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Da vida nos trailers para o doutorado na Unicamp
Avós de Erminia Silva eram dançadores de urso
Erminia Silva conta que tem uma irmã gêmea. As duas nasceram quando o circo da família passava em Getulina (SP). Seus avós eram dançadores de urso e talvez tenham vindo da Romênia, de família sérvia, ou tinham origem cigana.
As gêmeas nasceram sob a lona, filhas de Barry Charles Silva, que pertenceu à terceira geração de uma família circense, e de Eduvirges Poloni Silva. Ambos chegaram ao Brasil na segunda metade do século 19. A avó paterna de Erminia, Esther Riego Silva, chegou ao país por volta de 1909 com o Circo Lowande.
Documentário sobre o pai
Barry Charles Silva morreu em 23 de agosto passado. Além de ator no circo teatro, realizava saltos, números de laço, chicote e parada de mão. Seu circo teve vários nomes – Circo Zoológico Brasil, Norte-Africano, PanAmericano, Circo Charles Barry, entre outros.
Saudosa, Erminia disse que Barry “não era do circo, ele era ‘o’ circo”. “Barry se diferenciava pelo bom humor. Nos últimos tempos, meu pai estava feliz. Fui funcionária – escriturária – de banco por 25 anos. Só depois que me aposentei, fui para a Unicamp para produzir a história do circo e coloquei Barry nessa história. Ele se apaixonou perdidamente pela militância e pesquisa sobre o circo e seu modo histórico de organização e produção de arte.”
Erminia conta que Barry estava muito feliz também porque ela realizava com o pai um documentário sobre a vida dele, que tem previsão de lançamento para novembro deste ano.
“A intenção era entregar o copião para ele. O documentário está em fase de edição, com todas as imagens captadas. Vamos manter o cronograma”, diz Erminia.
O projeto do filme ganhou o Prêmio Carequinha 2012, do Ministério da Cultura, cujo prazo termina em setembro, momento em que a historiadora entregará um relatório à Funarte (Fundação Nacional das Artes) sobre a produção do filme.
Erminia ainda conta que todas as pessoas entrevistadas são unânimes em reconhecer a generosidade de Barry. “Meu pai foi o primeiro socialista que conheci, é impressionante a quantidade de eventos que Barry ajudou a promover, há relatos de circenses de todo o Brasil, do Rio Grande do Norte, do Ceará, de Pernambuco, da Bahia.”
História da família Silva está em livro
Erminia Silva tem 16 primos que nasceram no circo. Nenhum deles é artista de picadeiro. “Cada um seguiu sua profissão”, disse. A história completa da família está em seu livro “Respeitável Público… O Circo em Cena” (Funarte, 2009), escrito por ela em parceria com Luís Alberto de Abreu.
Silva pesquisa sobre circo desde 1985 e tem um currículo impressionante. É professora doutora em História pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde se graduou em 1994. Sua dissertação de mestrado, “O Circo: Sua Arte e Seus Saberes”, de 1996, foi adaptada para o livro “Respeitável Público…”.
Em 2003, Erminia deu outro passo na pesquisa, com o doutorado, que resultou no livro sobre o palhaço e ator Benjamim de Oliveira, “Circo-teatro: Benjamim de Oliveira e a Teatralidade Circense no Brasil” (ed. Altana, 2007).
Erminia Silva estuda os gêneros e as linguagens do circo, do circo teatro e do teatro. O resultado do trabalho pode ser visto no Circonteúdo, que possui mapeamento das principais companhias nacionais e suas histórias, com notícias, reportagens, artigos, crônicas, ensaios. A historiadora coordena o portal, ao lado de Marcelo Meniquelli e Daniel de Carvalho Lopes [leia abaixo].
Entre os colunistas, está Nilton Gonçalves Gamba Junior, professor doutor e pesquisador do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio. Outra colunista é Izabel Gurcel, autora do artigo “Mundos Misturados”, em que cita Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa, falando do circo. Gurcel é jornalista e diretora do Teatro José de Alencar, de Fortaleza (CE).
Em um dos artigos do portal, Erminia Silva escreveu sobre os formatos dos espetáculos na história recente da arte brasileira: “Histórias do Aqui e Agora – Cabaré e a Teatralidade Circense”. Nele, define o formato do cabaré, os vaudevilles, o music-hall, que marcaram presença no Brasil desde o final do século 19 e têm relação com a linguagem do circo.
A estudiosa coordena também, com Marco Antonio Coelho Bortoleto, professor doutor, o grupo de pesquisa CIRCUS, na faculdade de Educação Física da Unicamp.
Nesta entrevista, Erminia fala de sua infância no circo, da pesquisa na universidade e define o modo de produção e organização do circo, com sua arte de mil máscaras, e revela como uniu a vivência circense ao saber acadêmico. Ela afirma que, até a geração do pai dela, ser artista era dominar o modo de produção de um espetáculo.
Os livros da autora estão disponíveis no site da Funarte – Edições Online para download: http://www.funarte.gov.br/edicoes-on-line/.
Link para o portal Circonteúdo: www.circonteudo.com.br.
