rosset), “O Macaco Peludo” (Celso Frateschi) e “La Chunga” (William Pereira).
Ator e diretor premiado, atualmente é o coordenador nacional de criação dos números dos Doutores da Alegria.
Confira na íntegra a entrevista com o diretor da cia. Vagalum Tum Tum.
Pingue-pongue
Panis & Circus – Em que ano entrou nos Doutores da Alegria?
Angelo Brandini – Em 1995, quando eles tinham três anos ou quatro anos [de existência]. Tenho formação clássica no teatro, pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP), mas sempre gostei de comédia e, na minha época [de estudante], a comédia era considerada uma coisa menor.
Eu achava difícil fazer comédias porque não havia espaço para encená-las na Escola de Arte Dramática (EAD), então, fui trabalhar no meio dos palhaços.
Aí, terminei a escola, entrei no mundo dos palhaços e nunca mais… Fiquei dez anos mergulhado no mundo dos palhaços. Larguei um pouco o teatro tradicional.
Circus – Você se formou?
Brandini – Em 1988. Para mim era questão de honra. Em 88, começava a rolar um movimento de palhaço, muito no início ainda. Lembro que havia algumas pessoas de fora trabalhando aqui essa coisa do clown.
Circus – A Cristiane Paoli Quito…
Brandini – Trabalhei com ela durante anos. Antes de Quito tive outros mestres, a Bete Lopes, que não é a Beth Lopes que a gente conhece daqui, é outra, que é mais antiga, que trabalhava as máscaras, o que era bem legal. Ela é uma cidadã do mundo, foi morar na África, não sei o que aconteceu com Bete.
Não fiz espetáculos com ela, mas a gente trabalhou por muitos anos. Na década de 80, quando comecei no teatro mais intensamente, a gente ensaiava muito, mas não apresentava nada, vivia um processo eterno.
Um deles foi muito legal porque começava com a máscara neutra até chegar à máscara do palhaço.
Trabalhei com Antonio Zigrino, um italiano que aparecia em São Paulo de vez em quando, mas foi pouco o contato que tive com ele. Foi bom.
Houve outros [mestres]. Não vou lembrar o nome de todos. Eu sempre procurava a comédia do palhaço, o tempo cômico.
Depois veio o trabalho com a Quito, que tinha ido embora e depois voltou para o Brasil. Eu ainda estava na EAD quando ela voltou e a conheci lá. Ela dirigia uma turma antes da minha. Aprofundei meus trabalhos de palhaço com Quito, fiquei com ela muitos anos.
Aí tomei gosto pela coisa do palhaço e, quando vi, eu já era um palhaço.
Nasce o palhaço-ator
Circus – Nesse momento, você era clown ou palhaço?
Brandini – Sabe por que a gente falava clown? Era uma bobagem tão grande, mas a gente achava que, como não tinha tradição no circo (ninguém de nós vinha do circo, mas do teatro), a gente tinha respeito pelo palhaço de circo e achava que não podia chegar de palhaço.
Circus – Seria uma a profanação do circo.
Brandini – Exatamente. Então, nós nos rotulávamos de clowns. Eu achava isso ridículo, porque a gente estava no Brasil. Havia teses que defendiam as diferenças entre o clown e o palhaço.
Circus – Foi uma tentativa de sistematização do trabalho.
Brandini – A gente era muito teatral, era diferente do palhaço de circo, que tinha de aparecer no picadeiro para cinco mil pessoas, então, tinha uma pegada que era teatral mesmo.
Essa coisa de clown e palhaço durou até [cerca de] dez anos atrás. Aí combinou-se que era todo mundo palhaço e pronto, tinha de parar com essa coisa de clown.
Foi um movimento que veio vindo, sabe, os Parlapatões, a gente aqui nos Doutores da Alegria, não foi nada organizado, mas, de repente, todo mundo era palhaço e não tinha essa coisa de clown.
De vez em quando, a gente ainda escuta falar dos clowns por aí, mas o palhaço ganhou, graças a deus, e nessa eu fiquei com os palhaços.
Entrei para os Doutores da Alegria e me aprofundei na pesquisa.
Eu sentia muita falta do teatro, porque gostei muito, apesar da coisa careta que era na EAD, de a comédia ser uma forma menor. Mas aproveitei muito [a EAD] porque tinha ótimos professores.
Um dos professores era o Celso Frateschi, com quem aprendi pra caramba. Havia uma professora de voz maravilhosa, Milene Pacheco. Na época a gente a odiava, mas hoje agradeço, que bom que ela passou por minha vida.
