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Picadeiro

Hoje, 20/05, último dia de “Caravana”, do Circo Roda

 

Cena do espetáculo "Caravana" (foto de Rodrigo Czekalski)

 

Espetáculo “Caravana” rememora o dia a dia no circo brasileiro

O novo espetáculo do Circo Roda, “Caravana – Memórias de um Picadeiro”, apresenta-se na capital paulista em abril e maio no Sesc Pinheiros. Estreou em 28 de março no 21º Festival de Teatro em Curitiba. 

O Circo Roda tem seis anos de atividades e é uma parceria entre a companhia Pia Fraus e o grupo Parlapatões. Nasceu como proposta da empresa CCR aos dois grupos e tem em repertório “Stapafúrdyo” (2006), “Oceano” (2008) e “DNA: Somos Todos Muito Iguais” (2011).

 

Trupe do Circo Roda (fotos de Rodrigo Czekalski)

 

“Caravana” tem concepção e argumento de Beto Andreetta, direção de Chico Pelúcio e dramaturgia de Luís Alberto de Abreu. O enredo mostra em flash-back, através da memória do palhaço protagonista, o itinerário de um circo pelo Brasil.

O velho palhaço Caturrão rememora sua última entrada no picadeiro e as características das regiões onde sua trupe armava a lona.

Em versos, a narração é alternada com exibições de acrobacias no solo e no trapézio, equilibrismo no arame, malabarismo, ilusionismo e reprises de palhaços.

 

Cena do espetáculo "Caravana"

 

Leia entrevistas com a trupe do quarto espetáculo do Circo Roda. Beto Andreetta, a atriz e diretora de números circenses Adriana Telg, Chico Pelúcio, diretor de “Caravana”, e três artistas que participaram de audição para constituir o elenco falaram ao Panis & Circus em novembro de 2011.

 

Beto Andreetta e Chico Pelúcio falam sobre Caravana (foto de Gisleine Moreira)

 

Representantes da empresa CCR, idealizadora e patrocinadora inicial do Circo Roda, explicam a razão pela qual investiram na arte circense dos dois grupos.

Os parlapatões Hugo Possolo e Raul Barretto e Beto Andreetta, da Pia Fraus, contam como o projeto começou e falam das dificuldades de manter uma lona para o Circo Roda.

 

Veja no filme cenas da audição para a criação de “Caravana”

 

ENTREVISTAS

Beto Andreetta conta por que o Circo Roda vendeu sua lona

Panis & Circus – O novo espetáculo do Circo Roda homenageia o circo tradicional brasileiro? 

Beto Andreetta – É isso. A cia. Pia Fraus contribui com uma linguagem muito brasileira. Os Parlapatões são ligados ao humor. Daí, resolvemos fazer uma homenagem ao circo tradicional.

Circus – Vocês vão viajar com a lona com o novo espetáculo? 

Andreetta – A lona foi vendida e se transformou no atual espaço do Circo Roda, à rua Sepetiba,  em São Paulo. Foi uma opção. A gente percebeu que gerir a lona tornou-se muito complexo. Ela era grande e, sem apoio institucional, fica inviável.

Esse galpão da Sepetiba é o Espaço Circo Roda, dedicado ao treinamento e ao processo de formação circense. Está disponível também para apresentações, festas e cursos. Queremos que se torne viável.

A nossa diferença, talvez, de outros grupos artísticos, é a praticidade. Todos temos filhos para criar. Eu tenho três. Logo, a gente sabe da importância da viabilidade econômica. Não somos ligados a outra área artística. É circo mesmo.

Eu, por exemplo, faço parte da Pia Fraus, mas tenho outro projeto, chamado Buzun.  Por isso, o dia inteiro é arte, arte e arte. Viabilizar essa arte. Então, se o investimento é “X”, temos de buscar “X” em um determinado tempo.

A gente faz o planejamento. Está preocupada com a viabilidade econômica dos projetos.  Fiz as contas e disse aos “meninos” que não era mais possível ter a lona. Manter a lona significaria a necessidade de aumentar o patrocínio. Nem sempre o patrocinador quer…

Circus – Os circenses tradicionais não têm lona?

Andreetta – Os circos tradicionais que mantêm a lona e ainda conseguem ganhar dinheiro são gênios. Não sei como fazer isso. Sai muito caro no padrão que a gente queria, com hotel, alimentação, equipamentos como gerador adequado, cabo certo, cadeira certa, banheiro razoável.