Confira a entrevista
Panis & Circus – Como sua família, Wassilnovich, transformou-se em Silva?
Erminia Silva – Eu sou a quarta geração de nosso circo no Brasil. Nasci em circo junto com uma menina, nós somos gêmeas e, por acaso, o circo passava por uma cidade do interior de São Paulo que se chama Getulina.
Com uma semana de nascidas já fomos embora. Wassilnovich, de acordo com relato oral da família, era o nome da parte dos pais do meu avô paterno. A história da mãe do meu pai caminha por outro lado, porém, ambos os lados eram de circo.
A parte do pai de meu avô chega, pelos indícios que tenho pela minha pesquisa sobre quando chegam ao Brasil, no início da segunda metade do século 19. Há um relato do meu pai, e também do meu avô, de que ele foi fazer um registro em Ouro Preto, em 1900.
Foi o primeiro registro de nascimento feito. Nós não temos nenhum registro disso escrito. Eles sabem que são Wassilnovich ou Wassulnovich. Há uma informação oral de referência, deles, de que são de origem romena.
Eles chegam ao Brasil como artistas, mas também como dançadores de urso, era assim que eles chamavam. Trouxeram um urso que se apresentava em praça pública.
Vendiam artesanato e se apresentavam como artistas. Tudo leva a crer, apesar da resistência grande por parte da minha família, que eram de origem cigana.
Circus – O nome Wassilnovich é corruptela de Wassulnovich ?
Erminia – Não, era o registro. Até pelos cristãos novos em Portugal, como Silva, Silveira, Pereira, Oliveira, Silva é um sobrenome comum. Então virou Silva por parte do pai de meu avô. A origem circense no Brasil é imigrante, não importa o lugar de onde vem.
Circus – A família materna veio de qual lugar?
Erminia – Minha avó, mãe do meu pai, era de circo na Europa Ocidental. Há muitas fotos da família dela. Eles foram até para os Estados Unidos e então voltaram para a Europa. Aí você tem Alemanha e Inglaterra. Minha avó nasce na Alemanha.
A maioria chega pela América Latina e a percorre no final do século 19 e no começo do século 20. Minha avó veio de um circo que já tem história de vida na América Latina e que está no Brasil desde a primeira metade do século 19. Era o Circo Lowande, que foi um dos primeiros picadeiros a circular.
Minha avó chega com esse circo, com um contrato de espetáculo para temporada na Argentina. Uma parte dessa família que chega com o Lowande fica na Argentina, em Buenos Aires, tanto que tenho parentes lá até hoje.
A outra parte da família vem para o Brasil. Minha avó tinha dez anos quando chegou aqui. Quando tinha 13 anos, meu avô a conhece trabalhando no circo. Aos 17 ela se casa com meu avô. Eles têm o sobrenome Riego e Vieira Silva, ninguém sabe explicar o motivo.
Conceito de ser circense tradicional e o picadeiro hoje
Circus – O que é ser artista de circo? O que diz sobre o circo novo?
Erminia – Como é que a gente vai falar do tradicional e do novo sendo que a Maíra [Campos], ao mesmo tempo em que é do chamado circo novo, aprendeu com o circo antigo?
[Maíra Campos aprendeu sua arte com a professora Alicinha, veja no link abaixo]
www.panisecircus.com.br/bailarina-no-arame-fio-tenso-entre-circo-tradicional-e-nova-linguagem/.
Não é tão fácil assim colocar em caixinhas de definições. Sou de uma geração circense que, apesar de ter nascido no circo, vem alterar o processo histórico de 200, 300 anos de histórias circenses, que tem a geração do meu pai. E estava dada a ideia: a constituição do modo de organização do trabalho no circo de que a geração seguinte seria portadora.
Isso significa que, para a criança, o adolescente, para quem foge com o circo, para quem se incorpora ao circo pelo casamento, para quem é incluído no circo por nascimento, por outra opção qualquer, era impensável que não se transformassem em artistas circenses. O que significava ser artista? Até a geração do meu pai, ser artista era aprender todo o processo de produção que se chamava “espetáculo”.
Circus – Desde armar a lona.
Erminia – Você tinha de dominar toda uma linha de produção. Então, ser artista não eram aqueles 15 minutos, os cinco minutos do picadeiro ou do teatro, isso é o resultado do conjunto do processo do que significava ser artista, dominar todo um processo de montagem e desmontagem do circo, construir um espaço arquitetônico.
Quando os europeus chegam ao Brasil têm um conjunto de saberes que está na Europa, que tem construções arquitetônicas fantásticas. Se você vir um livro sobre arquitetura circense francesa vai ver o que significam os séculos 18 e 19 do circo: ele tem uma construção arquitetônica fixa e vai construindo a opção do nomadismo. Não há local de trabalho, a não ser que você seja amigo do rei em Paris.
Quando surge circo aqui há outro processo, não dá para serem aqui como na Europa, eles produzem outros processos arquitetônicos fabulosos.
Circus – Esse material da lona foi criação nossa?
Erminia – Não.
Circus – Alice Viveiros de Castro, numa entrevista, disse que o circo brasileiro tem uma produção de resultado sincrético absurdo.
