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Escola de Circo Piolin deve reduzir plano de R$ 43 milhões
Secretário municipal de Cultura alerta representantes do circo; artistas reivindicam várias ações do governo
Janaína Leite
Certa vez perguntaram ao senador americano Mark Hanna, conhecido por sua habilidade estratégica, sobre como funcionavam as campanhas eleitorais. “Duas coisas são importantes na política. A primeira é o dinheiro. A segunda eu não me lembro”, resumiu.
A máxima de Hanna foi cunhada por um republicano na primeira metade do século 20, mas continua valendo, inclusive para a corrida tupiniquim de 2014, quando os brasileiros voltarão às urnas para escolher os próximos ocupantes da Presidência da República e dos governos estaduais.
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As brigas por recursos, obras e visibilidade serão encarniçadas, especialmente em São Paulo, colégio eleitoral mais importante do país, e devem interferir em uma das principais reivindicações dos artistas de circo: a criação da Escola de Circo Piolin. Orçado em R$ 43 milhões, o projeto terá de sofrer um corte drástico para se tornar viável – especialistas do governo defendem que uma cifra realista não ultrapassaria R$ 10 milhões.
O tema foi discutido no último dia 14 de outubro pelos representantes do circo e o secretário de Cultura do Município de São Paulo, Juca Ferreira. À ocasião, os artistas apresentaram uma série de reivindicações nas áreas de formação e memória, fomento, desburocratização e programação cultural. O secretário, por sua vez, falou sobre as dificuldades práticas de implementar alguns dos planos e pediu a formação de grupos de trabalho para garantir o avanço das propostas.
O projeto da Escola de Circo Piolin, de acordo com Ferreira, sofre em função de seu custo. “Eu fui investigar porque o projeto [da escola] não saiu no governo passado e é porque é caro: R$ 43 milhões. Já levei para a Prefeitura e senti que há dificuldades. Não seria melhor simplificá-lo um pouco para possibilitar sua viabilização?” questiona o secretário. Segundo ele, o valor apontado no esboço original “é dinheiro que não acaba mais”.
O alerta sobre a necessidade de adequar, da maneira mais rápida possível, o esboço da Escola de Circo Piolin, está também ligado ao valor financeiro e simbólico do local onde a Escola Piolin será construída, no centro de São Paulo. “Há muita gente de olho nesse terreno [para a construção de moradias – cerca de 20 mil]. Se ficar muito tempo inativo, perderemos a capacidade de mantê-lo”, afirmou, sem citar valores explícitos. “Quanto vale a arte?”, rebateu o presidente da Associação dos Amigos do Centro de Memória do Circo, o ator Pascoal da Conceição.
Durante o encontro, o secretário recebeu do parlapatão Hugo Possolo uma carta aberta da Aliança Pró Circo em que estão listadas as prioridades e as cobranças dos circenses ao poder público. Clique aqui para ler a íntegra da carta.
Afora a escola, o segundo tema mais discutido com Juca Ferreira foi a desburocratização. As exigências documentais feitas pelo Contru (órgão que concede licenças e faz a fiscalização das instalações) para um circo com capacidade para 300 espectadores é a mesma pedida, por exemplo, para shows bilionários que abrigam dezenas de milhares de pagantes.
Além disso, faltam verbas para garantir a compra e a manutenção de acervos históricos e a viabilização de novas linhas para o incentivo das atividades, uma vez que, tradicionalmente, os circos não conseguem captar pela Lei Rouanet. A efetivação de terrenos usados para as apresentações de circos itinerantes e a maior participação nos eventos promovidos pelo governo, como a Virada Cultural, também constaram da pauta.
Postagem: Alyne Albuquerque
Tags: centro de memoria do circo, Circo Piolin, Contru, hugo possolo, Juca Ferreira, Mark Hanna, Marlene Querubim, Pascoal da Conceição, veronica tamaoki