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Circense usa quadro de Dalí em cena
“Folha de S. Paulo” – 10/06/13 – Circense usa quadro de Dalí em cena
“Ilustrada” – E6
DE SÃO PAULO
O ítalo-suíço Daniele Finzi Pasca acha que, “do outro lado do mundo”, existe um diretor de circo com nome exatamente igual ao seu.
“Não compreendo por que estão atrás de mim. Um dia vão se dar conta de que procuravam outra pessoa para dirigir esses espetáculos”, diz, antes de mencionar os últimos convites que recebeu. Em Lugano, cidade no sul da Suíça onde se fala italiano, Pasca estudou artes circenses e desenvolveu a linguagem que o aproximou do teatro dramático.
Por sua vocação para criar plasticidade em cena, foi chamado a assinar a codireção de “Corteo” (2005), espetáculo do Cirque du Soleil atualmente em cartaz em São Paulo.
Para o ano que vem, o diretor e palhaço tem outra encomenda de fôlego: duas cerimônias dos Jogos Olímpicos de Inverno, na Rússia.
A maior surpresa, no entanto, diz, foi o convite para usar uma tela de Salvador Dalí em um de seus espetáculos.
A tela tem nove por 15 metros, chama-se “Tristan and Isolde”, pertence a uma coleção particular e foi produzida em 1944 como fundo de palco para “Mad Tristan”, um balé apresentado no Metropolitan Opera de Nova York.
Com a tela em mãos, Pasca concebeu “La Verità”, que traz ao Brasil em parceria com a brasileira “Nau de Ícaros”.
De olhar sereno e voz quase sussurrada, ele fala da vontade de retornar à linguagem acrobática pura, depois de dedicar-se a “Donka – Uma Carta a Tchékhov”, projeto com mais texto do que pessoas de cabeça para baixo. A peça passou pelo Brasil em 2010, 2011 e no ano passado.
Para falar de sua trajetória, ele usa metáforas e exemplos triviais. “Se uma criancinha descobre o equilíbrio, isso eu já considero um gesto acrobático. São meses para achar uma posição do pé e sair andando.”
A responsabilidade de criar em cima de uma obra de Dalí ele aborda com simplicidade. “O tempo é como um vaso que se quebra; historiadores tratam de colar os cacos. Como clown, o que faço é reunir pedacinhos para contar outra história.”
CIRQUE DU SOLEIL – CORTEO
Quando ter. a sex., 21h; sáb., 17h e 21h; dom., 16h e 20h (até 21/7)
Onde parque Villa-Lobos (av. Queiroz Filho, 1.365)
Quanto de R$ 190 a R$ 440 (ver www.ticketsforfun.com.br)
Classificação livre
Peça recorre a imaginário surrealista
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
A tela de Salvador Dalí “Tristan and Isolde” não fica o tempo inteiro em cena durante a apresentação do espetáculo “La Verità”, que estreou em Porto Alegre na quarta, passará por Curitiba (13/6), Belo Horizonte (5/7), Rio de Janeiro (12/7) e aporta em São Paulo em 7 de agosto.
Pintada nos anos 1940, a tela sai de cena e depois volta diversas vezes, durante os dois atos que, juntos, somam pouco mais de duas horas de montagem.
Diferentemente da peça “Donka – uma carta a Chekhov”, que arriscava dramaturgia com referências à obra do dramaturgo russo, esta restringe-se a criar essencialmente a partir de técnicas circenses.
A relação da cena com a tela de Dalí ocorre principalmente nos números de palhaço, nos quais atua a brasileira Beatriz Sayad.
Em um trecho, simula-se o leilão da peça. Ademais, a montagem recorre a imagens que marcaram o imaginário de Dalí, como relógios e rinocerontes.
LA VERITÁ
QUANDO Hoje, às 19h e 21h30
ONDE Teatro do Sesi (Av. Assis Brasil, 8.787, Sarandi, Porto Alegre)
QUANTO R$50 a R$ 180
CLASSIFICAÇÃO Livre
Postagem: Alyne Albuquerque
Tags: Corteo, Dalí, Daniele Finzi Pasca
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