Pé na Estrada
Cirque du Soleil é vendido por US$ 1,5 bilhão
O objetivo é continuar a crescer e conquistar o mercado chinês
Ivy Fernandes, de Roma
A máquina de sonhos foi vendida. Fundado em 1984, por um grupo de artistas canadenses, liderados por Guy Laliberte, então com 25 anos, o Cirque du Soleil foi comprado por US$ 1,5 bilhão, cerca de R$ 3,5 bilhões, por um consórcio formado pelo fundo de investimentos americano Texas Pacific Group Capital (TPG) e pelo grupo chinês Fosun. O negócio deve ser concluído no terceiro trimestre desse ano.
O valor é um pouco inferior ao que havia sido estimado (US$ 2 bilhões) pela Goldman Sachs, que assessorou Guy Laliberté no negócio.
Pelo acordo, o TPG passa a deter 60% da organização, o Fosun, 20%, o fundo de pensão canadense Caisse de Depot et Placement du Quebec fica com 10%, Laliberté vai manter outros 10% e a direção estratégica e artística do circo.
A presidência do grupo será entregue ao investidor canadense Mithc Garber, ligado ao TPG. Segundo os novos donos, o objetivo agora é expandir o negócio na China. O fundo TPG é dono da Caesar’s Entertainment, mantenedora de cassinos como o Rio (onde acontece a WSOP – World Series of Poker), o Paris, o Planet Hollywood, o Flamingo e vários outros. O Fosun detém os resorts Club Med.
Esta não é primeira negociação com as ações do circo. Em 2010, 20% da empresa foi vendida para investidores de Dubai. Na época, a organização foi avaliada em US$ 2,7 bilhões. Mas com a crise econômica internacional afetando os parceiros árabes e o próprio negócio do circo, Laliberté recomprou a parte que havia sido negociada. Em 2012, a organização registrou o primeiro balanço negativo. Com a nova negociação, anunciada no dia 20, o circo ganha mais condições para manter e expandir o negócio.
O Soleil conta com 4 mil funcionários no mundo, incluindo mais de 1,3 mil artistas. Em sua sede, em Montreal, possui 1,5 mil empregados. Um novo espetáculo, o Alla Vita, será apresentado no dia 13 de maio durante a Expo Milão, no Open-air Theatro, com 12 mil lugares, que custou cerca de 8,5 milhões de euros. O show contará com 80 apresentações de artistas.
Em três décadas, os espetáculos do Cirque du Soleil foram vistos por cerca de 160 milhões de pessoas, em 48 países. Hoje, apresenta oito espetáculos em turnê em uma caravana de 30 caminhões. Mais: tem espetáculos fixos em Las Vegas, Nova York, Orlando, Macau, Singapura e Dubai.
“Depois de trinta anos construindo a marca do Cirque du Soleil, nós encontramos os parceiros certos no TPG, Fosun e Caisse para evoluir como uma companhia que foi fundada com a convicção que a a arte e os negócios juntos contribuem para fazer um mundo melhor”, afirmou Laliberte em nota.
O negócio surpreendeu o mundo da cultura. Certamente nem mesmo o grande cineasta italiano Federico Fellini, um amante do circo, especialmente em relação a universo dos palhaços, a quem dedicou o filme “Os Clowns”, poderia imaginar o circo disputando e ganhando tanto espaço no mundo dos negócios.
Postagem – Alyne Albuquerque