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Bubuia no embalo dos bebês
Da Redação*
Integrante do festival Circos do Sesc/SP, em sua 5ª edição, o espetáculo “Bubuia” se dirige a bebês e crianças menores de seis anos e seus pais e se inspira no conto “A Terceira Margem do Rio”, de Guimarães Rosa. Ocorreu de 20 a 23/7/2019 no Sesc Paulista e é assinado pela parceria entre os coletivos Instrumento de Ver e Antônia (2009).
De Brasília, o Coletivo Antônia recebeu o Prêmio Sesc/DF de Melhor Espetáculo Infantil em 2017 pela peça “Voa”. Com a parceria, o Instrumento de Ver estreia o primeiro espetáculo para bebês.
O Antônia conta em seu site que pesquisa teatro para bebês e tem também os espetáculos “Voa” e “Alma de Peixe”, este último com teatro de bonecos e resultado de pesquisa em creches na região de Brasília.
“Bubuia” representa bem a palavra que dá sentido ao nome da montagem, sobre o fluir de um barquinho no rio ao sabor da correnteza.
Acima da plateia há bolas coloridas com as cores de água, o dourado da luz e o marrom da terra. A peça constrói uma metáfora visual das águas de um rio em curso.
O conto de Rosa trata da ir-reversibilidade do destino humano, carregada de atmosfera angustiante ou de pressentimento. O enredo mostra família ribeirinha cujo pai abandona tudo para viver só e mudo, navegando na canoa até envelhecer, quando o filho lhe toma o lugar.
A narrativa performática de “Bubuia” procura efeitos sensórios e gestuais de leveza. Uma bexiga suspende um barquinho no ar – em cena de beleza singela. Três atrizes engatinham, rastejam e caminham de uma ponta a outra do espaço cênico – sinuoso e comprido como um rio.
Elas dançam com véus esvoaçantes e derramam água em balde e bacias de alumínio (daquelas para lavar roupas à beira d’água, como é costume das mulheres ainda hoje no Brasil do interior).
Os tecidos sobrevoam delicadamente a plateia de pais e bebês. O elenco faz um jogo criativo com o fluxo da água pelas bacias e constroem uma espécie de traquitana para a água atravessar.
Mas não há variação sensorial suficiente no espetáculo ou a revelação de enredo ou elemento visual, o que imprime um vazio e deixa algumas crianças inquietas na plateia.
Ficha técnica
Direção artística: Beatrice Martins, Daniel Lacourt e Julia Henning (Instrumento de Ver); Dramaturgia: Coletivo Instrumento de Ver e Coletivo Antônia. Elenco: Cirila Targhetta, Kamala Ramers e Tatiana Bittar. Produção: Coletivo Antônia.
*Colaborou Mônica Rodrigues da Costa
Clique aqui para saber mais no site do Coletivo Antônia
Clique aqui para conferir no Coletivo Instrumento de ver.