Erminia – Absurdo, todo processo artístico, não só o circo, isso vale para pintura, música, artes plásticas, é geral, não acredito que você consiga definir a origem de nada, no máximo, consegue definir as origens, no plural.
Ninguém começa algo como filho de chocadeira, somos de sincretismos totais. Primeiro, na Europa, quando surge o circo, já há espetáculos em toldos, mas eram desqualificados, desvalorizados, ou eram os ciganos ou os muito pobres [que os realizavam].
Nas feiras dos séculos 16 e 17, havia apresentações e eles construíam espaços físicos em tábuas, mais do que em toldos. A lona só começa a ser pensada na segunda metade do século 19, então, o circo não nasceu num toldo, o circo nasceu na rua, nas feiras, nos teatros.
Todos os artistas no final do século 18 estão presentes naquilo que vai se chamar de circo. Então, não existe um único tipo de circo nem um único tipo de artista. O cruzamento faz pensar no que é novo e no que é antigo. O cruzamento entre as linguagens artísticas eram muito maiores.
No final do século 18, há muitos artistas que trabalham para a aristocracia. Eles vão para as ruas, feiras e, num outro momento, trabalham para a elite. São os mesmos artistas, as fronteiras não eram tão claras.
A caixa de ferramentas do artista: pantomima
Circus – O que acha do circo teatro, que tem o drama e a comédia?
Erminia – Estou falando do circo teatro, porque esse artista era ator, acrobata, dançarino e músico, que tocava, dançava e cantava, então, ser artista no século 18 não era ser artista de uma coisa só, não dava, não havia tanto espaço.
Se o artista está na feira, desenvolve a caixa de ferramentas dele que está preparada para esse espaço: “Aqui não posso falar porque ninguém vai me entender, então vou representar por pantomima”.
A pantomima nesse período não é uma mímica apenas, a mímica gestual é um dos recursos dessa caixa de ferramentas. A pantomima, nesse momento, é falada, cantada e dançada, não é à toa que o Chaplin fica seis meses num circo inglês para aprender a pantomima circense e levar para o cinema.
Só que, no cinema, não tem a música que existe nesses espetáculos. No século 18, ser artista era dominar todas as linguagens artísticas, de ator, acrobata, mágico, equilibrista, músico, dançarino, arquiteto, que constrói seu espaço, que tem uma complexidade de conhecimento do que é o publico.
Esse artista é o que também vai fazer parte do que se constituirá como circo, então, esse significado do que é ser artista compõe o circo: ele é cômico, clown – que, para mim, é a mesma coisa que palhaço –, é ator, é acrobata. O artista não podia ser um especialista.
Circus – Seu pai…
Erminia – Meu pai não era um especialista. Até a geração dele, essa ideia da constituição do que é ser artista foi a ideia do processo de pertencimento a isso que era ser artista circense.
Se você nasce no circo, já começa, desde o momento em que está na barriga da sua mãe. Meu pai começou a aprender com quatro anos de idade.
A questão da forma de organização, trabalho e constituição familiar de nomadismo depois vai se constituir e se consolidou no que foi chamado de circo.
Arte como modo de organização de produção
Circus – Tiririca não queria ser circense, queria ficar na casa da avó, mas a mãe foi para o circo e o obrigou a ir. Quando ele viu os meninos no picadeiro não quis sair mais de lá.
Erminia – Porque é um mundo envolvente de produção, que é diferente de, por exemplo, quando você nasce na cidade ou se seu pai é médico. Você não vai necessariamente ser médico. Dificilmente quem nasce no circo não vai ser artista de circo.
Circus – Produção é um tipo de metalinguagem e isso também é arte.
Erminia – Todo grupo nômade, não só no circo, ele se fixa, há rupturas, há quebras nos processos de organização do trabalho, nos modos de formação, de aprendizagem e transmissão [de conhecimento ou ofício].
Circus – É um mundo fragmentado, da indústria que especializa?
Erminia – Não, do saber, da educação, do processo pedagógico, educacional. Essa escola era competente para formar arquitetos, engenheiros, atores, diretores, dançarinos, acrobatas. Só que esse processo não será visto na geração seguinte.
Isso vale para qualquer processo nômade do circo. Ser artista e ser contratado como artista não é mais você dominar toda a linha de produção do espetáculo, é você entrar e fazer o [número de] malabares e sair.
Você é contratado para isso, não tem mais responsabilidade sobre o conjunto do que significa o circo, é quando você tem esse deslocamento. Aqui não fica sem consequência, então, ocorre o que os circenses nostalgicamente dizem: o circo acabou, está morrendo. Na realidade ele está dizendo que o circo de antigamente era assim e o circo de antigamente não existe mais.
O que vejo é que esse circo passou por processos de transformação e de permanência, nada tem uma alteração brusca que diz que rompe com o passado e não tem continuidade.
Quando muitos desses circenses param numa cidade para os filhos estudarem, é um momento da década de 50 e 60, não é uma coisa brasileira, isso acontece no mundo todo; se você conversa com os espanhóis ocorre isso, os argentinos têm isso e no Brasil há isso. É é porque a valorização social passa pelo diploma.
