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“Felinda” lembra do circo
Grupo teatral formado por oito irmãos roda o país em ônibus que tem até cama
Gabriela Romeu – colaboração para a Folha
“Felinda é uma velha que se esqueceu de tudo, enlouqueceu. Não sabe o próprio nome nem de onde veio. Mas todo dia ela se lembra do circo.
Quem conta essa história é o Carroça de Mamulengos, um grupo familiar de teatro que está de passagem por São Paulo. A companhia foi criada por Carlos Gomide em 1977, em Brasília. Carlos conheceu a atriz Schirley França. Tiveram oito filhos.
É contando a própria história que a família abre a peça. Cada filho nasceu em um canto do país, todos engatinharam no palco e viraram artistas.
Já Felinda não tem talento nenhum –não anda no arame, não joga malabares. Com andar vagaroso e saia de estrela, tudo o que tem cabe em uma mala. ‘Felinda usa uma máscara que parece um mamulengo’, conta Maria Gomide, 29, irmã mais velha da família. Os mamulengos são fantoches populares no Nordeste.
São as lembranças de Felinda que entram e saem de cena: palhaços na perna de pau, uma bailarina tímida e as peripécias do Boi Soberano. Fazem a plateia rir e se emocionar.
Também entra e sai do palco a pequena Iara Gomide, 2, da terceira geração da trupe que resgata a cultura popular do Brasil.Iara aparece na cacunda do pai, Francisco (o palhaço Alecrim), 25.
Parece não se importar com a plateia, mas já agradece, cheia de graça, aos aplausos no fim.”
Vida no palco e na estrada
Colaboração para a Folha
“Os filhos do Carroça de Mamulengos cresceram na estrada, foram alfabetizados pelos pais e estudavam nas cidades onde ficavam mais tempo.
Hoje, dividem-se entre a casa em Maricá (RJ) e o ônibus batizado de Brasilino, que roda o país e tem até cama. As crianças foram sendo apresentadas à plateia por bonecos. ‘Era como uma brincadeira’, diz Maria Gomide. (GR)
Felinda
Quando – hoje, amanhã, 26, 27 e 28/02 e 1º e 2/3, às 19h15; dia 2/3, há sessão extra às 16h
Onde – Caixa Cultural – São Paulo – praça da Sé, 111
tel. (11) 3321-4400
Leia aqui a capa sobre a família que forma a “Caroça de Mamulengos” e sua paixão pelo circo