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Centro de Memória do Circo festeja “As Mulheres do Circo”

 

"As Mulheres do Circo" no Centro de Memória/ Foto Asa Campos

 

 

Elas representam o circo com ‘gabarito e serragem nas veias’

Da Redação 

 

O Centro de Memória do Circo é invadido por um bando de mulheres na segunda-feira 23/9. Risonhas e com plumas coloridas nos ombros elas fazem poses em frente aos painéis da exposição permanente do local “Hoje tem espetáculo!”, na Galeria Olido, em São Paulo. É que o Centro de Memória festejou as mulheres que representam o circo com “gabarito e serragem nas veias”. Elas são “As Mulheres do Circo”. 

Mas os homens também não fizeram feio no evento. O palhaço Picolino, seu Rogê Ferreira, do alto de seus 90 anos, brincou com nariz de palhaço com a atriz circense Malu Morenah, uma das homenageadas, e ganhou aplausos e sorrisos.

 

Malu Morenah, uma das Mulheres do Circo, e Roger Avanzi, o Palhaço Picolino / Foto Divulgação

 

O secretário de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, e Verônica Tamaoki, diretora do Centro, comandaram a festa e a entregaram uma rosa vermelha às homenageadas. Entre elas, Amercy Marrocos, Bel Toledo, Beth Martins, Elsa Wolf, Eliana Messias, Erica Stoppel, Iracema Cavalcante, Irma Keszey Guranyi, Lana Campos, Ligiane Braga, Malu Morenah, Marília de Dirceu, Maria Isidora Duran Gutierrez, Marlene Querubim, Mônica Alla, Sonia Fátima Beltran Diaz, Sonia Gray e Tania Fabri.

 

Verônica Tamoki, do Centro de Memória, e o secretário municipal da Cultura, Juca Ferreira, relatam um pouco da trajetória das homenageadas e entregam rosas à elas / Foto Asa Campos

 

 No convite para o evento foram destacadas três mulheres que fizeram história no circo: Dona Carola Boets, Dirce Militello e Juanita Pereira.

 

 

Laudi Tangará Fernandes, atriz de circo teatro, recebeu a homenagem em nome de sua mãe, Dirce Militelo. Ana Garcia, em nome de Dona Carola Boets, diretora artística do circo Garcia. E Maíra Campos, equilibrista e trapezista do Circo Zanni, em nome da artista circense Juanita Pereira, famosa por suas acrobacias aéreas, criadora do número de trapézio triplo voador.

 

Laudi Tangará Fernandes recebe a homenagem por sua mãe Dirce Militello / Foto Asa Campos

 

Maíra Campos, do Zanni, recebe a homenagem em lugar de Joanita Pereira / Foto Asa Campos

 

Ana Garcia que recebeu a homenagem póstuma à Carola Garcia / Foto Asa Campos

 

Carola Boets: a primeira dama do circo brasileiro

Andréa Françoise Carola Boets (1937-2006), nasceu na Bélgica e era filha dos acordeonistas performáticos, Carolus Boets e Ernestine Maria Ryckaert, que se apresentavam com o nome de Scandallis. Ela começou ainda menina sua carreira artística, fazendo imitação de Maurice Chevalier e, seguindo a tradição familiar, tocando acordeons dos mais variados tamanhos.  Carola também tocava saxofone, dançava, interpretava, adestrava animais, como cabras, chimpanzés, cobras e elefantes. Foi diretora artística da companhia do Circo Garcia que ela construiu e reconstruiu por diversas vezes.  

Dirce Militelo e a defesa da classe circense

Dirce Militello (1924-1988) era de Chavantes, interior de São Paulo. Começou cedo a atuar em circo-teatro com o pai, Benedito Marques Ribeiro, o velho Tangará. Ainda jovem, conheceu o ator Humberto Militello, o palhaço Chororó, com quem se casou e teve quatro filhos: Vick, Laudi Aparecida, Humberto e Carmen. Além do circo, trabalhou no teatro e na televisão. Mulher de muitos talentos, Dirce também se dedicou à militância política em defesa dos direitos da classe circense. Foi diretora do Sindicato dos Artistas de São Paulo, criou o Prêmio “Picadeiro” e escreveu dois livros sobre sua vida no circo: “Picadeiro” e  “Terceiro Sinal”.

