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Festival Paulista de Circo reúne mais de 30 mil pessoas
Evento contou com 49 espetáculos inéditos, três deles internacionais
Lu Menin, especial para Panis & Circus*
Dois palhaços, Fernando Sampaio (Cia La Mínima e Circo Zanni) e Hugo Possolo (Parlapatões), foram convidados a fazer a curadoria do Festival Paulista de Circo.
O ator, diretor e também palhaço Esio Magalhães, que tem raízes artísticas no circo contemporâneo, foi escolhido para dirigir “Variedades” – o espetáculo de abertura do evento – que homenageou os circos tradicionais.
Essa abordagem audaciosa, que uniu palhaços talentosos, no comando artístico da 8ª edição do festival Paulista – que aconteceu de 27 a 30 de agosto, em Piracicaba (SP) – deu certo. Humor, técnica, beleza e mistura de linguagens circenses fizeram a festa, e o público compareceu em massa: mais de 30 mil pessoas circularam pelo festival.
“O espetáculo de abertura foi histórico, com artistas dos maiores circos itinerantes, como Spacial, Dos Sonhos, Fiesta, Kroner, unidos, para apresentar um espetáculo tradicional, com números de trapézio e do Globo da Morte de tirar o fôlego”, diz Bel Toledo, da Cooperativa Brasileira de Circo e coordenadora do festival.
A curadoria de Hugo Possolo e Fernando Sampaio, acrescenta, trouxe um viés diferenciado e interessante aos espetáculos de palhaços, como os dos mestres Biribinha, de Alagoas; Off-Sina, do Rio de Janeiro; e Pepe Nuñes, de Santa Catarina.
A 8ª edição contou com três lonas – Arrelia, Pimentinha e Piolin – e mais de 200 pessoas entre artistas e técnicos trabalharam no evento. Ao todo foram 45 espetáculos inéditos, três deles internacionais: “Pata de Perros”, do México (que veio para cá graças a uma parceria com a “Palhaçada Geral”, evento dos Parlapatões), a “Cie Bam”, casal da França e Canadá (em parceria com o Sesc), e a Cia. Solta, da França.
Bel Toledo afirma estar satisfeita com o resultado, porque o festival foi realizado com sucesso – apesar da crise que assola o país e de ter operado com o mesmo orçamento de 2012.
As Mulheres Palhaças brilharam com graça: a impagável Rubra, de Lu Lopes, congestionou a bilheteria, e Paola Musati também lotou a Lona Pimentinha.
Érica Stoppel, profissional circense, artista do Circo Zanni e do Piccolo – Circo Teatro de Variedades, gostou do que viu nessa edição do festival: boa organização do espaço e boa logística na produção das montagens dos espetáculos. Apesar da restrição de horário de montagem (devido à quantidade de espetáculos na programação), teve tempo hábil para fazer as passagens técnicas necessárias para espetáculos de grande porte, como é o do Piccolo. “Merece destaque a boa acolhida de um grande e diversificado público no festival”.
Fernando Sampaio afirma que essa edição teve mais “Cabarés”, ou seja, espetáculos que unem vários números com estilos diversos de linguagem do circo, o que é positivo.
Rhena de Faria, palhaça e atriz da Cia. do Quintal, dirigiu um dos cabarés do festival e fez um relato emocionante de sua primeira direção dentro de uma lona de circo. “Um cabaré é como uma obra de música clássica, uma peça com vários movimentos. Então para construir o nosso cabaré foi preciso entender esses movimentos, essa música e estabelecer a melhor ordem entre as entradas. Essa construção foi prazerosa e aconteceu com total engajamento do elenco. Os números foram costurados a oito cabeças, com os artistas dando ideias, ajudando a resolver os problemas coletivamente e isto foi muito bonito.”
Rhena de Faria acrescenta que “O Excêntrico Cabaré das Seis Badaladas”, apresentado na Lona Arrelia, “teve como mote o próprio horário em que ele estava marcado: às 18 horas. O cabaré foi inspirado neste horário que é, ao mesmo tempo, melancólico e misterioso, porque divide o dia da noite. A apresentação foi linda, com a lona lotada, os artistas afinados, a equipe técnica entrosada e a plateia feliz. A experiência da lona foi mágica e poética”.
Participei do festival apresentando o espetáculo “Na Estrada”, com o Circo Amarillo, público maravilhoso e muito boa organização do local; apresentamos no espaço externo das lonas.
O festival é uma produção da Associação Paulista das Artes, em parceria com a Prefeitura de Piracicaba e Cooperativa Brasileira de Circo, e realização da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo.
Vida longa ao Festival Paulista. E que ele seja cada vez mais um espaço de comunicação e transmissão dessa arte que faz parte das nossas vidas.
* Com a colaboração Da Redação