Se o Estado não tem uma linha de apoio porque acha que, infelizmente, não precisa tê-la, fica difícil. O circo demanda muito apoio, não é brincadeira. É mais caro que o teatro.

Com o teatro – apesar de todo o investimento que é feito – não se inclui a montagem do teatro porque o prédio já é concreto. Buscam-se recursos para a montagem da peça. Com o circo não é assim.

A montagem da lona é o item mais caro, e o Estado não se lembra desse ponto fundamental em sua política de incentivo.

Circus – Ao vender a lona vocês não perdem uma das características do Circo Roda Brasil, que é a mobilidade, ou seja, o circo que viaja? 

Andreetta – A gente perdeu o uso da marca Roda Brasil porque alguém já tinha o registro e agora é só Circo Roda.

Não vamos perder a característica de rodar. O fato de ser em sala não pressupõe que nosso circo vai ser estático. O espírito da viagem, ser itinerante, é inerente ao circo. Os dois  grupos, o Pia Fraus e os Parlapatões, são itinerantes e realizam espetáculos pelo Brasil e pelo mundo. A gente roda muito. 

Com o espetáculo “DNA”, a gente percorreu 15 cidades. Sem a lona fica viável. Com a lona, você tem de chegar uma semana antes para a montagem. Em sala, o elenco chega no dia da apresentação, e os técnicos chegam dois dias antes.

Com isso, a gente consegue sair de um lugar em dois dias e logo depois está em outro para novas apresentações.

Circus – Vocês continuam com os mesmos patrocínios?

Andreetta – Continuamos, graças a Deus. Sem patrocínio não tem jeito. Patrocínio é dinheiro público. É Imposto de Renda revertido para a cultura. Quem me patrocina é a sociedade brasileira.  A gente enxerga a realidade, e a lona não é mais viável. Vamos fazer o quê? Ficar com a lona guardada na carreta?

Circus – Quem compra lona atualmente?

Andreetta – Dono de circo. Por exemplo, aquele que faz a dupla Patati e Patatá. É o dono do Circo Spacial e da Academia Brasileira de Circo. Ele comprou a lona do Roda, com porteira fechada, ou seja, caminhão, carreta, arquibancada e lona.

O negócio dele é lona. Um circo a que você questiona até a qualidade artística. O fato é que ele conseguiu fazer do circo um negócio. As dificuldades que a gente tem ele não tem. Ele está nesse ambiente, conhece todo mundo, os donos de circo que têm terreno para locar por um preço razoável.

Ele mira o circo popular, no sentido da comunicação, e sabe fazer direitinho. Ele tem um “case” de negócio. O cara conhece o público de cada cidade. Tem carro de som próprio, tudo formatado.

Eu erro às vezes. Há cidades onde acho que vai dar bilheteria e  não dá nada. Em outras cidades acho que vai dar pouco e a bilheteria vai muito bem.

 

Circo Roda em "Caravana" (foto de Rodrigo Czekalski)

 

Circus – Como conciliar arte e negócio?

Andreetta – Não custa nada. Quem não consegue é por falta de necessidade. Eu, por exemplo, tenho a Pia Fraus há 27 anos. Nos primeiros anos, fui casado com uma moça que tinha um monte de coisa na vida.

Não havia a imposição de ter de me virar, porque a gente era moleque, não tinha filhos. Eu já tinha a Pia Fraus, mas o ritmo era mais sossegado. Aí eu me separei dessa moça, e tínhamos dois filhos.

Daí tive de trabalhar imediatamente. Não foi difícil. É preciso trabalhar pra caramba? Beleza. Faço isso. Meus filhos moram numa região bacana, que é Higienópolis, viajam para fora do país, estão crescidos, tudo certo.

Consegui com a arte um sistema de ter quatro ou cinco patrões, entre eles, o Sesc e a Prefeitura de São Paulo.

A Pia Fraus tem nove espetáculos: de rua, para crianças, para adultos, de bonecos, de circo que anda, o Buzun – que é um ônibus que eu comprei e que tem ar condicionado, luzinha, cortininha e vai até as escolas públicas. Realiza oito espetáculos por dia, de 20 minutos cada um. As crianças vêm, assistem às peças e voltam para as aulas.

Muitos desses projetos têm como base a Lei Rouanet. É só ser um tantinho racional e transitar entre o racional e o criativo, o que, para mim, é natural.

