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“Barbosinha”: o predileto para presidente

 

 

União de Marina Silva e Eduardo Campos é “arretada”. Mas é o presidente do Supremo quem leva os votos dos pacientes da médica Anita Costa, em Recife.

A união entre a ex-ministra Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é  classificada como “arretada”. Mas a preferência dos pacientes da médica Anita Costa para ocupar o cargo de presidente do Brasil continua a ser o “Barbosinha”. A referência é ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Eles o admiram pela coragem e o tratam carinhosamente por “Barbosinha”. A médica atende os pacientes de baixa renda e idosos e conversou sobre política e espetáculos durante o festival de Circo, em Recife, no sábado 12/10. O ministro ganhou projeção nacional, em 2012, ao relatar o processo do mensalão e o tom duro adotado por ele no julgamento teve repercussão no país.

Barbosa foi nomeado ministro do Supremo em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O magistrado é o primeiro negro a presidir o STF.

No Rio de Janeiro, o ministro Barbosa é questionado se vai ser candidato à presidente em 2014, após ter dado palestra, na PUC da Gávea, no 8º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na segunda-feira 14/10.  O ministro sorri e responde: “Nunca cogitei concorrer em eleições. Sempre tive uma carreira técnica. Não tenho, no momento, nenhuma intenção de me lançar candidato. No dia em que deixar o Supremo, como entrei muito jovem, eu terei ainda tempo para refletir sobre isso”.

O jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, pergunta se o ministro pretende ficar no Supremo até os 70 anos, quando há aposentadoria compulsória. Barbosa sorri e rebate: “eu sei onde você quer chegar… Acho muito difícil exercer a carreira no Supremo até os 70 anos.”

Diante dessa resposta, os jornais afirmam, na terça-feira 15/10,  que Barbosa não descarta sua candidatura após deixar o STF.  Embora negue intenção de se candidatar,  ele pode se filiar a um partido até abril e concorrer nas próximas eleições. De acordo com a legislação eleitoral, magistrados, membros de tribunais de contas, do Ministério Público e militares têm um prazo diferente para concorrer a cargo eletivo, ou seja, até seis meses antes da eleição de 5 de outubro.

Questionado se possui alguma simpatia pelas atuais candidaturas à Presidência da República o ministro destacou que “o atual modelo político não me agrada nem um pouco”.

Biografias

Durante o Congresso, Barbosa também foi questionado o conflito entre biografados e biógrafos. Um movimento dos artistas, entre eles Caetano Veloso, Roberto Carlos, Gilberto Gil e Chico Buarque, reivindica autorização prévia dos biografados antes da edição das biografias. Para Barbosa, os conflitos existem porque “a Constituição assegura no mesmo pé de igualdade a liberdade de expressão e o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à reputação.” Acrescenta que “o Brasil adotou um tipo de Constituição extremamente detalhista em que  todos os direitos estão assegurados. Determinados juízes tendem a privilegiar um direito, e outros privilegiam outros direitos.” Na plateia formada de jornalistas, alguns ficaram surpresos por acreditar que a liberdade de expressão estava um degrau acima.  

O ministro destacou que não existe censura prévia no Brasil e não acha razoável a retirada de livros do mercado. Porém, defendeu indenização pesada “se houver violação dos direitos do biografado”.

Lewndowski e Adriana

Barbosa evitou falar sobre o mensalão que considera uma “obsessão” dos jornalistas. Afirmou que as discussões públicas que teve com o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, durante o julgamento, não tem importância, são “coisas da vida” e do passado.  

Apesar de ser coisas da vida, Barbosa e Lewandoski protagonizaram mais um embate recentemente. Barbosa criticou Lewandowski por manter em seu gabinete a servidora Adriana Leineker, casada com o jornalista Felipe Recondo, repórter do Estadão, e setorista no Supremo.  

“Eu, como presidente do Supremo, que deve levar as regras éticas e morais, deixei claro que acho muito estranho o emprego da funcionária”… Nesse ponto, ele foi interrompido com a afirmativa que Adriana Leineker é servidora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, desde 2000, e foi  cedida ao STF.  

Barbosa acrescentou que ai reside a desinformação. “Ela não é funcionária do Supremo. Ela recebeu um favor, um cargo de confiança” dado por Lewandoski.  

E acrescenta que escreveu a Lewandoviski afirmando que havia um conflito insuperável de interesses. “Mas ele manteve a situação. O caso está encerrado. No próximo ano teremos o presidente do STF tendo em seu gabinete a esposa de um repórter que trabalha na intimidade do tribunal. Tenho certeza que uma situação como essa seria inimaginável nos Estados Unidos”.

Essa situação pode explicar mas não justificar o fato de Barbosa ter chamado, em março, o repórter do Estadão de “palhaço” e o ter mandado “chafurdar no lixo”.  Depois, se arrependeu e pediu desculpas.    

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