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Aventura aérea em “João e o Pé de Feijão”

Ricardo Rodrigues e Rodrigo Matheus, em cena da peça

Sonho acima das nuvens com as cordas e os tecidos do circo

Em 2012, houve várias temporadas do espetáculo “João e o Pé de Feijão”, do Circo Mínimo, de Rodrigo Matheus, com artistas convidados, e a peça não cansa de agradar aos espectadores. O personagem João é interpretado pelo ator acrobata Ricardo Rodrigues. Além dele, Matheus faz o papel da mãe do menino e de outros personagens.  

Os dois artistas realizam números aéreos e compõem a dupla de palhaços que encena o conto clássico e popular, recolhido nos anos de 1800. Mas a montagem não é exatamente cômica, destaca a coragem de se aventurar e a alegria na resolução de conflitos.

O enredo remete à época do registro da narrativa exemplar no figurino e na opção por explorar recursos do drama medieval, rural, de período bem anterior, em que homens encenavam personagens mulheres e que a busca pela verossimilhança – parecer igual à vida – misturava-se à crença em poderes mágicos.

A peça encanta pela eficácia. A cenografia divide o enredo em dois planos com inteligência. Uma nuvem separa o mundo do gigante, ou da fantasia utópica, situado no céu, e o dia a dia do menino magro que troca a pobre vaquinha por grãos mágicos de feijão para desconsolo da mãe.

Com técnicas aéreas do circo que levam de um mundo a outro, João escala até as nuvens para buscar a harpa e as galinhas dos ovos de ouro. Os problemas de sobrevivência abaixo da nuvem se resolvem como num passe de mágica.

O exemplo moral é considerado socialmente frágil, mas põe em relevo a persistência do herói em correr atrás do sonho até alcançar o final feliz.

“João e o Pé de Feijão” é uma parceria do grupo com Carla Candiotto, diretora do espetáculo. Candiotto e Matheus adaptaram o conto para o teatro. A também atriz da Cia. Le Plat du Jour dirigiu o grupo Solas de Ventos (em “A Volta do Mundo em 80 Dias”), o Circo Amarillo (“Sem Concerto”) e a Cia. Linhas Aéreas (“Galinhas Aéreas”).

De origem inglesa, a história foi popularizada por Joseph Jacobs em 1890, no livro “English Fairy Tales”. A Wikipédia refere-se a versão mais antiga, de Benjamin Tabart, de 1807.

 

Ficha técnica

Com Circo Mínimo. Direção: Carla Candiotto. Elenco: Rodrigo Matheus e Ricardo Rodrigues. Cenários e figurinos: Kléber Montanheiro. Adaptação: Carla Candiotto e Rodrigo Matheus. Trilha sonora: Tunica. Coreografias: Chris Belluomini. Iluminação: Douglas Valiense. Fotografia: Luiz Doroneto. Duração: 55 minutos. Livre.

(Mônica Rodrigues da Costa)

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