Circus – Sua análise sempre envolve um plano econômico?

Andreetta – Não, sempre envolve um plano artístico. A premissa é sempre um desejo artístico que eu queira realizar, só que isso não me cega em relação ao ambiente onde estou. A diferença é essa.

Muita gente tem o plano artístico e fica cega, não enxerga mais nada, só o plano artístico. Então são necessários 300 mil reais para fazer o espetáculo, mas, se parar para pensar, talvez, com 150 mil reais, seja possível fazê-lo, ao buscar nova solução que não empobreça artisticamente o espetáculo.

A Europa, nos anos 90, começava a colocar em prática o circo que anda. Eu lembro que vi um grupo belga com uma Van. Esse grupo descia da Van e, com um monte de caixinhas, montava e desmontava rapidamente o espetáculo.

As caixinhas cabiam no avião. Aí você começa a absorver esses elementos de criatividade. Como tenho de me deslocar para um monte de lugares, crio bichos para os quais são necessários três caminhões para descarregá-los e carregá-los?

Nesse momento apareceram os infláveis na nossa vida. A gente consegue um grande resultado com uma coisa pequenininha – que são os bichos infláveis, fáceis de transportar. A tecnologia ajuda, assim como a inteligência, a capacidade, o discernimento e a inspiração artística. Tudo misturado.

Essa cultura romântica, da arte que não se mistura com negócio, impregnou os artistas. Muitos deles acham que são artistas mais completos aqueles que só cuidam da arte e não a viabilizam economicamente.

É o estereótipo do artista advindo do romantismo: o boêmio. Isso está superado e precisa ser superado. As escolas devem mudar esse perfil.

 

Chico Pelúcio comenta a direção de “Caravana”, que assina

Chico Pelúcio

 

Chico Pelúcio é integrante do grupo Galpão e diretor do Centro Cultural Galpão Cine Horto/BH (MG).

Circus – Você dirige o espetáculo “Caravana”?

Chico Pelúcio – Fui convidado pelo Beto Andreetta para dirigir “Caravana”, espetáculo em que a gente presta homenagem ao circo brasileiro. Por isso, a gente quer apelar para a memória desse circo, sua história, sua estética, na tentativa de captar a alma do circo. Não reproduzimos exatamente como era esse circo, mas nos inspiramos nele para fazer o espetáculo.

Circus – Vocês fizeram o trabalho de pesquisa ou ele já estava pronto?

Pelúcio – Pesquisamos mais um pouco – tanto sobre a concepção cenográfica como a dramatúrgica. Busco esse circo com elementos também de memória. Já assisti a muito circo na vida. De repente você escuta e sente a influência das bandinhas de circo.

A ideia dos telões, por exemplo, está presente no circo teatro. O melodrama tem um esqueleto dramatúrgico que facilmente a gente reconhece  no melodrama de circo – no final descobre que pai é filho, que a moça é filha do circo.

“Caravana” tem uma moldura dramatúrgica por conta disso. Obviamente tem homenagem ao palhaço. Na medida do possível, homenageamos os artistas das cidades onde nos apresentamos.

 

Diretora de números circenses, Adriana Telg explica atrações

Adriana Telg

 

Colaboradora antiga da Pia Fraus, Adriana Telg é responsável pelo treinamento dos atores e pela manutenção das peças dessa companhia: cria e recria os figurinos e objetos de cena, dirige coreografias e ensaia com o elenco. Como especialista em números aéreos, como lira e tecido, criou e dirigiu os números circenses do espetáculo “Caravana”.

Circus – Qual é sua participação em “Caravana”?

Adriana Telg – Sou atriz e trabalhei por muitos anos no circo, então, misturo a linguagem de circo com a do teatro. Trabalho com a Pia Fraus com espetáculos de bonecos junto com dança. A Pia Fraus mistura muitas linguagens.

Circus –  Nessa montagem do espetáculo, que homenageia o circo clássico, você monta números novos?

Telg – Criei números aéreos acrobáticos junto com Angel. Fiz ainda a coreografia com o Rogério. O Angel fez direção técnica e nós três trabalhamos na concepção dos números.

Circus –  Os números são do circo tradicional?

Telg – Como a gente aborda o circo brasileiro, não quer fugir muito das atrações tradicionais. Por isso, os aparelhos que fazem parte dessa história do circo, como a lira, o tecido, o quadrante. Há também o air track,  que são acrobacias. Usamos essa fita acrobática.

