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Bate-papo com os artistas de “Clockwork”
Espetáculo criado por eles é instigante e criativo
Bell Bacampos, da Redação
“Clockwork” é um espetáculo dos “Sisters” (Irmãs), companhia formada por Mikkel Hobitz Filtenborg, dinamarquês, Pablo Rada Moniz, espanhol e Valia Beauviex, francês.
No espetáculo os três artistas exploram a capacidade do corpo de transformar-se em outras criaturas – um monstro, ou em objetos – uma bola.
“É uma dança acrobática entre pernas, braços e, principalmente, cabeças, em que o público vê três indivíduos se transformarem em um só”, afirmou Mikkel Filtenborg, em entrevista ao Panis & Circus, durante o Festival Internacional Sesc de Circo, em São Paulo, em maio de 2015.
Agora, eles preparam-se para apresentar-se no 3º Festival de Circo do Rio de Janeiro – nos dias 27, 28 e 29/11, às 20 horas, no Circo Crescer e Viver. Vale a pena ver. O festival estreou em em 26/11 e estende-se até 6/12.
Panis & Circus já tinha visto o “Clockwork”, dos “Sisters” no Festival de Fossano, na Itália, e o considerou criativo e instigante, figura entre os excelentes espetáculos do circo contemporâneo.
Em uma das cenas, Pablo empurra a cabeça dos outros dois (Mikkel e Valia) ao longo do corpo, uma de cada lado, até os pés, e elas parecem flutuar no ar como se fossem bolas em movimentos – um flerte descarado e bem-humorado com o surrealismo. O figurino e a iluminação provocam um jogo de claro-escuro que ajuda a dar veracidade a esses movimentos, que brincam com a ilusão dos sentidos, principalmente, o da visão.
Em outra cena, os três rodopiam juntos numa roda alemã, fazendo lembrar o desenho “Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci. Seus movimentos em cena imitam as engrenagens de um relógio: tic, tac, tic, tac…
O espanhol Pablo relata ao Panis & Circus que ele, Valia e Mikkel se conheceram em 2009, na Universidade de Dança e Circo em Estocolmo, na Suécia, e a considera uma das melhores escolas de circo contemporâneo do mundo. “Lá, as ideias ganham corpo, literalmente”, brinca.
Durante a entrevista de Mikkel, ouviu-se um estrondo e a queda abrupta de Pablo em cena. Não passava de encenação. Risos. E Mikkel disse: “esse é o espanhol”.
Mais adiante, enquanto Pablo falava com o Panis, foi a vez de o francês Valia, de óculos escuros, desabar no chão. Irreverência planejada que provocou mais risos.
A seguir os principais trechos da entrevista com os “Sisters”:
Mikkel Hobitz Filtenborg: dinamarquês
Panis & Circus: Como você define “Clockwork”?
MiKKel Hobitz Filtenborg: É um espetáculo sobre três caras, três tipos diferentes, que exploram a capacidade do corpo de transformar-se em outras criaturas e objetos. Usamos a imaginação para transformar o nosso corpo em monstro, a cabeça como se fosse uma bola. Estamos brincando o tempo todo com a ilusão.
“Clockwork” foi uma criação minha, do Valia e do Pablo, com a colaboração do artista Dimitris Popaioannou na elaboração de cenários e desenvolvimento do projeto.
E as ideias do espetáculo surgiram em Estocolmo, onde nós três nos encontramos durante curso na Universidade de Dança e Circo.
Valia Beauvieux: francês
Panis & Circus: Como é trabalhar com um dinamarquês e um espanhol?
Valia Beauvieux: É muito trabalho para mim.
Panis & Circus: E como está o seu olho hoje? (Ele tinha machucado o olho esquerdo durante apresentação).
Valia: Está melhor mas você não vai poder vê-lo. (É que Valia usou, em dado momento, na entrevista, óculos escuros de aro branco).
Panis & Circus: Como começou “Clockwork”? Teve hora marcada?
Valia: Clockwork começou com uma pesquisa em Estocolmo – quando estávamos na universidade e era apenas um quadro. Depois, vimos que era pouco e passamos a montar vários quadros e fazer o espetáculo dessa sequência: tic, tac, tic, tac.
Panis e Circus: Por que escolheram a universidade de Estocolmo, na Suécia?
Pablo Rada Muniz : A Universidade de Dança e Circo de Estocolmo é uma das melhores do mundo – se não for a melhor – quando se refere ao circo contemporâneo.
Você tem várias escolas excelentes na Rússia, na Ucrânia, mas elas são dedicadas a linguagem tradicional. Na UDC você tem a chance de desenvolver suas próprias ideias, elas ganham, literalmente, corpo.
Pablo Rada Muniz: espanhol
Panis & Circus: Qual é a sensação de conviver e atuar com dois tipos tão estranhos (risos) quanto seus companheiros de cena?
Pablo Rada Moniz: É uma sensação boa. Somos como uma pequena família – que estava em diferentes pontos do planeta, mas que se uniu e passou a trabalhar junto.
Panis & Circus: Há quanto tempo trabalham juntos?
Pablo: Desde 2009, são seis anos. Não apenas com esse espetáculo, mas com outros também.
Panis & Circus: Como vocês vieram parar aqui no Brasil?
Pablo: Participamos de vários festivais em vários países e fomos vistos, fizeram o convite, aceitamos e estamos aqui.
Panis & Circus: Vimos “Clockwork” no Festival de Mirabilia, em Fossano, cidade medieval, na Itália e gostamos muito. Bem-vindos ao Brasil!
Postagem – Alyne Albuquerque