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Helena Figueira fala de seus Carnavais ao site.
Há sete anos no posto, Helena Figueira usa elementos do circo em suas criações
Bell Bacampos, da Redação
Palhaços, ilusionista, acrobatas, pernas-de-pau e pernas que pulam já foram usados pela artista circense Helena Figueira na coreografia da Comissão de Frente da Gaviões da Fiel. Há sete anos encarregada da concepção e criação ao lado de carnavalescos como Zilkson Reis, ela afirma que o carnaval faz parte de sua vida. Ensaiou grávida com contrações do primeiro filho, Ciro, 5, e desfilou com um barrigão de nove meses da filha Chloe, 3.
A Gaviões desfilou no Sambódromo no sábado, 14/2, às 23 horas, com o enredo que falou das cartas do baralho. A Comissão de Frente ganhou o “Troféu Nota 10”. Esse prêmio foi criado pelo Diário de S.Paulo, em 1999, para premiar os grandes destaques das escolas de samba do carnaval paulista, nos moldes do prêmio “Estandarde de Ouro”, no Rio de Janeiro, feito pelo jornal O Globo.
Panis & Circus acompanhou o ensaio da Gaviões da Fiel, no sábado 31/1, no Sambódromo, às 3 horas da madrugada, e conversou com a circense Helena Figueira. Leia abaixo a entrevista.
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Circus: Quantos são os integrantes da Comissão de Frente da Gavião da Fiel esse ano?
Helena Figueira: São 13 integrantes e o tema é o baralho. A ideia é que todos são coringas por causa do Coringão, relacionado com o Corinthians. E tem três destaques: a Dama, o Valete e o Rei.
Circus: O trabalho da Comissão de Frente é feito em sintonia com o carnavalesco?
Helena: Sim. Eu criei a coreografia e concepção junto com o carnavalesco Zilkson Reis. Dos sete anos que estou à frente da Comissão, cinco deles trabalhei com Zilkson Reis. Ele é muito criativo. Traz em seu currículo trabalhos no Festival de Parintins* (Amazonas) e na Mocidade Alegre, de 2005 a 2008.
Circus: Esse ano o que vai ser privilegiado na coreografia da Comissão?
Helena: Eu gosto de ir na contramão das tendências. Os trabalhos apresentados nas comissões de frente têm se pautado pela “pompa”. São muito “pomposos”. Por isso, eu quero ver o simples e o solto na avenida.
Circus: Desde quando você dirige a Comissão de Frente da Gaviões?
Helena: Tudo começou com a X9 (escola de samba), em Santos. O enredo da escola prestava uma homenagem a Plínio Marcos (dramaturgo) e eu fui convidada para fazer a Comissão de Frente. Escolhi uma comissão formada de palhaços com pernas de pau. O diretor da Gaviões viu o desfile, gostou do que viu, e me chamou para tocar a comissão de frente na escola.
Circus: De lá para cá quais foram os temas da Comissão? Em quantas utilizou a criação circense?
Helena: Em 2009, o enredo tratava da roda (“a fantástica velocidade da roda para a evolução humana – é pura adrenalina”) e o elenco da comissão era todo circense. Acrobacias foram feitas na avenida dentro de rodas.
Circus: As imagens mostram rodas de alumínio duplas em que carregam dois e até quatro integrantes da escola…
Helena: É isso mesmo e foi impactante.
Em 2010, foi o centenário do Corinthians e a Comissão de Frente só tinha circenses que usaram perna que pula: são conhecidas como skyrunner. (São conhecidas como pernas pula-pula ou perna-de-pau de alta tecnologia).
Em 2011, entrei com dança indiana e chamei os dançarinos do Hip Hop, porque o enredo falava de Dubai (“do mar de pérolas e areias do deserto à cidade do futuro”). O circo teve pouca entrada.
Em 2012, o homenageado foi o ex-presidente Lula e a Comissão de Frente da Gaviões contou pela primeira vez com a presença de uma mulher: a Lu Lopes, a Palhaça Rubra, que interpretou a mãe do presidente, a dona Lindu.
Em 2013, o tema era publicidade (“ser fiel é a alma do negócio”) e teve muita acrobacia na avenida.