Milene tinha um método meio antigo, a gente até apanhava dela, mas aprendia.
Depois que passou esse tempo, comecei a sentir falta do teatro, a pensar que podia juntar as duas coisas, porque o palhaço tem um olhar interessante para a realidade e era próximo do que eu tinha trabalhado com o Celso – a linguagem do Brecht, um pouco diferente do Stanislávski. Eu gostava da ideia do estranhamento, de não ignorar a plateia, de não ter a quarta parede.
Eu precisava juntar tudo isso. Sou apaixonado por Shakespeare, acho que está tudo pronto lá. Então juntei Shakespeare com o palhaço. Nos anos 90 escrevi “Othelito”. Foi a primeira vez em que experimentei isso.
Em “Othelito” trabalho com arquétipos da commedia del’ arte. Mas faltava a leveza do palhaço, então, só agora, depois de 12 anos, a Christiane Galvan, que divide a Vagalum Tum Tum comigo e é minha esposa, mexia em minhas coisas e achou o texto datilografado.
Ela inscreveu o texto no Festival da Cultura Inglesa e ficamos na repescagem. Uma companhia não participou, e a gente entrou no festival.
Na primeira montagem, eu fazia parte do elenco porque por minha cabeça nunca passou a ideia de ficar fora do palco.
Depois vi que eu tinha de estar fora de cena para o espetáculo ficar legal. Eu tinha experiência de escrever e dar o texto para outras pessoas dirigirem e o resultado era ruim, não por culpa dos diretores, mas por culpa minha como dramaturgo, sabe?
Não sei escrever para outro, porque, para mim, a escrita e a direção não têm diferenças. Acho difícil alguém conseguir montar um texto meu depois que eu monto.
Criação da cia. Vagalum Tum Tum
Circus – Nesse momento você e Christiane lançaram a Vagalum Tum Tum?
Brandini – Antes. A Vagalum Tum Tum surgiu a partir de uma relação com os Doutores da Alegria, grupo com o qual a gente já trabalhava. Em 1996, a gente criou um espaço, o “Midnight Clowns”. O “Clown da Meia-noite” era um show de palhaços, era o lado profano dos Doutores.
Criávamos esquetes e apresentávamos, foi um sucesso. A gente abriu a história do teatro à meia-noite, depois veio “Terça Insana”, que também ficava lá com a gente. A Grace [Gianoukas] trabalhava conosco, foi legal.
Mas eu precisava fazer um trabalho autoral, então, eu tinha esquetes para isso e comecei a apresentá-las. Aí começou a cia. Vagalum Tum Tum.
Circus – Em que ano?
Brandini – Em 2007 a gente se apresentou e ganhou o prêmio APCA [da Academia Paulista dos Críticos de Arte], eu me empolguei e resolvi me aprofundar na pesquisa sobre Shakespeare.
Acho que faz todo sentido juntar minha formação de palhaço com a formação acadêmica mais enquadradinha e deu supercerto. Na sequência, fiz a adaptação de “O Doente Imaginário” para os Doutores da Alegria, que é “O Senhor Dodói”, espetáculo lindo também.
Ele foi superbem, até hoje a gente o apresenta. Ganhamos prêmios bacanas. Eu quis fazer “O Senhor Dodói” em 2008, passei o ano de 2009 sem fazer nada, mas já tinha um projeto de fazer o “Lear”, que é “O Bobo do Rei”, de 2010.
Em 2011 eu queria adaptar mais alguma obra de Shakespeare, mas pensava em “Hamlet” por último, porque é a melhor peça de Shakespeare.
A [editora-assistente da “Folhinha”] Gabriela Romeu me fez uma provocação: “Por que você não escreve algumas adaptações de clássicos para publicar na ‘Folhinha’?”
Eu tinha o prazo de uma semana, fui fazendo todos os textos. Ela não publicou porque não fazia o menor sentido publicar aquilo no jornal. Eu tinha todos os textos escritos, mas eu não tinha a pegada de escrever para o jornal. Mas foi ótimo porque comecei a fazer muitas adaptações e uma delas foi a do “Hamlet”, que ficou “O Príncipe da Dinamarca”.
Resolvi montar e pensei em 2013 ou 2014, só que me inscrevi para um edital da Secretaria da Cultura, de brincadeira, porque em edital você põe um texto só para arriscar, nunca sabe se vai ser aprovado.