A partir da audição, a gente definiu o que ia usar, porque os números dependem dos artistas que a gente selecionou: pessoas mais preparadas, que não precisam de tantos ensinamentos.

Circus – Vocês decidem baseados mais na técnica?

Telg – Um pouco de tudo, quanto mais completo é o artista mais fácil para a gente realizar o espetáculo. A gente faz um pouco de dança, de teatro, de números de força e conta com a experiência deles.

Quando o artista apresenta o número, a gente já vê a experiência que ele tem, se ele está iniciando, se é intermediário, se já é um profissional.

Veja cenas da audição para “Caravana”

 

Depoimento de Felipe Oliveira, que participou da audição

 Durante a audição para a escolha do elenco de “Caravana”, Felipe Ricardo de Oliveira, de 25 anos, contou que apresentou nesse teste acrobacias de solo. Oliveira integrou o elenco dos três eptáculos anteriores do Circo Roda.

Circus – Você já trabalhou em outros circos?

Felipe Ricardo de Oliveira – Trabalhei em circos na Europa e aqui no Brasil também. Atualmente estou no Circo Roda, no espetáculo “DNA”.

Circus – O que espera dessa audição?

Oliveira – A audição para mim é mais do que um teste, é um encontro dos artistas para que a gente veja o que os outros artistas estão fazendo. Isso só aumenta a profissionalização do circo no Brasil. Isso é superlegal, é o que espero ao vir aqui.

 

Depoimento de Jeferson Silva Negrão sobre a audição

 Jeferson Silva Negrão, de 23 anos, realiza acrobacias de solo e air track.

Circus – Você já trabalha no circo?

Jeferson Silva Negrão – Faço circo há uns dois anos e meio. Trabalho no Circo Roda, no espetáculo “DNA”. Estou fazendo a audição para o próximo, “Caravana”.

Circus – O que espera dessa audição?

Negrão – Espero mesmo é ser escolhido para o próximo espetáculo.

 

Cena do novo espetáculo do Circo Roda (foto de Rodrigo Czekalski)

 

MEMÓRIA

Andreetta, Possolo e Barretto contam como nasceu o Circo Roda

O Circo Roda Brasil, hoje apenas Circo Roda, é uma parceria entre os Parlapatões e a companhia Pia Fraus e está em funcionamento desde 2006. De início, tinha apenas o patrocínio da CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias).

Beto Andreetta diz que o Circo Roda é uma felicidade na vida das duas companhias. “O Roda nasceu de maneira invertida. O patrocinador, o grupo CCR, é que nos procurou, pois queria investir em um projeto de circo.

Enxergou na junção dos grupos Pia Fraus e Parlapatões a capacidade de gerar esse projeto, que o Brasil ainda não tinha, e nos propuseram o desafio. Apresentamos a eles o Circo Roda, inédito em nosso país, com a ambição de participar da renovação da arte circense brasileira.”

Hugo Possolo contou que o projeto apresentado para a CCR para a realização do Circo Roda nasceu com o projeto “Pano de Roda”, desenvolvido em 2002, reunindo os grupos Pia Fraus, Parlapatões e La Mínima.

“A gente criou uma estrutura de arquibancada e o pano de roda, que é essa estrutura metálica que a cercava, mas era translúcida para que quem estivesse na rua visse o interior. Cada grupo fazia um espetáculo com a tônica circense, e a gente reunia num espetáculo de repertório.

Ali a gente percebeu que era possível um caminho diferente para o circo. Houve um momento, em 2000, 2001, que eu e Beto conversamos sobre a dificuldade que tinha essa geração, que veio da escola do circo, de entender o que era a própria junção do espaço que a gente ocuparia, e a gente propôs um evento para o Sesc Pompéia, que foi o ‘Circo Geral’, e convidou seis grupos.

Isso ajudou a fazer o ‘Pano de Roda’ e a colocar na cabeça algo assim: ‘E aí, quem vai ocupar esse espaço?’. ‘Pano de Roda’ foi isso. Depois gerou o Roda Brasil. Não é à toa que a gente cruza com Bulhões e é convidado a participar de uma concorrência.

