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Animação leva “Tangos e Tragédias ao cinema”
“Até Que A Sbórnia Nos Separe narra as aventuras do Maestro Plestkaya e Kraunus Sang, dupla da comédia musical Tangos & Tragédias
Navegando pelos mares do mundo, a Sbórnia saiu dos palcos de teatro para as telas de cinema. O longa-metragem de animação Até Que A Sbórnia Nos Separe, de Otto Guerra, estreia após 10 anos de desenvolvimento e produção e narra as aventuras do Maestro Plestkaya e Kraunus Sang, dupla da comédia musicalTangos & Tragédias, de Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez.
A Sbórnia é um país fictício que foi separado do continente por sucessivas explosões e passa a viver à deriva. O filme é uma livre adaptação da peça e recria esse universo mostrando o que acontece quando o país, isolado e parado no tempo, sofre um choque cultural ao voltar a ter contato com o mundo exterior.
Para contar as aventuras de um povo em conflito com seus costumes, Arlete Salles e André Abujamra dão vida a alguns dos cidadãos sbornianos, além de Fernanda Takai – voz da jovem Cicliquot – que vive um amor proibido com Plestkaya. Hique Gomez está muito feliz com o resultado. “Os personagens estão muito bem representados, tem toda uma fidelidade com a história que a gente já contava ao público”, ressalta.
André Abujamra é responsável pela trilha sonora, com regravações das músicas que figuram no espetáculo e releituras como Rosa, de Pixinguinha, e Epitáfio, dos Titãs.
O espetáculo teatral, com 30 anos de sucesso e público total na faixa de 1 milhão de pessoas, já passou por palcos de todo o Brasil, além de Argentina, Colômbia, Espanha e Portugal. O filme estreia celebrando a jornada do Tangos & Tragédiase ainda sob o impacto da morte de Nico Nicolaiewsky, em fevereiro deste ano, que interpretava o Maestro Plestkaya. “Gosto de pensar que o Nico foi o primeiro sborniano a encontrar o caminho de volta para casa. A presença dele ainda é muito forte e vai permanecer pra sempre”, diz Hique.
A ideia de adaptar a peça para o cinema surgiu com Otto Guerra, que chamou os criadores para participar do processo. “No início, eles estavam um pouco céticos, mas depois que viram as animações ficaram entusiasmados”, diz. Para o diretor, foi muito importante Nico ter visto o filme pronto. “Fico feliz de ele ter gostado muito do resultado”, comenta.
Na direção, Otto Guerra contou com o apoio do carioca Ennio Torresan Jr., animador da Dreamworks. Nos últimos dois anos de montagem, o filme incorporou a tecnologia 3D, o primeiro no Rio Grande do Sul nesse formato. A direção de arte ficou aos cuidados de Eloar Guazzelli, que deu ao filme um visual de Leste Europeu. Para Hique, o imaginário da Sbórnia está mais vivo do que nunca. “Quando as pessoas veem a Sbórnia no cinema, ninguém questiona. Todo mundo concorda”, conta.
O filme já foi exibido em diversos festivais de animação pelo mundo, como o Waterloo Festival for Animated Cinema (WFAC), no Canadá, e o Holland Animation Film Festival (HAFF), na Holanda. “Houve surpresa com a qualidade da animação brasileira”, garante ainda Guerra.
Por enquanto, Até Que A Sbórnia Nos Separe tem lançamento regional, sendo exibido em 25 salas do Rio Grande do Sul. De acordo com Guerra, a estreia pelo Brasil dependerá da recepção do público. “Se funcionar aqui, espero que chegue a São Paulo no máximo em um mês”, prevê.
Para Márcia do Canto, mulher de Nico Nicolaiewsky, a estreia é um momento de celebrar o legado do artista. “As pessoas têm um carinho imenso pelo trabalho do Nico e do Hique. Elas ainda levam o Nico muito vivo na memória”, garante.
Ela e a filha, Nina Nicolaiewsky, estão trabalhando para preservar a obra do artista junto com os amigos de longa data Fernando Pezão e Claudio Levitan. Para isso, formaram o grupo U.NICO, dedicado à memória dele. “Estamos buscando administrar e catalogar o trabalho do Nico. Tem bastante material e muitas coisas ainda inéditas”, conta Márcia.
Plágio. No início de setembro, a peça paulistana Let’s Duet – Homenagem a Malitchewsky recebeu acusações de plágio de uma legião de fãs de Tangos & Tragédias. Em Let’s Duet – que segue temporada no Tucarena até dia 26 de novembro -, uma dupla de músicos exóticos faz versões de canções pop, ponto em comum com o musical gaúcho.
Hique Gomez ainda não assistiu à peça, mas conta que conversou com os atores, que receberam uma notificação extrajudicial. “Não temos nenhuma intenção de processá-los, eles falaram conosco, estavam muito chateados”, recorda. Para o artista, isso é consequência de um trabalho que ganhou notoriedade. Márcia do Canto também não assistiu à peça, mas amigos relataram as semelhanças. “Não temos intenção de prejudicar ninguém, primeiro queremos esclarecimentos. Não dá pra sair atirando pedras”, acrescenta.
Tags: cinema, Festival Satyrianas