Juanita Pereira e suas acrobacias aéreas

Juanita Pereira (1849-1892) foi campeã de ginástica olímpica, em Londres, em 1868. Destacou-se com a criação dos três trapézios voadores.  Chegou ao Brasil em 1871, com o marido, o português Albano Pereira com quem teve seis filhos: Clementina, Luiz  e  Carmen (que se dedicavam as acrobacias em cima do cavalo), Anita, Carlos (palhaço João Minhoca), Alcelo, e Alcebíades (clown – parceiro do palhaço Piolin e pai de Albano Pereira Neto, o palhaço Fuzarca). O pesquisador Júlio Amaral de Oliveira (1919-1990) atribui ao casal Joanita e Albano o que ele considera o mais ousado plano que se conhece na história do circo brasileiro: a  construção de um luxuoso pavilhão em Porto Alegre, em 1875. Ela foi considerada a mulher de cintura mais fina do mundo.

 

O secretário da Cultura, Juca Ferreira, e "As Mulheres do Circo"/ Foto Asa Campos

 

 

O primeiro encontro para prestigiar As Mulheres do Circo foi esse feito agora (23/9) e outros vão vir na sequência, segundo Verônica Tamaoki, diretora do Centro de Memória do Circo. 

 

Saiba quem são “As Mulheres do Circo”

Amercy de Paula Marrocos – acrobata, especialista em aéreos, atriz e conhecedora do universo circense. Foi professora da primeira escola de circo no Brasil, a Academia Piolin, e diretora artística do Circo Bambalalão, da TV Cultura na década de 1980. Madrinha do Centro de Memória do Circo.

Bel Toledo – empresária, jornalista, produtora e presidente da Cooperativa Brasileira de Circo.

Beth Martins: especialista em números aéreos, atriz, bailarina, cineasta, educadora e fundadora e uma das estrelas da “Intrépida Trupe”. Pioneira, no Brasil, do circo de grupo.

Eliana Messias – artista circense, partner do mágico “King”.

Elsa Wolf Hohle – acrobata e especialista em números aéreos. Arte-educadora. É argentina.  

Erica Stopel – acrobata, especialista em números aéreos, atriz, musicista e mãe de Tomás Sampaio, um dos mais jovens palhaços brasileiros. Estrela do Circo Zanni. É argentina. 

Iracema Cavalcante – memorialista do circo-teatro brasileiro.

Irma Keszey Guranyi – adestradora e protetora dos animais. Chegou a se apresentar em uma jaula com oito grandes felinos.

Lana Campos – atuou no circo por várias décadas, e se destacou como lutadora de lutas livres. 

Ligiane Braga – fotógrafa que tem se dedicado a registrar as cenas do circo.

Malu Morenah – atriz circense e bailarina. É atualmente diretora da Companhia do Fogo.

Marília de Dirceu – atriz, cantora, globista e uma das poucas “portôs” de vôos brasileiras. Foi aparadora de  Dover Tangará com quem foi casada.

Maria Isadora Duran Gutierrez – a Palhaça Florcita – parceira do Palhaço Pepin, Raul Hernando Robayo. Pioneira na palhaçaria feminina.

Marlene Querubin – atriz, empresária, poeta, fundadora e proprietária do Circo Spacial. Presidente da UBCI – União Brasileira do Circo, representante do circo no Conselho Consultivo da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura.

Mônica Alla – diretora do Grupo Ares, Mônica costuma tirar o fôlego do público com suas danças verticais realizadas nos edifícios das grandes cidades.

Sonia Fátima Beltran Diaz – diretora circense, empresária e palhaça. É chilena.

Sônia Gray – acrobata, especialista em números aéreos, e atriz do circo-teatro. Fundou o Circo Disparada com seu marido, Joaquim Daniel da Costa, o Palhaço Disparado, onde criou sua família.

Tania Fabri – fez história como acrobata e em números aéreos no picadeiro dos circos brasileiros.

Foram também homenageadas Esthercita Fernandes, atriz de circo-teatro e Luzia Gley, matriarca da trupe Gley. Elas não puderam comparecer mas mandaram seus representantes. Quem recebeu a rosa no lugar de Esthercita Fernandes foi Nina Cassia. E em lugar de Luzia Gley, seu filho.

Fonte: Centro de Memória do Circo.

 

 Postagem: Alyne Albuquerque

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