Pia Fraus e Parlapatões eram concorrentes no princípio, e os Parlapatões convidaram a Pia Fraus para fazer o projeto juntos. Bulhões sacou que a gente estava ousando e arriscando as duas linguagens. Leiva e Bulhões tiveram a ideia de convidar o circo a viajar.

Tem a ver com a estrada, mas tem a ver com aquilo que é a nossa origem.”

 

Beto Andreetta, Hugo Possolo e Raul Barretto

 

Raul Barretto comentou: “Talvez a gente seja a última geração que viu ainda o estertor do grande circo brasileiro na sua riqueza. Tenho 50 anos, vi Orlando Orfei no auge da forma, vi o circo Garcia. A ideia do Beto Andreetta, do Hugo e minha é inserir no inconsciente das crianças que nos assistem uma lembrança de circo que não seja nostálgica, que seja presente.

Construímos um circo que abriga o público com conforto para ver um espetáculo de qualidade. A gente tem certeza de que desperta o carinho pelo circo. Gosto de ir ao saguão no final do espetáculo e testemunhar no rosto das crianças a euforia de ter visto um circo pela primeira vez.

Quando vejo encantamento naquele olhar, lembro-me do meu encantamento. As cidades foram expulsando os circos para a periferia, e o curioso é que você ainda encontra, nas cidades mais periféricas, onde a vida é quase rural, os melhores circos, feitos por pessoas que escolheram ficar ali mesmo fazendo o pequenininho, e você tem grandes palhaços dos quais não se ouve falar, pois estão a quilômetros de distância, mas são importantíssimos, porque levam o lazer a pessoas que não têm o direito do ir e vir, sem dinheiro para pagar o transporte, para ir ao centro, onde há teatro e cinema.

Esse palhaço faz um número de 300 anos, que é a tradição circense arraigada, e o número funciona até hoje. A gente vê que a tradição do circo está viva”.

 

Francisco Bulhões, da CCR, fala do projeto da lona itinerante, que a empresa patrocina

A CCR mantém políticas culturais nas quase cem cidades ao longo das rodovias sob sua gestão, algumas grandes como São Paulo; outras, como Canas, muito pequenas.

Com a assessoria do jornalista João Leiva, o grupo realizou entre 2004 e 2005 uma pesquisa de equipamentos nessas cidades e verificou que pouquíssimas tinham teatro e cinema; no máximo, havia cinco.

Na maioria das cidades existem apenas bibliotecas, coretos e bandas, muitos deles ligados à Polícia Militar, aos bombeiros ou a iniciativas religiosas.

Francisco Bulhões, responsável pela comunicação e pelo marketing da CCR, uma das maiores organizações de concessão de rodovias – composta pelas concessionárias de rodovias AutoBan, NovaDutra, ViaOeste, RodoNorte, Ponte, ViaLagos, ViaQuatro  e outras empresas –, contou como se deu a origem do projeto Circo Roda Brasil:

“Em 2005 falei para o João Leiva que a renovação é um investimento em cultura e que precisávamos levar a novidade para a população, ampliar seu repertório. Quem conhece o circo que está na vanguarda?

O circo tem a ver com nossa política cultural e está precisando de um resgate. Eu imaginava um circo com teatrinho, acrobatas, a que pudesse levar meus filhos.

Lembro-me em criança de ver os caminhões chegando. Chamamos os Parlapatões e a Pia Fraus para um bate-papo. Os Parlapatões fizeram uma proposta, e a Pia Fraus, outra.

Propusemos: ‘Por que vocês não se juntam e fazem uma proposta para a gente?’ Naquele momento tínhamos a perspectiva de investir de R$ 500 mil a R$ 700 mil por ano. A proposta deles foi muito mais rica do que imaginávamos”.

 

João Leiva, que assessora a CCR, relata a experiência

O jornalista João Leiva contou como se deu o início da relação entre os integrantes do Roda Brasil com a CCR: “O Circo Roda nasceu em meados de 2005, quando a CCR me pediu alternativas de projetos itinerantes à do projeto Cine Tela Brasil, que fazia sucesso retumbante em sua passagem pelas cidades cortadas pelas rodovias administradas pela CCR. Em cerca de um ano, o Cine Tela Brasil percorreria as cem cidades previstas em suas viagens, e precisaríamos de um projeto com o mesmo impacto para substituí-lo. Propus as seguintes alternativas: teatro, contadores de histórias e circo.

