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Esculturas de papel das princesas maravilhosas
Ilustrações feitas de livros e letras
“Contos de Princesas” põe em relevo as ilustrações, que são esculturas de papel feitas de páginas de livros velhos. Outros materiais as compõem e lhes dão a cor da janela do castelo ou as luzes da rua coberta de neve. As letras são imagens predominantes, em forma de menina ou penteadeira. Sobre a lareira da gata borralheira, há um relógio de sala de visitas, com a borda dourada e ponteiros exatos.
Criadas pela artista plástica inglesa Su Blackwell, as esculturas foram fotografadas por Tim Clinch. Os cenários dos sete contos de fada reunidos no livro, como “Branca de Neve” e “A Princesa e a Ervilha”, jogam com luz e sombra em perspectiva e revelam detalhes da vida em sociedade na Europa do século 17 ao século 19.
Em “As Doze Princesas Dançarinas”, há 12 sapatilhas de balé esculpidas em tiras finíssimas de papel e uma escadaria que representa uma coreografia, com as princesas a bailar. Os vestidos dão colorido à cena.
As árvores e outros objetos fantásticos que brotam das páginas de onde saem as esculturas desenham a paisagem dos campos e das cidades onde foram recolhidas as narrativas por Charles Perrault (1628-1703), o caso de “Cinderela” e “Bela Adormecida”, e pelos irmãos Grimm (Jacob, 1785-1863; Wilhelm, 1786-1859), de cuja autoria são os demais contos adaptados. Wendy Jones assina a adaptação, com tradução de Monica Stahel.
O livro é um lançamento de destaque da editora WMF Martins Fontes no final de 2012. O bom acabamento visual se amplia nos textos fluentes. Fica claro que não há muitas diferenças entre os estilos de vida dos anos de 1600 e 1800, mas o dia a dia é bem diverso da correria da criança brasileira urbana hoje.
A Cinderela de Perrault é tão meiga e subserviente como as dançarinas dos irmãos Grimm. Obedecem cegamente às ordens do rei e esperam o príncipe e todo o pacote de felicidade que vem com ele: castelos luxuosos e casas impecáveis no ambiente da corte.
Talvez as eternas histórias encantem porque o mundo retratado não exista mais. Se viraram mitos, a verossimilhança cai por terra e as transformações mágicas são válidas para enfrentar caminhos longos e florestas inexploradas.
A tradição oral, de pais para filhos, durante esses 300 anos, faz, paradoxalmente, todas as peripécias parecerem familiares. A leitura de um clássico provoca isso: uma nova visita a tempos imemoriais, que tornam os sonhos possíveis.
“Contos de Princesas” ainda traz as aventuras de Rapunzel, presa na torre da floresta, e do príncipe que virou um sapo porque foi enfeitiçado. Ainda bem que existiu uma princesa para salvá-lo.
Serviço
“Contos de Princesas” – 96 páginas. Da editora WMF Martins Fontes, 2012. R$ 44,00. Para crianças a partir dos quatro anos (leitura compartilhada).
Link
http://www.wmfmartinsfontes.com.br/detalhes.asp?id=553304
(Mônica Rodrigues da Costa)
Tags: artesanato, papel, princesas