Nesse momento, outra forma de fixação e enraizamento que o circo dá – antes era diferente, porque o circo chegava e ia embora – é que ele chega e fica. São artistas como a aramista Maíra Campos, mas vou chegar lá.
Esses mesmos artistas chegam e param. O meu pai não para porque a família da minha mãe não é de circo, então, ela já é parada, e nós ficamos com eles.
Mas várias famílias não têm isso, elas param, então, você tem a Seyssel, do Arrelia, que vai ser advogado; elas estão fixadas aqui, vão se vincular ao que era a Associação de Circo, a Abracirco.
Escolas de circo
Circus – Lá no Paissandu?
Erminia – No café é outra coisa. A sede da associação foi ali, mas, antes da associação, o café é outra situação, bem interessante. Esse pessoal, Roger, Dirce Militello, que é mãe da Vic Militello, e vários outros artistas estão parados em São Paulo.
O que acontece com esse grupo que está querendo fazer escola em São Paulo? É a primeira escola. Verônica [Tamaoki] vai ser do primeiro grupo, que é a Academia Piolin das Artes Circenses.
Qual é a intenção deles? Eles não têm a intenção de receber as Maíras [artistas que não são de famílias circenses], querem fazer uma escola de circo para filhos de gente de circo, para mim, para meus irmãos, meus primos, para essa geração que parou, saiu do circo.
Só que nunca teve filho de gente de circo nessas escolas porque a hora em que eles abrem a possibilidade da escola de circo ainda há no conceito deles o chamado circo tradicional. Eu não chamo circo tradicional e circo novo.
Circus – Como os distingue?
Erminia – Eu chamo de modos de organização de trabalho que pressupõem formas de organização social e familiar, que é o circo de família. A escola de circo fora da lona é algo novo, a primeira foi em São Paulo [a academia Piolin].
Eles nunca pegaram filho de gente de circo até porque não conseguiriam entender que ninguém que estivesse viajando com o circo pararia para estudar ali. Isso porque a criança é um trabalhador importante do espetáculo, sempre foi e é até hoje.
Quando eles abrem essa possibilidade, abrem também um modo de aprendizagem e de formação do artista que estava dado como morto. Quando optam por ensinar, ensinam também para as Verônicas, ensinam a ser acrobatas, músicos, dançarinos.
Falo dos artistas que vão formar as primeiras escolas de circo fora da lona, porque, para mim, a primeira escola de circo é a lona, ela é do circo chamado tradicional, é a fundadora das escolas de circos que depois vão formar grupos que vão dizer: “Eu não tenho nada a ver com isso, eu sou o novo”. Mas, aí, a gente tem de entender o que o tradicional está falando que é tradicional e o que o novo está falando que é novo.
No Rio de Janeiro a criação da Escola Nacional do Circo é concomitante [à criação da Academia Piolin]. Depois dela, o Circo Escola Picadeiro, de José Wilson, vai ser a primeira escola particular, porque as primeiras experiências de escolas de circo no Brasil são com escolas públicas.
Circus – O circo escola Picolino em Salvador é publico, não é?
Erminia – Quem frequenta essa escola é o ator, o cantor, o dançarino, não é o artista de circo, é o menino da favela, é o menino da periferia, é o menino da classe media baixa, da classe média alta.
O envolvimento para se filiar à escola de circo vai contra a própria coisa do que eles estavam querendo, porque queriam dar continuidade ao saber circense.
Vários desses alunos iam lá porque era a forma melhor de perder a barriga ou era uma técnica a mais que o ator utilizaria no palco. Um ou dois [desses alunos] se tornaram artistas de circo.
Aprender a fazer circo não significa ser circense. O outro modo de organização da geração do meu pai é que você não domina uma especialidade, você tem de dominar um conjunto de linguagens artísticas.
Ser artista de circo, mesmo se você for um especialista dos malabares, significa entender de figurino, maquiagem, música, ter postura como artista, conhecer o público.
José Wilson, no processo de formação das escolas e dos primeiros grupos, por exemplo, tem dificuldade de ensinar a armar e desarmar o circo, a fazer a praça, a preparar o artista para esse cotidiano.
Aí começa a haver grupos de artistas entre esses alunos que percebem que, para dominar a linguagem circense mais ampla, precisam sair do Brasil, porque eles não reconhecem a lona ou o modo chamado tradicional como um lugar escola.
Então, nesse primeiro momento, há grupos que vão para a Europa e que voltam dizendo: “Nós somos o circo novo”. Aí, o que acontece? É o momento em que eu paro para fazer a pesquisa. Eu inicio em 1985 o meu trabalho.
Circus – Como foi?
Erminia – O grupo chamado tradicional olhava para o grupo chamado novo e dizia: “Isto não é circo”. “Por que não é circo?” “Porque isso é teatro, eles dançam, cantam e fazem acrobacias”.
É um momento da produção circense da década de 70, 80 em que há, para mim, um empobrecimento do que é o espetáculo circense, com influência americana do pós-guerra.