Achei que, por uma questão financeira, o circo seria descartado. Era muito mais caro que os outros, e a empresa não tinha recursos suficientes. Mas Bulhões, que detesta as soluções fáceis, optou pelo circo: ‘Tem a ver com a CCR, é itinerante, lembra movimento. Vai ser circo’.

Topei o desafio. Comecei a assistir a diversos espetáculos de circo em busca de um projeto que atendesse a CCR e organizei uma pequena concorrência. Quando o Hugo soube da proposta de montar um circo, chamou o Beto. Eles ganharam a concorrência”.

Leiva disse, como Bulhões, que o projeto entregue pelas companhias estava além do esperado: “Fui tomando um susto atrás do outro. Além das bem poucas reminiscências de infância, eu tinha ido uma única vez ao circo nos últimos 30 anos para levar minha filha, então com 8 anos. Tinha o circo como algo distante e decadente.

Mesmo tendo feito uma tour pelos principais espetáculos de circo de São Paulo, minhas referências eram recentes, ainda pouco articuladas.

Apesar do contato recente com o universo do circo, rapidinho caiu a ficha e percebi que o Beto, o Hugo e o Raul não estavam para brincadeira e que eu estava tendo o privilégio de acompanhar o desenvolvimento do principal projeto de circo do Brasil em muitos anos.

Para que o circo se consolide no país não basta apenas o Circo Roda dar certo. O ideal seria termos pelo menos mais quatro ou cinco projetos com o mesmo porte circulando por aí. Assim, conseguiríamos vencer o preconceito com mais rapidez”.

Ficha técnica de “Caravana”

Beto Andreetta – Concepção e argumento.

Luís Alberto de Abreu – Poeta e um dos principais dramaturgos e roteiristas de cinema e teatro do país, ele usou sua pesquisa em arte popular para construir o texto de “Caravana” em versos, com ditos e brincadeiras tradicionais.

Chico Pelúcio – Direção.

Márcio Medina – Criador da cenografia, figurinos e maquiagem.

Marcos Boaventura e Guga Bernardo – Edição e criação da trilha sonora original. Representaram no espetáculo os ritmos da música brasileira. Autores das músicas que são o tema do palhaço, a de abertura e das regiões do Rio de Janeiro, da Amazônia, de Salvador, Curitiba e São Paulo.

Os temas adicionais são de Sergio Santos (Minas Gerais) e Guilherme Folco Multisambofônico (Recife).

Wagner Freire – Iluminação.

Adriana Telg, Rogerio Maia e Angel Andricain – Criação de números circenses.

Adriana Telg – Direção de números circenses.

 Rogério Maia – Coreografia.

Angel Andricain – Técnicas circenses.

Luiz Alex – Assistente de direção e diretor de palco.

Elenco: Ronaldo Aguiar, Felipe Oliveira, Gabriela Bernardo, Celso José, Elisangela Ilkiu, Felipe Bellomo, Gabriela Fechter,  Hugo Giampietro, Jefferson Negrão, Leticia Leão, Luana Minini, Miguel Ângelo, Nathalia Vieira, Nildo Siqueira, Paulo Maeda, Yuliya Suslova e Zizza.

Guilherme Folco Multisambofônico – Músico.

Fabio Caniatto e Luiz Alex – Preparação de palhaços.

Babaya – Preparadora vocal.

Beto Andreetta, Hugo Possolo e Raul Barreto – Coordenação geral do Circo Roda.

Local e datas de apresentação – Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros (950 lugares) – rua Paes Lemes, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400. Quinta a sábado, às 21h; Domingo, às 18h. Sessões extras: em 1º/5, às 18h; 11/5 e 18/5, às 15h.

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7 Responses to "Hoje, 20/05, último dia de “Caravana”, do Circo Roda"

  1. Marcos disse:

    vale conferir, o espetáculo está muito bom. Ótima matéria

  2. Carolina disse:

    Estou louca para ver o Circo Roda, ainda mais depois da matéria

  3. Lu Gomes disse:

    Eu assisti, o espetáculo está ótimo. Parabéns pela cobertura

  4. Gabriel disse:

    Achei legal o vídeo mostrando a audição do espetáculo, espero mais matérias assim

  5. mariana disse:

    QUERO VER!!!!!!!!!! ANSIOSA!

  6. Raquel disse:

    Que demais!! Quero muito ver!! Parabéns pela matéria!!!

  7. Jaime disse:

    Adorei as entrevistas. Quero ver!

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