Em 2014, o tema foi o jogador Ronaldo (“o voo real do Fenômeno”) e, por isso, chamei o ilusionista Mario Kamia, que fez com que um homem ‘voasse’ durante o desfile.
Em 2015, o tema é o baralho (“as cartas, lançadas à mesa, revelam jogadas, preveem o futuro, transformam-se em espetáculo”) e o foco não é o circo. Mas como sou circense, tem sim um pouco de acrobacia no desfile.
Circus: Depois de sete anos na avenida, como vê o Carnaval, e principalmente, o de São Paulo, que costumava ser bem pouco atrativo?
Helena: Eu não me imagino mais sem o Carnaval. E o carnaval de São Paulo melhorou muito. Eu, atualmente, estou gostando mais do carnaval de São Paulo do que do Rio.
Circus: Qual o ano que considera o melhor que teve no comando da Comissão?
Helena: É difícil destacar. Cada um deles tem sua história. O primeiro a gente nunca esquece. Foi uma emoção incrível.
O segundo ano eu estava grávida de nove meses e ensaiei com contrações. Cinco dias antes do Carnaval, meu filho nasceu. Ele ficava em um hotel perto da concentração, e eu ia amamentá-lo. Desfilei com pontos da cesárea na avenida.
Pouco mais de dois anos depois, desfilei na avenida com um barrigão enorme, grávida de 9 meses, da Chloe.
Circus: Seus filhos gostam de Carnaval já que estavam na barriga enquanto você desfilava no Sambódromo?
Helena: O Ciro, 5, adora. A Chloe, 3, ainda acha muito barulhento.
*Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular realizada, anualmente, no último fim de semana de junho na cidade de Parintins, no Amazonas. O ponto mais importante do evento é a disputa entre dos bois folclóricos: o Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de cor azul. A partir de 2000, com a transmissão em rede nacional de televisão, os profissionais que trabalhavam na festa passaram a ser contratados para trabalhar no Carnaval.
Helena Figueira e Duba Becker formam a Cia. Suno
Mônica Chialastri, da Redação
Helena Figueira e Duba Becker formam a Cia. Suno, há 17 anos na estrada. Em janeiro, eles apresentaram o espetáculo “Estripulias do Circo”, no Sesc Pinheiros.
O espetáculo é inspirado nas trupes circenses que viajam pelo mundo em suas pequenas caravanas e resgata a tradição do circo tradicional unido às técnicas contemporâneas.
A história conta o início do circo com o desfile da cavalaria inglesa, passa pelos circos chinês e russo até chegar à linhagem mais moderna e inusitada. São personagens clássicos em números de equilibrismo, mágica, contorcionismo, mímica, dança, acrobacias e malabarismo com toques contemporâneos.
“Apesar de parecer improviso, seguimos um roteiro, tudo é muito bem ensaiado”, diz Helena Figueira – que também responde pela direção do espetáculo.
“As apresentações mostram sempre a arte circense, porém com um toque especial dos atores”, afirma Duba Becker.
O espetáculo “Estripulias do Circo” foi criado em 2004, e é resultado de muito treino das técnicas e habilidades circenses.
“Criávamos vários números e não sabíamos como apresentá-los, daí surgiu a ideia de um espetáculo de variedades, com uma roupagem diferente”, diz Helena.
Deise Rocha, 47, foi assistir ao espetáculo, no Sesc Pinheiros, e ficou encantada com o que viu. “É mágico, é lindo”, diz. Ela levou seu filho Tiago, de 9 anos, que disse que riu muito porque “é engraçado”. Dora, 40, irmã de Deise, acrescenta: “faz lembrar a infância”.
Foto da capa – Comissão de Frente da Gaviões/ Lucas Lima/Uol
Postagem – Alyne Albuquerque
Parabens meninos! Que lindo Helena seu trabalho! Fiquei emocionado e muito feliz em ver o circo tão bem representado. O Circo Brasileiro ama vocês palhaços lindos!
Bjs e alegres abraços de BIRIBINHA, PIPOCA, CUSCUS E MALU, que chegará em abril, ainda está no barrigão…rsrsrsr.