Essa geração que entra para a escola [de circo] conhece um circo empobrecido, mas a memória de quem está no circo faz uma seleção, diz: “Isso não é circo, isso é teatro, não é circo porque não está na lona”, e a lona vira ícone de circo, sendo que meu pai trabalhou na lona, em ginásios, nas ruas, em festas, estádios. Minha avó era bailarina clássica no picadeiro, com ponta.
A lona vira ícone, todas as escolas de circo querem colocar uma lona, o que é uma bobagem, você tem de ter escola e outros espaços.
Esse grupo chamado novo circo diz assim: “Para esse novo circo nós não temos nada a ver com essa forma de circo, somos o novo porque nos apresentamos no teatro, misturamos representação teatral, música ao vivo, dança e canto”.
Sabe qual é o problema dos dois grupos? Fazem uma seleção de memória e não conhecem a história do circo.
Circus – Têm a mesma origem?
Erminia – Têm modos de organização de trabalho que definem situações diferentes. Ser artista de circo não queria dizer uma coisa só, há diversidade do que significava ser artista.
Meu pai dançou sapateado com quatro anos de idade, fazia acrobacias, voos em trapézios, globo da morte, trabalhou nas festas teatrais. Para ser artista ele tinha de aprender um instrumento musical. Foi domador e ator de teatro circense.
Aprendeu a ser dono e empregado de circo, a construir o circo, aprendeu a fazer toda uma complexidade que é chamada de “fazer a praça”. O conhecimento que isso exige muitos engenheiros e arquitetos não sabem, não conseguem entender o que seja isso. Não existem circo novo e circo antigo
Circus – Seu pai domava qual animal?
Erminia – Leão e trabalhava com macaco, chimpanzé, mandril, várias espécies de animais.
Circus – Por que o Tihany faz sucesso e outros circos não fazem?
Erminia – Ser circense sempre foi o novo, o circense que a gente gosta até hoje tem incorporado o novo, seja na lona, na rua, no teatro, mas é herdeiro de todas as descobertas anteriores e a partir daí ele cria.
Nas artes, o tempo inteiro há transformação e permanência. A história não está dividida entre circo tradicional e circo novo.
Em 1850 há um circo em Paris que cria uma estética de pantomima aquática. O Cirque du Soleil é a incorporação tecnológica.
Se você pega a história dos circos no Brasil no final do século 19 e no começo do 20, vê que são os primeiros a incorporar a energia elétrica. Quer coisa mais importante na invenção tecnológica do que a eletricidade? Os circos incorporaram.
Circus – Daí o ilusionismo também ser forte?
Erminia – O ilusionismo entra e sai do circo o tempo inteiro. Alguns chamam de circo, outros não, porque há esse entra e sai. Então, você vê muitos europeus mágicos, ilusionistas, que chegam ao Brasil sem vínculo nenhum com o circo, com produção própria, apresentando-se em teatros.
Depois de certo período, o circo vai sendo espaço de trabalho e emprego para essas pessoas.A palavra “circo” tem dentro dela vários sentidos e significados novos o tempo inteiro.
Transformação
Circus – O circo de lona da família itinerante está acabando?
Erminia – Não coloco morte, fim, decadência, eu falo que ele se transformou.
Circus – Márcio Stankowich, dono do Circo Stankowich, quando perguntamos isso a ele, esboçou expressão de angústia.
Erminia – Nostalgia, tristeza. Os circenses, até a geração do meu pai, que não se adaptavam morriam. Esse discurso do Márcio Stankowich [demonstra que] quer reserva de mercado sobre o chamado circo tradicional, assim como o circo novo também faz discurso porque quer reserva de mercado.
O que o Márcio tem feito quando chega a algumas praças? Abre o circo para ensinar a crianças das cidades. Você não pode negar algumas coisas, daí o tom nostálgico. A quantidade de circos de lona no Brasil diminuiu de forma incrível.
Circus – Há fonte de pesquisa confiável?
Erminia – Não há. Sabe qual é a fonte de pesquisa mais confiável? É aquela relação de circo, de escola, de associação como referências. Havia três mil circos no Brasil.
Hoje se houver mil entre todos, pequenos, médios e grandes… Os grandes não chegam a mais que dez. Houve uma diminuição gigantesca de lona, no entanto, você nunca ouviu falar tanto de circo como ouve hoje.
Quem fala que o circo está morrendo se refere a um único modo de produção da linguagem circense num único lugar, não considera que a escola de circo produziu lugares e formatos diferentes e com uma diversidade de público que vai aprender, que vai fazer circo na cidade e vai se enraizar na cidade.
Quem fala que o circo está morrendo fala principalmente de um modo antigo de produção, que não existe mais.
Circo de lona diminuiu
Circus – A diminuição das lonas tem a ver com o pouco apoio estatal? Seja na instância federal, estadual ou municipal? A lona custa caro.
Erminia – O circo de lona vive da bilheteria exclusivamente.
Circus – O governo não ajuda?
Erminia – Muito pouco. De oito a dez anos para cá, de fato, conseguimos concretizar uma política de editais para o circo, na gestão do Lula.
