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Piolin volta para o Centro!
Palhaço volta para casa no centro da cidade
Fernanda Araujo, especial para Panis & Circus
“O Largo do Paissandu está em festa. Piolin voltou para casa”. Essas foram as primeiras palavras oficiais de Verônica Tamaoki, coordenadora do Centro de Memória do Circo, no palco da Sala Olido, na última sexta-feira (4). A cerimônia marcou a transferência do acervo do palhaço Piolin do MASP à instituição circense após 43 anos.
Os festejos, entretanto, começaram duas horas antes. Às 10h30, Verônica e alguns convidados participaram da formalidade de recebimento do acervo Piolin do MASP (à Avenida Paulista, 1578) e seguiram em uma carreata palhacesca para o centro antigo de São Paulo.
Enquanto seguia a carreta, artistas ocuparam o Largo do Paissandu, espaço famoso por abrigar as trupes circenses no começo do século 20, em frente a sede do Centro de Memória do Circo.
Integrantes do Teatro Oficina, Jazz na Rua, Circo Amarillo, Circo Zanni, La Mínima, Trupe Um Quilo e Meio de Variedades, As Mina Palhaça, Cia. Palhaçaria, Risadas e outras Bestagens foram alguns dos coletivos que ocuparam o largo. Às 11h30, alguns grupos pintavam os corpos e registravam em fotos o momento histórico. Enquanto isso, o público se aglomerava em torno de um número de grande periculosidade, segundo o apresentador: “o extraordinário mergulho no copo de água!!!”. Uma alegria ingênua e deliciosa estampava o rosto de adultos e crianças.
Pouco a pouco, os artistas guardaram os acessórios e convidaram o público para “receber Piolin” do outro lado da rua. Na frente a Galeria Olido, um novo clima. Sem números para admirar, uma centena de pessoas entoava um canto indígena em tom moderado, embora intenso, que ganhava eco em outras vozes - que certamente não entendiam a letra, mas eram envolvidas pelo ritmo. Um canto de espera, de batalha, de vitória.
O barulho dos carros anunciava que o cortejo estava chegando. Entre eles, até um representante do modernista Mario de Andrade, admirador de Piolin, interpetado pelo ator Pascoal Conceição. A plateia fez questão de tirar fotos na frente dos carros e com os palhaços, que não se fizeram de rogado. Em um dos carros, o palhaço Fernando Sampaio e Pablo Nordio e em outro carro, Marcelo Lujan, com figurino de palhaço excêntrico, comemoravam a chegada de Piolin ao centro. O trio é sócio do Circo Zanni. Sampaio integra também o La Mínima e Lujan e Nordio, o Circo Amarillo.
Três andores de veludo colorido com adornos dourados, confeccionados pelo cenógrafo Eduardo Paiva, traziam os esperados pertences.
Os palhaços Domingos Montagner e Hugo Possolo seguiram na comissão de frente, rumo à Sala Olido, ao lado dos colegas de trupes do La Mínima, Zanni e Parlapatões.
Na grande sala, a multidão cantava, enquanto os mais eufóricos balançavam bandeiras. O material seguiu até o palco junto com a comissão técnica. O silêncio só começou quando Verônica Tamaoki, de quimono branco e faixa colorida, subiu ao palco e abriu os braços: “O Largo do Paissandú está em festa. Piolin voltou para casa”.
Após as palmas, a coordenadora seguiu o discurso, discorreu sobre suas memórias no Paissandu e a relevância daquele momento. A essa altura, além da voz de Verônica, a plateia emudecida ouvia apenas o barulho das embalagens do acervo desembrulhadas pelos técnicos.
O discurso caminhou para a efervescência do modernismo, em especial o “Festim Antropofágico” no qual Piolin era o prato principal do banquete (mais detalhes nessa edição do Panis & Circus).
A cerimônia terminou com um coquetel na Casa dos Artistas.
E esse é o princípio de uma outra história. As peças serão expostas ao público, a partir de 27 de março de 2016, em uma promissora mostra no Centro de Memória do Circo, a nova casa de Piolin.
Serviço:
Centro de Memória do Circo. Galeria Olido. Av. São João, 473, São Paulo – (11) 3397-0177
Foto da capa: Domingos Montagner e Hugo Possolo comemoram a volta de Piolin ao Centro de Memória do Circo/Foto Georgia Branco
Postagem – Alyne Albuquerque