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Palhaços filosofam em cena
Espetáculo apresentou-se no Sesc Santana, durante Circos
Mônica Rodrigues da Costa, especial para Panis & Circus
Foi histórica a apresentação do espetáculo de dois atores “Confusion”, da companhia suíça Les Fusains, que veio à terceira edição do Festival de Circo do Sesc (2015) se apresentar em 29/5 a 31/5 – no Sesc Santana, capital paulista.
Integram esse grupo o ator francês Pierre Byland e a holandesa Mareike Schnitker. A dupla explora um aspecto filosófico da arte ridícula do palhaço, situando-se entre o distanciamento brechtiano e a tautologia de Samuel Beckett para comentar, por meio de esquetes, ou gagues, e, ainda,spleens, os seres vivos no cotidiano.
O release distribuído pelo Sesc informa que Pierre Byland dirigiu e atuou ao lado de artistas como Samuel Beckett e Philippe Gaulier e coordena o Burlesk Center, de pesquisa e aperfeiçoamento das artes burlescas contemporâneas na Suíça.
O espetáculo “Confusion” tinha espaço cenográfico como no teatro, em que havia uma mesa cheia de objetos e duas cadeiras. Os atores exploraram todas as coisas que os cercavam e as moviam para lá e para cá.
O estudo do movimento anunciava a atração: bolas entram e povoam o palco nesse espetáculo. De súbito, salta uma pedra (e todo mundo ri). O objeto estranho ao meio cria o susto do circo, o chiste.
A dupla entra no palco como personagens típicos do picadeiro. Joga confetes para o ar. Mareike segura uma buzina e a comprime em espaços de tempo regulares enquanto Pierre toca um olho-de-sogra daqueles de aniversário infantil.
Depois Pierre esboça suas teorias sobre o movimento, emoções, formas de ser, andar, parecer, em interlocução com Mareike. Quando exageram algum gesto, provocam risos.
Por exemplo, os dois encenaram inúmeras fórmulas de dizer bom-dia até o esgotamento. Se exageraram em alguma descrição o público soltou gargalhadas. Pierre explicava ideias deste tipo: “Se o movimento vem de baixo, é mais físico; se surge do alto, é mais psicológico”.
O sistema conceitual que os palhaços encenam é estapafúrdio, mas está fincado na observação do mundo, que Sartre chamou de “mundo da utensilagem”.
Esse universo filosófico absurdo e que provoca risos é capturado no assunto dos personagens, em seus diálogos ridículos ao extremo, paradoxalmente em repertório elevado.
Os artistas imitam uma girafa e um macaco, um peixe e um leão. Representam a forma como as pessoas se cumprimentam no Brasil (Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo) na Suíça e na França.
Os utensílios domésticos e a rotina tomam o tempo dos atores e o nosso pensamento. Como você toma uma sopa se alguém ordena: “Beba!”?
Mareike não hesita: usa o prato com a função de copo.
Os artistas finalizam o espetáculo com um jogo de personas. Depois de a plateia os conhecerem em todos os matizes, ao vestir as máscaras, tem-se a impressão de que são elas que assumem a aparência dos personagens de Mareike e Pierre, e não o contrário, como num passe de mágica.
Talvez tal final aberto para várias interpretações seja a razão de ser do título desta peça, “Confusion”, entre o contorno da existência e a dúvida das coisas. Nada melhor que a linguagem do palhaço para expressar paradoxos assim e por meio de dois grandes atores.
Pierre Byland foi aluno de Jacques Lecoq, que representa uma escola de palhaços com forte expressão no Brasil.
Ficha técnica
Direção: Jacques Lecoq e Pierre Byland. Elenco: Pierre Byland e Mareike Schnitke. Produção no Brasil: Cais Produção Cultural – Luciana Arcuri e Zé Renato.
Postagem – Alyne Albuquerque
Lieber Pierre Byland. Habe dich vor viele Jahre sicher schon 50 Jahre, denn ich dich in Aarau im Theater gesehen habe. Ich habe deine Name immer und gut erinnert. Ich mache auch Theater, spiele als Mime ohne Masken. Es ist schön dass du noch da bist und mit Mareile Schnitker. Ich habe euch doch mehrmals gesehen aber es ist lang her. Wohnt ihr im Tessin? Ich würde mich euch einmal wiedersehen, das würde mich freuen.
Viele Grüsse von Christoph Staerkle
http://www.staerkle.ch