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Mais de 22 mil pessoas aplaudem “Gala”

 

 

Espetáculo do circo La Tarumba comemora 30 anos e fala do encontro das culturas espanhola, africana e inca 

Bell Bacampos, da Redação    

Mais de 22 mil pessoas assistiram a Gala – espetáculo criado para comemorar 30 anos do circo La Tarumba – na temporada de 13 a 26/10, em Arequipa, conhecida como Cidade Branca, que fica ao sul do Peru.  

A procura do público foi tamanha que foram feitas sessões extras na sexta (24/10), sábado (25/10) e domingo (26/10). Panis & Circus esteve em Arequipa para ver Gala e conferiu seu sucesso de público e crítica.

Em Lima, capital do Peru, a temporada se estendeu de 1º de julho a 14 de setembro e o espetáculo foi visto por 92 mil pessoas.

 

Fernando Zevallos, diretor artístico de "Gala" / Foto Asa Campos

 

Sob a direção e criação de Fernando Zevallos, Gala trouxe para o picadeiro a magia do La Tarumba.

Trinta artistas de várias origens (Argentina, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, França e Peru) mostraram arte e habilidade no trapézio, corda, malabarismo, acrobacia, equilíbrio e dança, acompanhados por uma banda composta por nove músicos, comandada por Amador “Chebo” Ballumbrosio.

 

Amador "Chebo" Ballumbrosio, de joelhos, e sua banda / Foto Asa Campos

 

Vinte e três cavalos fizeram parte do espetáculo e revezaram-se no picadeiro com elegância e beleza.

 

Zevallos e o cavalo Hechicero no picadeiro / Foto Asa Campos

 

Gala trata de uma viagem pela história peruana: fala da vinda dos espanhóis e africanos para ‘novas terras’ e do encontro deles com a cultura inca. “Esse encontro é traumático – mas pertence a uma época passada. Vamos olhar o que somos hoje, uma mistura de sangues, e celebrar com Gala nossos ritos, nossos costumes, nossa tradição, nossa cultura”, diz Fernando Zevallos, diretor artístico do espetáculo.

 

Retratos do Peru

A união da cultura europeia com a africana caminhou literalmente por um fio em Gala com os artistas Maíra Campos e José Henry Caicedo.

 

Maíra Campos e José Henry Caicedo: o caminhar por um fio da mescla cultural / Foto Asa Campos

 

Depois, os passos de uma dança gingada afro-peruana de Victoria Rivas, acompanhada por um cavaleiro, trouxeram a complexa beleza carregada de signos da mescla cultural do país.

 

Victoria Rivas e sua dança afro-peruana / Foto Asa Campos

 

Do ritmo da dança, passou-se para os saltos da dupla de americanos, Caleb Carinci e Renny Spencer – show de acrobacia em cima de cavalos.

 

Acrobacias equestres de Caleb Carinci /Foto Asa Campos

 

Renny Spencer e o cavalo Arlequim no picadeiro do La Tarumba/ Foto Asa Campos

 

Brincadeira de pular corda que terminou em um tecido pendurado no alto, malabarismo com chapéus intercalado com humor, saltos em um elástico foram números de tirar o fôlego e que conquistaram a plateia.

 

José Henry Caicedo salta na corda bamba / Foto Asa Campos

 

Fiorella Quinõnes e o número do tecido / Foto Asa Campos

 

Aldo Villacorta e o malabarismo com chapéus / Foto Asa Campos

 

“Bichos acrobáticos”

Fernando Zevallos  trouxe para o picadeiro os cavalos enquanto a artista circense francesa Fanny Roux mostrava sua destreza em cima de um trapézio.

 

A artista francesa Fanny Roux no trapézio / Foto Asa Campos

 

Após Fanny, entraram no picadeiro os acrobatas vestidos como se fossem bichos no chão e a cena relembrou um “Tarumbo” querido, o fotógrafo Luis Felipe Cueto.

“Um dia”, afirma Fernando Zevallos, “ele, seu professor e os filhos dos dois, deixaram Lima em uma embarcação que acabou por virar e eles morreram. Seus filhos, sobreviveram”. O corpo do professor foi encontrado no dia seguinte. Mas não o de Luis Felipe, e por isso, iniciou-se uma busca que durou uma semana.  “Nós o buscávamos no mar e no deserto: formou-se um grupo com integrantes da Marinha e do Exército e durante essa busca vimos que a areia se mexia, eram os bichos, animaizinhos que se protegiam e escapavam”.

E é nessa cena que Gala rendeu homenagem ao fotógrafo Luis Felipe e suas imagens do deserto e do mar – características da paisagem peruana.

 

Os artistas que lembram ‘bichos acrobáticos” / Foto Asa Campos

 

A geografia do Peru é cheia de contrastes e aí reside uma de suas maiores riquezas: o mar vai de encontro ao deserto em sua costa.

Gala buscou olhar essa paisagem, em muitos pontos inóspita, e a formação de um país esculpido no encontro das culturas espanhola, africana e inca.  