A diminuição de lona tem várias razões. Primeiro, é caríssima. Pegue o Circo Zanni como exemplo. O Zanni só monta a lona subsidiado, como acontecia com o Circo Roda. Eles não montam a lona dependendo só da bilheteria.
Circo novo?
Circus – Circo novo é estética nova?
Erminia – Qualquer arte tem de ser nova na estética, contemporânea ao período dela. Tanto que a outra bobagem instituída não é mais o circo novo, é o circo contemporâneo.
Contemporâneo a que época? A quem? Ser contemporâneo é viver no mesmo período, é o momento atual. O que querem dizer com isso é que eles não são do mesmo modo de organização do trabalho, que é igual ao do meu pai.
Agora, esteticamente, não vi nada de circo diferente, nem no Soleil, porque, se você pega a descrição de todos os espetáculos circenses dos séculos 18, 19 e do 20, os principais circos e os mais importantes artistas incorporam a tecnologia o tempo inteiro. Eles incorporam dificuldades, incorporam música. Até 1959, circo era música e teatro.
Erminia Silva recomenda o Circo Fuxiquinho
Circus – Do que viu atualmente, o que recomenda?
Erminia – Fuxiquinho, por exemplo, eu adoro. É circo do Nordeste, com outra estética, outra cultura.
Tanto o circo itinerante como o circo dos novos sujeitos falam do circo, mas de qual circo? Hoje, diferentemente do que era até a época do meu pai, há o circo regional. Não havia o circo do Rio Grande do Sul, de São Paulo, do Nordeste, havia o circo que dependia exclusivamente da bilheteria na America Latina.
Meu pai sempre foi pobre e, no entanto, ganhava medalhas de saltos ornamentais porque aprendeu salto para incorporar a técnica no salto dele dentro do circo.
Aprendeu a dançar para incorporar a dança, então, tudo que é saber destina-se à produção do circo como espetáculo.
Hoje os circos itinerantes, em sua maioria, estão numa pobreza… Está ruim, a pessoa não gosta. Minha neta não aguenta mais ver esses circos porque não inovam, não incorporam nenhum novo saber ao que já fazem.
Circus – Quantos anos tem sua neta?
Erminia – Seis anos, ela nasceu vendo circo. O circo pequeno fica engessado num formato de espetáculo que minha avó já não tinha.
O circense, até a geração do meu pai, não tinha problema nenhum em mudar o formato do espetáculo. Meu pai nasce numa estrutura organizacional familiar até que protegido, ele simplesmente encaminha.
O artista da cidade precisa aprender tudo, entra em contato com coisas com as quais meu pai não entrava, como editais, escrever projetos.
Meu pai não precisava fazer isso, é isso que é novo, não é a estética, porque a estética do circo tem de ser sempre nova, senão é algo de que a gente não gosta.
O circo na capital muda sua característica. No interior, no Nordeste, devido a várias misturas com o folclore nordestino, como o cavalo-marinho. Há muita mistura com o mamulengo.
Circo é mistura, é cópia, é criação, é produção, é tudo mesmo.
Incorporação do novo
Circus – Incorpora o kitsch.
Erminia – Incorpora, sim, é artístico e é sucesso. Os circos grandes engessaram porque não estão incorporando nada novo. Não precisa incorporar o kitsch, mas não conseguem dançar capoeira no picadeiro.
O Benjamim de Oliveira, em 1913, faz um campeonato de capoeira dentro do circo dele e a capoeira fica proibida. O circo é diferente. Hoje até perdeu isso.
No Nordeste, o público do circo até atura ver o cara jogar malabares, suporta ver o trapezista, mas, se o palhaço não for bom, nem arme a lona, porque o público não vai suportar.
Então, não é o número que é o centro da atenção no circo. O circo do Fuxiquinho faz sucesso total. A primeira vez em que o vi eu ria e dizia que não podia rir disso porque sou paulista, politicamente correta, mas eu continuava rindo.
Hoje dou risada e não me preocupo se está politicamente correto ou não, porque a relação com o público é algo fantástico, como é o caso do Circo Zanni.
Circo Zanni
Circus – Gosta do Zanni?
Erminia – Muito, porque o Zanni é o novo entre esses novos sujeitos históricos, tem o formato mais tradicional possível, com a banda. O artista faz o número, sobe, vai para a banda, arma, desarma a lona.
É o mesmo grupo, mas o modo de organização de trabalho deles não tem nada a ver com o circo de família. Apesar, em alguns momentos, de se constituírem como circo de família, eles não são, porque o modo de organização deles é o de grupos independentes, é o La Mínima, é o Amarillo, que, em algum momento, juntam-se como cooperativa e montam o circo. O Zanni não é igual ao Spacial, não é igual ao que foi o de meu pai, não é igual ao Stankowich.
Circo Paratodos e Tubinho: teatro no picadeiro
Circus – Conhece o Circo Paratodos, da companhia Capadócia?
Erminia – Conheço, do João Donda e do palhaço Gelatina (Wilson Vasconcelos). O João está fazendo adaptações de algumas peças teatrais, não conheço, mas a discussão que faço com eles é a discussão que tenho com o Circo Tubinho, que é um sucesso total.