Ganhei o edital e o patrocínio na sequência. Em seis meses montei “O Príncipe da Dinamarca” e saiu até que razoavelmente legal.
O espetáculo estreou em 2011, está fresquinho. A gente trabalha agora com essa trilogia do Shakespeare, mas ainda há outras obras de Shakespeare para montar.
“Othelito”, “O Bobo do Rei” e “O Príncipe da Dinamarca”
Circus – Fale um pouco sobre cada um dos espetáculos.
Brandini – No espetáculo “Othelito”, adaptação de “Otelo”, os personagens são transpostos para os arquétipos da commedia del’arte e usamos algumas técnicas de palhaço.
Em “O Bobo do Rei”, eu quis trabalhar as imagens do velho e da criança, porque há um tempo na vida em que essas figuras se encontram. Acho poéticas suas imagens.
Para mim, ter conseguido contar a história do Hamlet foi surpreendente. Vejo muitos adultos nas peças. Minhas peças são para as crianças levarem os pais para assistir. Muitos adultos vêm falar comigo, mandam e-mails e falam que, pela primeira vez, entenderam um pouco do que é o “Hamlet”, porque parecem que as pessoas têm medo do Shakespeare.
Há montagens que complicam as histórias, então, parecem inacessíveis. Fico feliz quando um adulto me diz que entendeu “Hamlet” pela primeira vez e levando o filho para ver o espetáculo.
É uma grata surpresa o sucesso que “O Príncipe da Dinamarca” está fazendo, porque eu tinha medo da forma como tratar da morte. Na peça morre todo mundo. Deu certo.
Doutores da Alegria
Circus – E seu trabalho de palhaço nos Doutores da Alegria?
Brandini – Meu trabalho de dramaturgo existia antes de eu ser palhaço dos Doutores da Alegria, que veio quando eu já era palhaço e tinha saído da EAD. Escrevi “Othelito” em 1991, 1992, e entrei em 1995 nos Doutores da Alegria.
No início achei horrível, eu não via muito nexo um palhaço no hospital, achava mórbido.
Primeiro, eu não gostava de hospital, eu nunca tinha entrado num hospital antes, nem para nascer, porque nasci em Minas Gerais, em casa.
Um dia resolvi ver como era o trabalho, acompanhei uma dupla, os palhaços entravam num quarto, e, quando saíam, não era mais um quarto de hospital, era outra coisa, era uma paz.
Aí comecei a fazer uma comparação com o que a gente faz no hospital – eu ainda não tinha relação com o teatro. A gente vai ao teatro e quer causar uma transformação no espectador, mas nunca sabe o que vai acontecer, pode ter uma interação ali, na hora, mas vai embora, comer uma pizza, vai para casa.
No hospital a transformação acontecia na minha frente. Com uma criança que estava lá “doentinha”, com os pais, e os outros adultos também.
A gente conseguia fazer no hospital o que muitas vezes não sabe se consegue realizar no teatro. Tive a ideia da potência que era esse trabalho e vi que era aquilo que eu queria fazer.
No hospital o ator não tem aplausos, não tem plateia, atua para aquela determinada pessoa e já está ótimo, tem de adaptar seu trabalho para aquela realidade.
“Besteirologia”
Circus – O que faz com cada paciente?
Brandini – A gente sempre imita os médicos, entra como médicos, parodiando. Tenho um nome que é de médico, Doutor Zorinho, é o nome do meu palhaço.
A gente sempre se apresenta como “besteirologista” e cada um tem uma função. Por exemplo, sou especialista em “melecocardiograma computadorizado”.
Conto histórias que a gente inventa e que são formas de fazer com que a criança, quando olhe para o médico, tenha uma visão mais lúdica do momento que vive.
A relação com o palhaço não é de show, é de interação. É um improviso com a criança, que dura dois minutos, cinco ou dez minutos, meia hora, o tempo não importa, mas, sim, a qualidade da relação que você estabelece.
Todo mundo se beneficia com esse trabalho, as crianças, os profissionais da saúde, os médicos, os enfermeiros, todo mundo que trabalha no hospital, porque, a cada vez que o palhaço encontra alguém no hospital, estabelece uma relação, o palhaço não ignora ninguém, todos são parceiros nossos.
Circus – Por que seu palhaço é Zorinho?
Brandini – Meu nome é Angelo Ozório, e ficou Zorinho.
Circus – Você coordena o núcleo de criação dos Doutores da Alegria?
Brandini – Todos os palhaços fazem suas esquetes. Minha função hoje é criar ações para espaços fora dos hospitais. Faço peças de teatro para os Doutores. Tenho uma forma também de trazer recursos para os Doutores da Alegria, é um braço artístico.
