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Festa para Piolin no Municipal
Apresentado pelo Parlapatão Hugo Possolo, o espetáculo “A Nave Louca do Circo” celebrou O Dia Nacional do Circo em grande estilo
Bell Bacampos
Duas palhaças com asas de anjo tocam violino em um canto do salão de entrada; em outro, uma contorcionista encaixa-se numa caixa de acrílico transparente. ‘Sacerdotisas da luz’ descem escadas com candelabros na cabeça e sons ecoam no local vindos de um instrumento feito de garrafas de vidro.
Essa foi a comissão de frente criada para receber o respeitável público, que compareceu em massa no Theatro Municipal de São Paulo, em 26 de março, na semana destinada a comemoração do Dia Nacional do Circo (27/3).
Os artistas circenses encantam-se com o fato de o Municipal abrigar a festividade com uma Noite de Gala. O encantamento explica-se: o Theatro Municipal foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o movimento artístico e literário mais importante do país. Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, integrantes desse movimento, consagraram Piolin, como exemplo de artista genuinamente brasileiro e popular, em 27 de março de 1929. E foi nessa data que Abelardo Pinto incorporou Piolin a seu nome: Abelardo Pinto Piolin.
O Dia Nacional do Circo foi instituído oficialmente, em 27 de março de 1972, dia do nascimento de Piolin, ícone da Semana de Arte Moderna, movimento que completava 50 anos, na data, e o palhaço foi homenageado com a instalação do Circo de Piolin no vão livre do Masp.
Chegou o General da banda
O Parlapatão Hugo Possolo, vestido de general da banda com toques de “Napoleão” foi o mestre de cerimônias do espetáculo “A Nave Louca do Circo”, que misturou números do circo tradicional e do contemporâneo para comemorar o Dia Nacional do Circo.
E é uma nave que vai, empurrada por sete palhaços tradicionais, entre eles, Xuxu, que foi o último companheiro de Piolin. Em cada parada da nave são apresentados números ancorados na habilidade dos artistas e que querem expressar o encontro entre o tradicional e o contemporâneo.
O Senhor dos Pratos e Laserman
Em uma parada da nave, é possível ver a técnica clássica do equilíbrio dos pratos do artista Bruno Edson; em outra, o ilusionismo tecnológico de Mário Casadei, o Laserman.
A plasticidade está presente em “Carrossel”, “Faixa” e, principalmente, no jogo de aros que contrapõe a “Roda Cyr” que rodopia no chão enquanto a “Lira” gira suspensa no ar. Ou, ainda, na “Parada de Mão” feita no solo em contraste com o “Cabide Aéreo”.
Com a expertise incomum na arte de fazer rir apresentam-se o “Número Musical” e as “Águas Dançantes”.
Não dá para ficar indiferente às “Claves de Luz” e à “Esquete Cômica” em que o artista Claudio Carneiro busca no palco um foco de luz ao som de “Ne me quite pas”. Em sintonia com o riso, aparece o Palhaço Pepe, do Circo Spacial, com sua “Reprise”.
“Cancan Volant” surpreende ao mostrar quatro artistas vestidos de bailarina e suas estripulias no trapézio.
A Palhaça Rubra canta uma ópera engraçada composta por ela e Marcelo Lujan (Circo Zanni e Amarillo). Ela faz também um dueto musical com Hugo Possolo acompanhados pela Banda TrixMix. Ao fundo, imagens de Piolin e circos que fizeram história no país.
“Air Track” ao som da banda Queen
O virtuosismo da técnica do circo tradicional está presente em “Percha” e no “Malabarismo”.
E é pura alegria o “Air Track” – acrobacias em um grande colchão de ar instalado no palco do Municipal — ao som de “Crazy little thing called love”, sucesso do Queen.
Essa festa foi dirigida pelo australiano Mark Bromilow, que esteve à frente do espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, e que reuniu no palco várias gerações de artistas, de diversas origens e estilos. Não faltou nem mesmo o famoso “Globo da Morte” na porta do teatro.
Equíbrio na corda bamba
“Existe espaço para o circo tradicional e o circo contemporâneo?”, pergunta o repórter Cunha Jr. da TV Cultura para Alfredo Munõz, do Arena Circus. A resposta é afirmativa. “Hoje, você vai ver artistas do circo contemporâneo e do circo tradicional como eu.” Clique aqui para ver a reportagem sobre o Dia do Circo, com entrevista de Munõz, no programa Metrópolis, da TV Cultura.
Apesar de o circo contemporâneo beber na fonte do tradicional, não são sutis as diferenças, entre as duas linhas, no figurino, trilha sonora, comicidade e no roteiro.
Equilibrar-se no fio que une o circo tradicional ao contemporâneo – o de Piolin e o de Possolo – não deixa de ser desafiante. Talvez, para evitar a metáfóra de que está por um fio, a combinação dos passos clássicos com a coreografia contemporânea, o número do equilíbrio no arame sequer constou do roteiro de “A Nave Louca do Circo”.
Ficha Técnica
Direção geral: Mark Bromilow
Roteiro: Hugo Possolo
Apresentador: Hugo Possolo (Parlapatões)
Números Circenses – Primeiro Ato
Roda Cyr: Nildo Siqueira (Circo Tihany) e Nathália Furlan (Circo Manacá)
Percha: Viviane Ribeiro e Alfredo Muñoz (Arena Circus)
Equilíbrio de pratos: Bruno Edson
Carrossel (Linhas Aéreas): Patrícia Rizzi, Mariana Duarte, Cássia Teobaldo e Nathalia Furlan
Esquete Cômica – Cláudio Carneiro
Número Musical: Marcelo Lujan e Pablo Nordio (Circo Amarillo/Zanni)
Claves de Luz: Irmãos Becker
Ilusionismo: Mário Casadei (Laserman)
Números circenses – Segundo Ato
Reprise: Palhaço Pepe (Circo Spacial)
Águas Dançantes: Alexandre Bamba, Fabek Capreri e Hugo Possolo (Parlapatões)
Parada de mão: Paulo Maeda e Cabide Aéreo: Natalia Presser
Malabarismo: Rogério Piva
Número musical: Lú Lopes (Palhaça Rubra)
Palhaços: Bacalhau, Florcita, Mingau, Miolotolo, Pepe, Pepin e Xuxu
Cancan Volant: André Sabatino, Claudio Costa, Marcos Porto e Nildo Siqueira
Airtrack: Cássia Teobaldo, Daniel Wolf, Hugo Possolo, Luka Ianchity, Mariana Makawa, Marina Soveral, Natália Presser, Nildo Siqueira e Wallace Kyoskys
Na entrada do Municipal
Foyer: Alessandra Fleury (contorcionista na caixa de acrílico), Paola Musatti e Vera Abud (as palhaças Manela e Emily de asas e violino); Fernando Paes (Grupo La Mínima e o som das garrafas), Tum Aguiar, Maíra Campos, Gita Govinda e Natalia Vooren (Grupo Ares)
Postagem: Alyne Albuquerque
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