Gosto da parte cômica do Circo Tubinho. Alguns grupos novos estão recuperando o circo teatro, porque o circo teatro foi fundamental e é fundamental, mas circo teatro é teatro no circo, você não precisa recuperar uma coisa que se passa há 40 anos, na estética de 40 anos atrás. Quando você monta Shakespeare, vai montar com a estética de 2012.
Circus – O circo popularizou obras clássicas.
Erminia – O circo foi o maior, tendo em vista o nomadismo dele, foi o principal espaço que deu visibilidade a todas as linguagens artísticas até o disco. Como é que você divulga a música por partituras, que eram vendidas pelo Brasil?
Elas chegam da Europa e os músicos locais, do Rio de Janeiro, divulgam a música por partituras. Os circos executam essas partituras e todos passam pelo Rio, adquirem e aprendem as músicas e vão tocar isso em Ouro Preto, Salvador, Manaus.
O Tinhorão diz que, se não fosse o circo, hoje a gente não teria conhecimento de diversos ritmos musicais. Os artistas tinham o circo como o principal local de trabalho. O circo divulga ritmos musicais e gêneros teatrais.
Quando chega a Pernambuco incorpora o cavalo-marinho no teatro [que é um tipo de bumba meu boi, com cavalo], mas que termina com cavalo-marinho que não tem nada a ver.
Ele traz para o Rio uma revista deles que termina ou com cavalo-marinho ou com a escola de samba da época, que se chamava de agremiação, só depois vira escola de samba.
O circo incorpora todas as pré-escolas de samba no Rio de Janeiro nos espetáculos teatrais. As mocinhas da cidade iam assistir aos palhaços tocando violão porque tem uma coisa de espetáculo circense que é popular.
O circo sempre teve o médico junto com a empregada doméstica, o bancário, o que é popular. Popularizado é outra coisa, porque a heterogeneidade da população que vai ao circo é tão grande que o espetáculo é popularizado, mas popular, dependendo de quem fala, é pobre, enfim…
Circus – O músico e poeta Catulo da Paixão era palhaço?
Erminia – Catulo da Paixão Cearense escreve muito, é parceiro de Benjamim de Oliveira. Esses palhaços cantores viajam com o circo, são conhecidos, a população já conhece a música que eles cantam, e eles gravam um disco.
Os primeiros discos a serem gravados no Brasil são de palhaços cantores, em 90% dos casos, é só você pegar o Tinhorão, que foi, para mim, o start dessa pesquisa. Quando começa o cinema no Brasil, os primeiros filmes foram feitos pelo Leal e [João Ângelo] Labanca, com o cinematógrafo, com a energia elétrica, a partir de 1908.
Então, o que é circo novo, a incorporação tecnológica do que estamos falando? Estética?
Quando Leal e Labanca fazem os primeiros três filmes, um deles é filmado dentro do circo do Benjamim de Oliveira, numa pantomima que é uma paródia que ele faz de “O Guarani”.
Quando surge o rádio, se você pega a história do [Adhemar] Casé, que não é de circo, mas pegue a história do Boni falando do Casé. Depois o Daniel Filho falando sobre a história da televisão: é o circo.
Circus – Os programas infantis…
Erminia – São circo. O Brasil vai ser o modelo do circo para o bem e para o mal, até a televisão. Quem dá visibilidade para essa Nora Ney e Jorge Goulart, no Rio de Janeiro, tem contrato com o circo.
Um livro de um orientador meu que já morreu, que se chama “Cantores do Rádio”, registra que a coisa mais importante para nós era o contrato com o circo porque era o lugar que dava visibilidade.
Além disso, não tem microfone, por isso, a impostação da voz que a Bossa Nova vem quebrar… Então, se eu consigo cantar e ninguém fala que o microfone tem uma importância muito grande para a Bossa Nova, pergunta se um cantor conseguiria cantar num teatro ou num circo, é só petit comité.
O circo era o exercício da voz, porque a plateia é diferente daquela do público do teatro. O circo é visado, entra barulho externo, e os cantores dizem que, se conseguissem ser ouvidos lá em cima, na geral, era porque a voz estava impostada e isso, para as primeiras gravações do Fred Figner, que tinha microfone aqui.
O portal Circonteúdo
O Circonteúdo tem as informações revisadas e atualizadas do Pindorama Circus (primeiro do gênero no Brasil) e afirma que o circo é patrimônio cultural no Brasil. O portal é referência obrigatória para o pesquisador e o jornalista que cobre cultura, pois veicula notícias sobre atividades artísticas e educacionais do circo nacional e da América Latina.
O Circoteúdo difunde informações sobre circulação, comércio, produção e formação de artistas e produção de espetáculos. O site afirma que o circo é “polissêmico e polifônico”, híbrido em sua construção, e se mistura ao teatro, à dança, à música, ao cinema, à TV, além de se apoderar de novas tecnologias.
