Pé na Estrada
Exposição de David Bowie vai até 11/8

David Bowie
Victoria and Albert Museum destaca os 40 anos da carreira desse apóstolo da arte de combater as convenções
De Ivy Fernandes
O Victoria and Albert Museum, um dos museus mais prestigiados do mundo e que habitualmente apresenta exposições canônicas, como “O Tesouro do Antigo Egito” ou “As Maravilhas do Renascimento Italiano”, pela primeira vez em sua longa história, abriu os salões para celebrar um ícone da música popular: David Bowie. Ele comemora 40 anos de produção de música, tematizando o sexo com os instrumentos do rock and roll. A exposição vai até 11/8. Foi inaugurada em 23/3.
A mostra cobre o arco desses 40 anos de vida do eclético artista, hoje com 66 anos, exibindo detalhes de sua contínua mudança de estilo e capacidade de se transformar. Uma festa de cores, luzes, trajes incríveis, montada com grande efeito cênico. Ao todo são mais de 300 objetos, entre eles, sessenta trajes originais, fotografias, filmes, vídeos, instrumentos musicais, manuscritos, exibidos em conjunto pela primeira vez.
A exposição descreve como a música e a personalidade de Bowie influenciaram e foram influenciadas pela pintura, design e cultura contemporânea. David Bowie foi um apóstolo na arte de combater as convenções e impor a liberdade de expressão.
Depois de dez anos de ausência, ele voltou a dominar a cena musical com a exposição e um novo álbum, “The Next Day”, que estourou nas parada inglesa com a venda de mais de 100 mil cópias em março.

Cenário que compõem a exposição de Londres, que vai até 11 de agosto / Fotos Divulgação

Cenário na exposição de Londres

Cenografia da exposição de Londres

Cenografia na exposição de Londres

Traje de Bowie na mostra

Foto atual de David Bowie com 66 anos
O “White Duke”, como Bowie é também chamado, cedeu ao museu objetos de sua propriedade. Os que despertam maior atração são os 60 trajes, alguns criados por ele mesmo e utilizados durante consertos, filmes, vídeos e apresentações na televisão. A mostra traz textos de canções escritas à mão, fotografias feitas por renomados fotógrafos internacionais, capas de revistas, entrevistas, obras teatrais e instrumentos musicais utilizados em sua carreira.
A direção do Victoria and Albert Museum ficou surpresa com a resposta do público e na pré-estréia vendeu 50 mil ingressos. A procura por ingressos continua intensa. Um novo sistema de audiovisual, criado pela empresa Sennheiser, uma das parceiras da exposição (a outra é a Gucci), projetou um sistema integrado em que a música toca quando uma pessoa se aproxima da obra exposta.
Nos salões estão instaladas grandes telas que dão a impressão de um palco circular, permitindo ao público quase um contato físico com a música e o universo que circunda a carreira e a vida de Bowie.
A mostra não segue um percurso cronológico da trajetória do artista, mas, sim, a sua incursão no rock, na moda, cinema e vídeo.

David Bowie
Carreira de Bowie
David Bowie nasceu em Brixton, em 8 de janeiro de 1947. Sua mãe, Margaret Mary Burns, trabalhava na bilheteria de um cinema e seu pai, Haywood Stenton Jones, que participou da Segunda Guerra Mundial, vivia saltando de um emprego a outro.
Quando tinha 6 anos, a família se mudou para uma nova casa no subúrbio de Plaistow Grove, em Bromley, no Kent. À época chegava dos Estados Unidos uma nova música que influenciou o velho continente. “Quando eu era muito pequeno, vi minha prima cantar e dançar “Hound Dog” de Elvis. Eu nunca tinha visto nada igual. Terry tinha enlouquecido com aquele ritmo frenético e isso ficou na minha memória para sempre”, diz Bowie.
Apesar de ter um padrão de vida modesto, a família, de origem irlandesa, fez o filho estudar no Burnt Ash Junior School. Depois, com a melhora da situação financeira familiar, Bowie completou sua educação no Ravens Wood School, onde aprendeu línguas, desenho e música.
No começo da carreira, aos 15 anos, formou a banda Kon-rads, que tocava em eventos diversos. O seu primeiro lançamento single foi “Liza Jane”, que não fez sucesso. Depois de várias bandas de rock malsucedidas, lançou a demo “Space Oddity”, em 1969, que coincidia com a chegada do homem à Lua. A música ficou em quinto lugar na Inglaterra, e tornou-se o primeiro sucesso de Bowie.
A partir de 1970, David Bowie criou álbuns que seguiam a onda do rock experimental. “The Man Who Sold the World” (1970) e “Hunky Dory” (1971) foram elogiados pela crítica e público. Em 1972, lançou um dos álbuns mais famosos da história do rock e de sua carreira: “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”.
No decorrer dos anos 70, álbuns como “Aladdin Sane” (1973) e “Diamond Dogs” (1974) tiveram grande repercussão, e a canção “Fame”, que Bowie escreveu em parceria com John Lennon, do álbum “Young Americans”, foi destaque nos EUA.
Nos anos 80, sua carreira foi irregular. Os pontos altos foram a canção “Let’s Dance” e a parceria com Freddie Mercury na música “Under Pressure”.
Nos anos 2000, Bowie lançou “Heathen” (2002) após os ataques de 11 de setembro nos EUA, que inspirou o sombrio álbum, bastante elogiado. Em seguida, veio o “Reality”, que rendeu turnês em 2003 e 2004.
Em 2004, o artista sofreu um infarto durante turnê, resolveu parar e fechar a cortina por dez anos.
Hoje o período de quarentena passou. David Bowie voltou à ribalta mundial. Considerado o quarto artista mais rico do mundo, ele festeja a vida no Victoria and Albert Museum.
David Bowie casou-se em 1992 com a modelo Iman Mohamed Abdulmajiid, da Somália. Tem dois filhos e uma enteada: Duncan Zowie Haywood (nascido, em 1971, de seu casamento com Mary Angela Barnett) e Alexandria Zahra (nascida em 2000). Zulekha é filha do casamento com a modelo Iman. Ele sempre fez questão de afirmar que é um personagem ambíguo em sua sexualidade.

O Victoria and Albert Museum, em Londres, foi fundado em 1852
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