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Aventura e suspense em conto de Dickens
Assombros e viagens com fantasmas em narrativa fluente e detalhada
Quem já sabe ler vai adorar as aventuras de Charles Dickens na Londres da primeira metade do século 19. O enredo traz um usurário homem de negócios que recebe a visita de três espíritos. A cada noite, um deles convida Scrooge (seu nome) para um voo sobre a Inglaterra .
As criaturas celestes surgem em três gélidas noites na véspera do Natal. Querem mostrar o sofrimento dos pobres para tocar o coração do velho ganancioso.
Nas ruas, veem-se trabalhadores que se aquecem com braseiro improvisado, êxtase dos andrajosos. “A claridade das lojas, onde pimpolhos e bagas de azevinho estalavam ao calor das lâmpadas, avermelhava os pálidos rostos dos passantes”.
Em estilo fluente, Cecília Meireles (1901-1964) adapta e traduz o conto e ecoa a voz de Charles Dickens em “Um Hino de Natal”, melodioso no tom, levemente irônico e quase trágico nas descrições de personagens.
“Vendas de aves e mercearias convertiam-se num esplendoroso espetáculo, uma gloriosa parada, com a qual não se acreditaria terem alguma coisa que ver assuntos tão prosaicos como vender e comprar. O Presidente da Câmara, em seu palácio, dava ordens a seus cinquenta cozinheiros e copeiros para celebrarem o Natal como convém à casa de um Presidente da Câmara; e mesmo o pobre alfaiate que ele havia multado em cinco xelins, na segunda-feira anterior, por andar pelas ruas bêbado, a provocar desordens, preparava no seu sótão o pudim do dia seguinte, enquanto a magra esposa saía com o filhinho para comprar a carne.”
As descrições da paisagem são como fotografias e ajudam a compor as figuras humanas, como nestas cenas.
Numa das viagens, Scrooge e o Fantasma do Natal Passado “deixaram a estrada e tomaram por uma avenida de que ele se ele se lembrava muito bem, e em breve chegaram a uma mansão de tijolo vermelho com uma cúpula no teto e um sino pendente. Era uma grande casa, mas tinha as janelas quebradas e as portas arrebentadas. Aves domésticas cacarejavam e pavoneavam-se nas cavalariças; os pátios e os telheiros das carruagens estavam cobertos de ervas. Penetrando no sombrio vestíbulo, e lançando um olhar às várias salas, viram que eram amplas, frias e pobremente mobiliadas”.
O conto foi publicado em 1843. Fez sucesso, foi traduzido em inúmeras línguas, virou quadrinhos e filme. Cecília Meireles o fez circular em 1947, como separata na revista “Seleções Reader´s Digest”. Está na segunda edição pela Global Editora.
Serviço
Livro: UM HINO DE NATAL. Autor: CHARLES DICKENS. Tradução e adaptação: CECÍLIA MEIRELES. Capa e ilustrações: LÉLIS. Edição: 2ª, Global Editora, São Paulo, novembro de 2012. 64 páginas. Preço: R$ 65,00.
Link:
http://www.globaleditora.com.br/catalogo-geral/literatura-brasileira/?colecao=741&LivroID=3443
(Mônica Rodrigues da Costa)