Consta em seu editorial: “Os artistas do circo, com os autores e empresários musicais e teatrais, que já ocupavam o picadeiro circense, mantinham o vínculo ao mesmo tempo em que se inseriam no contexto urbano industrial e cultural de qualquer período histórico, em especial no Brasil e Argentina, para ficarmos apenas no continente latino-americano”.
Ainda se lê, no editorial: “Observa-se que os palcos/picadeiros circenses, desde o final do século XVIII, sempre cumpriram o papel de divulgar e dar visibilidade aos artistas de todos os gêneros e autores das cidades e suas produções, que se incorporaram à produção do espetáculo, produzindo e consolidando a sua polifonia cultural”.
No portal é possível conhecer a história do circo e da arte: “Os circenses sempre se vincularam aos circuitos culturais estabelecendo estratégias de articulação com as mais diferentes expressões artísticas, levando-as para dentro do palco/picadeiro. O circo sempre esteve em busca do consumo de massa para seus espetáculos”.
O site afirma que o circo expandiu a arte para as universidades e o cotidiano urbano, é objeto de textos jornalísticos, de ciências como antropologia e história, entre outras.
“São esses os principais objetivos que esperamos atingir com nossa proposta do Circonteúdo, sobre a produção circense, ao mostrar sua contemporaneidade, independente do período histórico estudado, analisado e vivenciado; toda a sua polifonia e polissemia, que está hoje disseminada em todos os lugares possíveis e imagináveis do urbano e rural, particularmente no Brasil; que as escolas de circo foram e são responsáveis, de 30 anos para cá, por grande parte dessa disseminação; que o circo social, projetos sociais que usam a linguagem circense como ferramenta pedagógica, também contribuiu e contribui significativamente com essa difusão; que os novos personagens históricos que se constituíram como artistas circenses nas escolas de circo e circo social e que se fixaram nas cidades realizam importante papel, não só artisticamente, mas politicamente; que o fato de se ter ampliado a presença do circo nas cidades diversificou ainda mais a presença de pessoas dos mais diferentes estratos culturais e econômicos envolvidos com essa arte e que isso tem como uma de suas implicações um aumento significativo de estudantes universitários voltados para o fazer e para pesquisar circo.”
Quem faz
Os coordenadores do portal são Erminia Silva, Daniel de Carvalho Lopes e Marcelo Meniquelli.
O ator Marcelo Meniquelli, em 1999, estudou na Central do Circo. Em 2003, integrou o espetáculo “O Auto do Circo”, da cia. Estável de Teatro. Pesquisou a aplicação do design no circo e desenvolveu o site Pindorama Circus, com Erminia Silva e Verônica Tamaoki.
Daniel estudoueducação física na Unicamp e integra o Grupo de Estudo e Pesquisa nas Artes Circenses (Circus – FEF – Unicamp – CNPq). Consta no site que ele trabalha em várias companhias circenses (Corpo Mágico e Interália), escolas, eventos, ONGs e espaços culturais.
Daniel foi monitor do “Encontro Aberto de Circo” de 2006 a 2010. É o pesquisador responsável pelo projeto “Don Ramón: Vida e Obra nas Artes Circenses”, contemplado com o Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo 2009, com Erminia Silva.
Barry Charles Silva, artista dos saltos, laços e parada de mão
Morreu em 23/08, em Belo Horizonte, o artista e dono de circo Barry Charles Silva. Leia trecho de ensaio da pesquisadora Erminia Silva, filha de Barry Charles, no link abaixo, do site Panis & Circus, extraído do site em que Erminia trabalha, ao lado desse time de pesquisadores da estética e do modo de produção e organização das artes do picadeiro.
Os circenses lamentam a partida de Barry Charles. O parlapatão Raul Barretto disse que não chegou a conhecer Barry. “Não tive o prazer nem o privilégio de conhecer pessoalmente esse grande artista circense, mas reitero a relevância dele na história do circo mundial. Meus sinceros sentimentos à Erminia e a toda a família circense.”
Marlene Querubin, diretora do Circo Spacial, conta que, quando montou seu picadeiro, o pai de Erminia Silva foi visitar a lona. A equipe do Spacial era próxima da família Temperani, parente da família Silva.
“Jaime Temperani trabalhou para mim com sua inesquecível Chimpazé, e Barry foi uma das primeiras pessoas que visitaram meu circo, com a filha Erminia, sempre muito sorridente, com seu carisma. Toda vez que eu o encontrava, falávamos muito. No primeiro Festival de Circo de Belo Horizonte, pude ficar alguns dias em sua companhia. Ele contou muitas histórias de quando viajava pelo Brasil afora. Fiquei muito triste com sua partida, mas feliz por tê–lo conhecido.”
Márcio Stankowich, diretor do Circo Stankowich, escreveu no Facebook: “Estamos todos de luto e muito tristes. Um grande amigo do meu pai se foi”.
Barry Charles Silva foi homenageado em abril deste ano pelo Centro de Memória do Circo, em evento organizado por Verônica Tamaoki, com a presença de circenses ilustres, como Roger Avanzi, o palhaço Picolino 2.
Nesse mesmo dia era lançado no Centro de Memória, na Galeria Olido, o site Panis & Circus.
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