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Histórias de camarim
Um olhar intimista sobre o que acontece por trás da cena no circo Tihany que fica até 17 de novembro, no Rio, segundo a revista de O Globo.
“O camarim de circo tradicional é completamente diferente de qualquer outro. Montado num trailer atrás da lona, o do Circo Tihany, que fica até o dia 17 de novembro em cartaz no Rio, é dividido em três: um para os homens e um apertadinho para o palhaço. No das meninas – jovens dançarinas de mais de 20 nacionalidades diferentes –, os figurinos ficam pendurados em ordem de entrada (são nove trocas em duas horas de espetáculo), de um lado, e as bancadas de espelho de outro. Cada uma decora a parte que lhe cabe a seu modo: há fotos de namorados, adesivos de coração, cartas de fãs, imagens de todo tipo de religião. Para as sessões de meio-dia, já estão lá desde às 10h. Por isso, a música alta no camarim.
‘É para acordar’, diz a acrobata britânica Lelly-jo Broughan, de 24 anos, enquanto se maquia. ‘Há quem reze, quem goste de tocar nos objetos pessoais antes de entrar em cena. Eu fico nervosa em cada sessão como se ainda fosse na estreia.’
O palhaço, muito pelo contrário. Faltam dez minutos para ele entrar em cena e está calmo como o pipoqueiro, lá fora. Venezuelano, Henry Ayala é da quinta geração de uma família de palhaços. Seu bisavô era dono de uma companhia circense famosa no país, o extinto Circo Hernandez. Ele faz a maquiagem em menos de dez minutos, veste-se em apenas dois.
No pequeno espaço de menos de dois metros quadrados, exibe o pouco que carrega: o quadro com título de Príncipe dos Palhaços, honraria conquistada no Festival de Montecarlo, dos mais importantes de artes circenses. Dois Guiness: um deles porque Henry, que também é equilibrista, foi considerado, em 2003, o ‘pulador de corda’ mais veloz do mundo (211 passadas por minuto). Ali estão também a nota de US$ 100 que carrega como objeto de sorte, ganha numa aposta com um amigo de infância por resultados de jogos de futebol, e presentes que recebe dos fãs (há um pote cheio só com narizes de palhaços).
‘É das Marias-Lona’, admite Henry entre a vaidade e a palhaçada. ‘Mulher adora um palhaço. Sabe por que?’ (Agora sério) Porque mulher gosta de homem que a faz rir.”
Tags: Circo Hernandez, Henry Ayala, Lelly-jo Broughan, Tihany