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Emoções nos bastidores do Zanni
Espetáculo faz “revisitações histórias e estéticas” da trupê
Mônica Rodrigues da Costa, especial Panis&Circus*
A apresentação de 2016 do Circo Zanni promete emoções dentro de sua própria casa para a criançada a partir dos cinco anos. Hoje é o último dia para ver uma das trupes mais cults do país.
Para quem conhece o espetáculo de 2015, o deste ano tem como diferenças a apresentação em palco italiano, do teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, na capital paulista, e “revisitações históricas e estéticas” do picadeiro, conforme conta a trapezista Erica Stoppel em ensaio que a reportagem do site Panis & Circus acompanhou em 14/7/2016 no galpão da trupe. Não há números de outras companhias como no ano passado, apenas atores convidados.
O espetáculo traz quadros clássicos de variedades circenses, como voos na corda marinha (Lu Menin) e coreografias femininas na lira, piadas de palhaços e apresentação da banda ao vivo, que se define como excêntrico-musical e toca tango, salsa, samba, rock, buzinas e outros ruídos e onomatopeias da arte do picadeiro.
A cenografia do espetáculo é uma casa-instalação que combina objetos e movimentos da arte com cenas do dia a dia. Os nove artistas sócios do Zanni são unânimes em afirmar que a atividade circense envolve integrar trabalho e vida familiar. Para a também bailarina e integrante da banda Erica Stoppel, a cenografia do espetáculo representa a tradição familiar do circo e se relaciona à emoção estética. “O cenário casa tem muito a ver com o que a gente sente, que o circo é a nossa casa e que nossa vida é nossa arte e essa mistura é um pouco difícil de identificar, mas mostra como a gente fica imbuído do nosso fazer”. Lu Menin completa: “Dentro da casa estão nossos filhos e a nossa arte.”
Como o circo brasileiro tradicional, o Zanni é composto por essa trupe de artistas amigos e alguns convidados, como o baterista Nereu Afonso e Fernando Paz, baixista do Zanni há quatro anos. Paz, também faz o papel do palhaço Montanha, compondo uma dupla com o palhaço Padoca.
Os nove sócios são Domingos Montagner, Fernando Sampaio, Lu Menin, Pablo Nordio, Marcelo Lujan, Erica Stoppel, Bel Mucci, Maíra Campos e Daniel Pedro (Nié).
Fernando Sampaio, o palhaço Padoca, disse no ensaio estar um pouco triste porque talvez as crianças da trupe do Zanni não subam ao palco do Sesc –as exigências de documentação para isso são “impossíveis”.
Fernando conta que no circo as atividades sempre foram familiares. Assim, Domingos Montagner, diretor do espetáculo de 2016, ao lado de Marcelo Lujan, fez com o filho Leo, e o casal Fernando e Erica fez com Tomás – que é o palhaço Buzina.
“O profissional de circo é muito ligado na família. Veja o Raul (filho de Maíra e Nié) no colo, por exemplo, se a gente pudesse entraria com Raul, mais o Guido (filho de Pablo e Lu), a Luana (filha de Bel) e a Maia (filha de Marcelo e Dani Rocha-Rosa, atriz convidada). As crianças normalmente abrem o espetáculo e dão as boas-vindas com a gente… A Lu, a Maia e o Guido vão fazer 2 anos. A gente recepciona a plateia e as crianças ficam ao nosso lado. Como já tem quase 7 anos, Gael (também filho de Lu e Pablo) tem outras marcas, tem o instrumento musical dele, é um processo natural, como teve o Leo e o Tomás”, disse Fernando Sampaio.
O que mais tem de magia no espetáculo do Circo Zanni de 2016?
O ensaio de 14 de julho de 2016 foi mais musical e técnico, de exercícios de equilíbrio com Maíra Campos no arame e os musicistas para acertarem o ritmo da coreografia com o da banda, cuja direção é de Lujan, mas no ensaio estava sendo pilotada por Nereu, Paz e Sampaio. “Neste ano, o número do arame recebeu música ao vivo e ganhou força”, contou a aramista Maíra.
No prosseguimento do ensaio, os acróbatas Lu Menin e Nié (Daniel Pedro) discutiram então a sequência de atrações, com intervenções dos outros artistas presentes no galpão. Todos falaram das principais características do espetáculo e do trabalho como artistas circenses ou explicaram seus números.
A trapezista Erica Stoppel comentou o estilo de um dos números na lira: “Quando a gente teve oportunidade de criar alguns números novos para revisitar o nosso circo em novo espetáculo, teve vontade de criar meio com imagens, pensando nesse poder imagético da composição plástica que o circo tem. Assim, a gente pensou um número coletivo feminino e trabalhou em cima do que a gente chama de nossas saias-alface, elas têm volume gigantesco, cada saia tem 20 metros de tecido que a gente carrega”.
No espetáculo, após a cerimônia de recepção com a trupe de palhaços, seguem-se a exibição na lira, a sequência de acrobacias com leitura na poltrona da sala de estar, o número de ilusionismo “quick change” (troca de roupa), o do equilibrismo no arame, entre outros cômicos. O espetáculo Zanni 2016 finaliza com a corda marinha ou com o trapézio, alternando atrações nos dias de apresentação.
Serviço
Em cartaz no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros. Duração: 60 minutos. Capacidade: 1.010 lugares. Ingressos: R$ 5 a R$ 17. Gratuito para crianças até 12 anos com retirada do ingresso na bilheteria. Endereço: rua Paes Leme, 195, tel. 3095.9400, Pinheiros, região oeste.
Horários
Dia 22 de julho, sexta, às 19h
Dia 23 de julho, sábado, às 15h e às 19h
Dia 24 de julho, domingo, às 17h
Local: Teatro Paulo Autran
R$ 17,00 (inteira). R$ 8,50 (meia entrada). R$ 5,00 (credencial plena do Sesc). Para crianças até 12 anos: grátis, com retirada de ingresso nas bilheterias.
Venda de ingressos nas bilheterias das unidades do SescSP a partir de 6 de julho (quarta), às 17h30, limitada a quatro ingressos por pessoa
Livre para todos os públicos
Duração: 60 minutos
Direção artística: Domingos Montagner e Marcelo Lujan
Com: Fernando Sampaio, Erica Stoppel, Daniel Pedro, Maira Campos, Pablo Nordio, Lu Menin, Marcelo Lujan e Bel Mucci. Atores convidados: Daniela Rocha-Rosa, Fernando Paz e Nereu Afonso.
*Mônica Rodrigues da Costa, poeta e jornalista frila, especializada nas coberturas para assuntos da infância, como literatura e teatro para crianças, e do circo.
Postagem – Alyne Albuquerque
MonicaRodrigues, favor contatar-me.
Obrigado
Odecio