 

Despedida no picadeiro

Um dos momentos de emoção ficou a cargo do artista Aladino Chuyan, que tem 61 anos. Ele fez sua última apresentação do número de equilíbrio de cadeiras durante a apresentação de Gala, no domingo 26/10.

 

Aladino Chuyan, 61, e seu número de equilíbrio / Foto Asa Campos

 

Aladino Chuyan se despede do picadeiro; ao lado Fernando Zevallos / Foto Asa Campos

 

 

Como surgiu La Tarumba

“Foi um dia muito especial, 12 de fevereiro de 1984, quando nos juntamos e decidimos fazer de nossos sonhos uma realidade”, afirma Zevallos.

“Nós começamos com uma corneta, nem sequer um trompete, um tambor e um bumbo, não tínhamos mais nada.Trabalhávamos na rua, e quando levantamos a primeira lona, foi muito emocionante. E era como dizer para nós mesmos, nos equivocamos em muitas coisas, mas nisso não. Chegar aos 30 anos e ver que o sonho de uns poucos se transformou no sonho de muitos é gratificante. Por isso, queremos celebrar e nos vestir com Gala”, afirma.

 

Lona do La Tarumba em Arequipa / Foto Asa Campos

 

Estela Paredes, diretora de Produção do La Tarumba, foi uma das fundadoras do La Tarumba. A dança praticada por Estela, que é natural de Arequipa, cruzou com o teatro, arte que colocou em seu caminho Fernando Zevallos, há 31 anos. 

Depois de um ano juntos, nasceu La Tarumba, em 1984, uma proposta teatral que decidiu incorporar outras linguagens, como o circo e a música. Hoje, o La Tarumba é considerado referência para a vida cultural peruana e a arte circense.

Como surgiu o nome

La Tarumba é um nome que Zevallos conheceu ao ler Federico García Lorca (1898-1936), poeta e dramaturgo espanhol. 

Durante a Guerra Civil Espanhola, acrescenta, “muitos latino-americanos foram prestar solidariedade aos combatentes. Entre eles, estava Pablo Neruda (1904-1973). Diante de uma batalha, que tinha um poeta louco como Federico García Lorca com um títere e [o artista gráfico] Miguel Prieto (1907–1956) dando ânimo aos combatentes, Neruda ficou surpreso e disse: “‘Isso é uma tarumba. Isso é uma loucura o que estão fazendo'”. 

Eu creio que La Tarumba nos descreve: uma boa dose de loucura e sonho para acreditar. Tem gente que chama de fé, eu chamo  de loucura [crença no sonho]. La Tarumba é também um nome musical: soa como a música, como a rumba.”

 

A face dos “Tarumbos” de outros países

La Tarumba celebrou a trajetória de 30 anos de um circo que tem identidade peruana. Deu espaço também para que artistas convidados de outros países mostrarem a sua face de “Tarumbos” ao desfilar com suas bandeiras em uma festa com Gala.

 

Maíra Campos e a bandeira do Brasil / Foto Asa Campos

 

Fanny Roux e a bandeira francesa / Foto Asa Campos

 

Giovanni Alcaino e a bandeira chilena / Foto Asa Campos

 

José Henry Caicedo e bandeira colombiana / Foto Asa Campos

 

Almudena Carretero e a bandeira espanhola / Foto Asa Campos

 

Os americanos Caleb Carinci e Renny Spencer / Foto Asa Campos

 

Alejando Malfitani com a bandeira argentina / Foto Asa Campos

 

Ficha técnica de Gala:

Criação e direção: Fernando Zevallos

Concepção e direção musical: Amador “Chebo” Ballumbrosio

Artistas circenses:

Aldo Perales, Aldo Vilacorta, Alejandro Malfitani, Almudena Carretero José Henry Caicedo, Caleb Carincini, Carlos Olivera, Daniel Salinas, Fanny Roux, Fiorella Quinõnes, Francis Ormea, Gary Ordoñes, Giovanni Alcaino, Johnny Marcelo, Maíra Campos, Maribel Ballumbrosio, Renny Spencer, Renzo Tincopa, Victoria Rivas, Yurí Perales

Músicos:

Angiello Anticona, Camilo Ballumbrosio, Camilo Lara, César Ballumbrosio, Clelia Orellana, Iván Vilcachagua, Paulo Polanco, Peter Acevedo, Roberto Ballumbrosio sob o comando de Amador “Chebo” Ballumbrosio

Assistente de direção:

Carlos Oliveira e Johnny Marcelo

Direção de Produção:

Estela Paredes

Equipe equestre:

Fernando Zavallos, Erick Chaman, Caleb Carincini, Aldo Perales e Yuri Perales

Cavalos:

Amuleto, Arlequin, Atrevido, Blas, Cirilo, Colombina, Cordellia, Dona, Hechicero, Kapote, Landó, Leallad, Macondo, Martina, Pierrott, Polichinela, Primavera, Sabina, Sancho, Serrat, Siux, Talismán e Tondero.

 

Leia mais sobre espetáculos do La Tarumba

Clique aqui e e leia a entrevista exclusiva com Fernando Zevallos.

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Clique aqui para ler: A magia do La Tarumba está de volta em “Clásico”

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Postagem – Alyne Albbuquerque

 

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