Circus – Quais peças já criou para os Doutores?
Brandini – Aberta para o público foi só “O Senhor Dodói”. Vou fazer outra. A gente tem muita encomenda de peças internas para empresas, por exemplo. É isso que traz recursos para os Doutores porque esse trabalho não é voluntário, todos os artistas são profissionais e recebem por isso, mas o hospital não paga nada, a gente oferece trabalho gratuito nos hospitais e tem de bancar isso de alguma forma.
Houve uma experiência interessante com a Rádio Eldorado, para onde os Doutores criaram, acho que em 2006, esquetes de um minuto sobre cidadania no trânsito, “Rádio Para-choque”. A gente ganhou prêmio de inovação em rádio, da APCA. Era um humor aplicado, sobre as mazelas no trânsito de são Paulo. As crianças adoravam, ouviam quando os pais as levavam para a escola ou na perua escolar.
Teatro e cinema
Circus – Fale de seu trabalho de ator.
Brandini – Nunca parei meu trabalho de ator, gosto muito do palco e nele tenho uma atuação que é completamente diferente. Fiz com Celso Frateschi “Tio Vânia” em 2009. Fiz também “Ricardo III”, o Celso estava no elenco.
Circus – Você atuou em “Carandiru”, no cinema.
Brandini – Fiz pouco cinema. Trabalhei com o Hugo Georgetti também, o último filme foi para a TV Cultura, “Paredes Nuas”, sobre corrupção, em que faço o protagonista. Sou o motorista de um ricaço que foi preso por corrupção. Trabalhei no filme da Mara Mourão também, “Alô?!”.
Fiz curtas também, gosto de cinema, é uma pena que a gente não consiga fazer tanto cinema no Brasil.
O filme dos Doutores é um documentário, só damos depoimentos. Há algumas cenas de trabalho no hospital.
Casamento do circo com o teatro
Circus – O que significa unir a arte do circo com a do teatro?
Brandini – O primeiro contato que tive com o teatro, por exemplo, foi num circo, porque no interior de Minas Gerais não tinha teatro, o que eu via eram os dramas de circo. Na segunda parte do espetáculo tinha o teatro.
Eu era muito criança, mas me lembro bem disso e tenho imagens fantásticas de circo, então, tenho muito do circo dentro de mim, essa coisa de furar lona para ver o circo, vivi isso, ou ajudar os caras a armar o circo, isso sempre foi muito forte dentro de mim.
A primeira peça de teatro que vi no circo foi “O Céu Uniu Dois Corações”, um drama maravilhoso que eu adoraria remontar.
Eu era fascinado por trapézio. Demorei um pouco para gostar de palhaços porque eu tinha um pouco de medo na época.
Quando vi o teatro no circo, percebi que era o que eu queria fazer. Acompanhei o circo durante toda a infância.
Eu era descolado, sempre trabalhei, desde criança, e, quando cheguei a São Paulo, fui morar com meus tios, mas já me enturmei com a galera que fazia teatro na escola e aí comecei. Não conseguia mais ficar com a família, nunca briguei, mas fui morar com a galera numa república em Pinheiros.
Comecei a fazer teatro na periferia, eu tinha uns 16, 17 anos, e havia um movimento forte na periferia, que era a fundação do PT. Nunca fui filiado a partido nenhum, mas eu acreditava naquele trabalho e no teatro já como forças de transformação.
Foi lá que tive meu primeiro contato com o Celso. Na periferia a gente fazia teatro na rua, em qualquer lugar, mas sempre um teatro engajado.
Ao mesmo tempo eu trabalhava no grupo Ultra.
Comecei como engraxate, depois fui office boy, então, trabalhei como programador de computador.
De engraxate a diretor de teatro
Circus – O engraxate que virou palhaço e um grande ator.
Brandini – Eu fazia teatro na periferia e trabalhava ao mesmo tempo e estudava também. Chegou uma hora em que eu não sabia fazer mais nada que não fosse teatro, por isso, fui para a USP.
Passei a não gostar mais do meu trabalho, comecei a fazer ciências sociais, mas fiquei dois ou três anos e saí [do curso]. Aí, fui para a EAD.
Está tudo ligado, por isso, consigo juntar as coisas. Minhas peças têm momentos cinematográficos porque o cinema inspirou determinadas cenas. Há desenho animado, acho que a arte é uma culinária mesmo, uma alquimia.